Que Espanha vem dominando, nos últimos anos, o Mundial de Motociclismo já não é novidade. Afinal de contas, falamos de um país que festejou o título na classe rainha em quatro dos últimos cinco campeonatos: dois por Jorge Lorenzo, dois por Marc Marquez. Pelo meio, em 2011, foi o australiano Casey Stoner a vencer.

O dado ganha relevo porque, até ao primeiro título de Lorenzo, em 2010, Espanha só tinha tido um campeão do mundo em cerca de 60 anos de história do campeonato. Foi Alex Crivillé, em 1999.

Nas outras classes, de resto, o domínio também é evidente. Analisando o mesmo período no Moto2, o resultado é tirado a papel químico: quatro títulos em cinco anos. No Moto3, idem aspas.

A novidade este ano, o segundo consecutivo com três espanhóis campeões, está, contudo, no apelido. Dois deles são Marquez e não há qualquer coincidência: são irmãos.

Alex Márquez conquistou, este domingo, o título mundial no Moto3, juntando-se ao irmão Marc, bicampeão do MotoGP, e a Esteve Rabat, que venceu no Moto2.



Esta é a primeira vez na história do campeonato que dois irmãos se sagram campeões do mundo. E nem se pode dizer que seja tão raro quanto isso a presença de laços familiares tão fortes no motociclismo. Aliás, atualmente, na categoria rainha há dois irmãos a competir: Pol e Aleix Espargaró. São espanhóis, claro está.

O mais novo dos Marquez, Alex, tem 18 anos. Marc, na verdade, não é muito mais velho, pois tem 21. O desafio de Alex é, agora, tentar deixar a sombra de Marc o que não se avizinha tarefa fácil.

Para já, venceu o título no Moto3, algo que Marc fez em 2010. Curiosidade: para ambos a glória chegou à terceira tentativa ( saiba mais sobre a carreira de Marc Marquez).

Marc deu, depois, o salto para o Moto2, a classe intermédia, patamar a que Alex também está destinado já em 2015. Em dois anos, o mais velho chegou ao título novamente, antes de se mudar para o MotoGP e explodir definitivamente: é bicampeão, o mais jovem de sempre, e, em Valência, no domingo, venceu a 13ª corrida do ano, batendo o recorde de Mick Doohan que vigorava desde 1997.

Superar o irmão não será, por isso, tarefa nada fácil para Alex Marquez, embora, tal como no primeiro caso, o futuro pareça risonho. Não é, portanto, descabido pensar que em poucos anos as corridas do MotoGP possam dar o passo à frente: de discutidas apenas por espanhóis a discutidas por espanhóis…irmãos.

O que fizeram outros irmãos no MotoGP?

O sucesso dos Marquez obriga a pesquisar os arquivos do campeonato e tentar encontrar outros vencedores do mesmo sangue. De facto, como se disse, nunca antes dois irmãos tinham sido campeões no mesmo ano, como nunca antes dois irmãos tinham vencido corridas no mesmo fim-de-semana, algo que aconteceu este ano em Barcelona.

Mas não significa que não tenha havido parelhas de sucesso. Outros sucessos. Juan e Eduardo Salatino, por exemplo, foram o s primeiros a partilhar um pódio no MotoGP. Foi em 1962, no seu GP «de casa», na Argentina.

Na altura ambos foram segundo e terceiro. Contudo falharam um outro teste: vencerem, ambos, pelo menos uma corrida. Esse dado ficou para os franceses Christian e Dominique Sarron na década de 80.

Por fim, o registo familiar mais impressionante que vem do Japão. Se dois irmãos festejarem parece difícil, o que dizer de três? Foi o caso dos «Fireball Brothers».

Nobuatsu Aoki, o mais velho, venceu, em 1993, o GP da Malásia. O seu irmão Haruchika Aoki venceu várias corridas no Moto3, nos anos de 1995 e 1996. O mais novo, Takuma Aoki nunca conseguiu uma vitória, mas subiu, várias vezes ao pódio na classe rainha, em 1997.