Três triunfos consecutivos, média de três golos por jogo. O Vitória lança-se em grande à liderança da Liga, na qual dorme nesta noite de sábado. Os minhotos chegaram ao Restelo em igualdade pontual com os lisboetas, mas foram muito melhor equipa, interpretaram melhor as incidências que a partida deu e e bateram uns azuis que não aprenderam nada em relação ao que aconteceu na semana passada, no mesmo estádio.

Houve um jogo antes da expulsão de Nii Plange e outro depois. Normalmente, assim acontece quando uma equipa fica reduzida a dez unidades. Até esse minuto 21, a disputa pela liderança do campeonato foi boa, ritmada, com lances nas duas áreas. Num canto, André André atirou à trave, num vislumbre do que vinha lá para a frente; do outro lado, Miguel Rosa deixava Dantas na cara de Douglas, com o médio a desperdiçar.

Depois, a expulsão. O Vitória protestou a cor do cartão, enquanto o Belenenses ficou com mais uma unidade. Não era uma novidade para a equipa de Lito Vidigal. Tinha acontecido o mesmo uma semana antes, com o Nacional. Estranhamente, porém, o Belém perdeu o controlo do jogo outra vez. O Vitória organizou-se em 4x4x1 e os lisboetas nunca souberam rasgar as linhas adversárias. Miguel Rosa bem tentou, mas as más decisões atrás, sobretudo, voltaram a surgir e o Vitória conseguiu chegar mais vezes do que se suponha à frente.

Ora, até aí, outra coisa já se tinha percebido também. O Belenenses sofria com as bolas paradas do Vitória. Seria uma constante no jogo, seria o fator que determinou o resultado final. Matt Jones ainda evitou o 1-0 num primeiro remate de Hernâni, de fora da área; colocou na barra o cabeceamento de Defendi no canto consequente, mas não evitou a recarga de André André. Com menos um, os vimaranenses sorriam e fechavam punhos. O jogo acabara de ficar bastante baralhado com uma equipa em inferioridade numérica, mas em vantagem no marcador.

O Vitória defendeu a liderança como se tratasse do castelo de Guimarães, fechou-se bem e, estrategicamente, fez das bolas paradas as ocasiões para ferir o rival do fim de semana. Novo canto e Cafú a obrigar Matt Jones, de novo, a grande defesa. Exatamente como no 1-0, no canto consequente, Tomané fez o 2-0 e derrotou o Belenenses.

Os lisboetas nunca mais entraram no jogo. Nem mesmo com as trocas de Lito Vidigal. Miguel Rosa desapareceu aos poucos, Dantas só voltou a surgir perto do final, Camará nunca esteve verdadeiramente na partida. Havia ainda Matt Jones, que para terminar uma má tarde do Belenenses colocou dentro da baliza um livre de Alex.

Enfim, o Vitória colocou a nu muitas das dificuldades que o Belenenses tem. Frente ao Nacional, elas tinham surgido, mas foram disfarçadas com uma bomba de Fredy. Desta feita, nem Fredy, nem Mailó, nem Rosa, nem Deyverson valeram. Razão para Lito Vidigal, que pôs travão à euforia e tem lembrado as dificuldades da época passada. E elas estão ao virar da esquina, se o Belenenses continuar a desperdiçar vantagens numéricas, ainda para mais em casa.

Quanto ao Vitória: sólido que nem uma muralha na defesa, letal no ataque. Há ali muita rapidez em Hernâni, Alex e Bernard. Mas convém referir que André André é, também ele, um pilar. Talvez o principal, que cola toda uma estrutura que parece saber bem o que faz em campo e mostra níveis de eficácia impressionantes.

O Vitória já não fazia três triunfos seguidos nas três jornadas inaugurais desde 2002/03. Nesse ano, ficou em lugar europeu. Talvez seja cedo para uma candidatura, mas também há coisas que não acontecem por acaso, como ser organizado em todos os momentos do jogo (foi aqui, pelo menos) e ter um plano para todos eles. O triunfo passou por aí.