A figura: André André

Primeiro atirou à barra, depois atirou para golo. O capitão do Vitória foi muito mais do que dois lances no Restelo. Foi, por exemplo, um líder. Do meio-campo partiu para a conquista dos três pontos, com mangas arregaçadas e sempre num nível de intensidade altíssimo: pode ter havido alguém que tenha jogado no mesmo patamar, mas nunca acima de André André. O camisola 11 deu sempre uma linha de passe aos colegas e após a equipa ficar com dez unidades, foi aquele que melhor interpretou o 4x4x1 em que Rui Vitória colocou a equipa. Depois, não parece, mas nas bolas paradas é um perigo. Como se disse, atirou uma barra e noutra marcou um golo que inverteu toda a probabilidade da partida no momento.

O momento: minuto 38

O Vitória já vencia, é verdade, mas quando chegou o 2-0 percebeu-se tudo. O Belenenses tinha um problema com as bolas paradas, os vimaranenses eram não só melhor equipa, como garantiam, ali, no cabeceamento de Tomané, os três pontos e a liderança.

Outros destaques

Bernard

Começou no apoio a Tomané, no 4x2x3x1 do Vitória, acabou ao lado de André André. Ter recuado no terreno não lhe causou nenhum problema. Bernard adaptou-se perfeitamente às exigências do jogo e, ainda que não tenha sido figura maior como na jornada anterior, foi, sem dúvida, um ator muito importante na estratégia que Rui Vitória montou após a expulsou de Plange. Entre ele e André André não passou quase nada. Mostrou ainda bons pormenores técnicos, mais uma vez.

Alex

Apontou um golo e esteve nos outros dois. Explica-se facilmente esses dados: é um dos marcadores de bolas paradas do Vitória. Bateu o canto do 1-0, bateu o canto do 2-0 e marcou, ele próprio, o 3-0, num lance em que deixou Matt Jones a fazer má figura. Curiosamente, sobressaiu mais quando a equipa ficou com dez unidades. Porque defendeu bem o flanco, ajudou a tapar espaços e depois soube sair rápido, como era necessário.

Cafú

Poucas, mas boas palavras para Cafú. Foi ele que teve de passar para lateral-direito depois do vermelho a Nii Plange. Pela frente, teve Miguel Rosa durante uma grande parte do tempo. Demorou um pouco a adaptar-se, mas acabou o jogo com o dever cumprido. Parecia que jogava naquela linha defensiva desde sempre.

Miguel Rosa

Nenhum homem é uma ilha, mas Miguel Rosa quase que o foi no ataque do Belenenses, nesta partida. À direita, Camará era um corpo, apenas; ao meio, Tiago Silva só conseguia rasgar a defesa quando tinha espaço e tempo para isso. Deyverson lá andava a lutar com os centrais. Por isso, era o camisola 7, mais uma vez, o dinamizador da ofensiva do Belenenses. Deixou Rodrigo Dantas na cara do golo, expulsou Plange. Viu um amarelo quando teve de vir atrás, defender. Na segunda parte, baixou de rendimento, talvez por causa dos minutos que passavam e pelo terceiro golo do Vitória.