A rota do dinheiro estrangeiro no futebol europeu
Inter foi o mais recente grande a mudar para as mãos de um magnata asiático
O Inter também será estrangeiro. Mais um clube de topo a aderir à tendência que se vai generalizando em alguns dos maiores campeonatos do futebol europeu, a aquisição dos clubes por magnatas estrangeiros. Russos, árabes, malaios ou indonésios, como no caso do Inter, eles estão por todo o lado. O Maisfutebol fez um levantamento dos donos estrangeiros dos clubes de I Divisão nas principais Ligas. Quem manda neste campeonato é, obviamente, a Premier League. Nesta altura, mais de metade dos clubes do principal escalão inglês estão nas mãos de capital estrangeiro. Na lista abaixo vai poder ver quais, e quem são os donos. Nenhum dos clubes de topo é propriedade britânica. Manchester United, Arsenal, Chelsea, Manchester City, Liverpool. A história só muda se incluirmos o Tottenham neste conceito de clube grande. Nesse caso sim, porque o clube treinado por André Villas-Boas está nas mãos da empresa Enic, cujo principal acionista é Joe Lewis, milionário britânico, ainda que viva nas Bahamas. Alguns desses donos entraram com estrondo, dispostos a gastar milhões. Foi assim com Roman Abramovich no Chelsea, o primeiro novo-rico a investir a rodos no futebol, foi assim com os donos árabes do Manchester City, também com o PSG e os petrodólares do Qatar. E em 2013 o verão do futebol foi abalado por um novo protagonista Dmitri Rybolovlev, magnata russo disposto a fazer do Mónaco um dos grandes da Europa, à custa de muito dinheiro. Gastou, estima-se, mais de 160 milhões de euros em reforços : Falcao, João Moutinho, James Rodriguez, Abidal, Ricardo Carvalho, entre muitos outros. O traço comum a todos é o dinheiro. Muitos destes nomes aparecem regularmente nas listas dos mais ricos da Forbes. Têm muito dinheiro e estão dispostos a gastá-lo, sem precisarem de retorno imediato. O fenómeno levanta questões sérias sobre igualdade e equilíbrio entre clubes, a que a UEFA tenta responder definindo regras de fair play financeiro que pretendem levar os clubes a equilibrar gastos e receitas. Levanta muitas outras questões, como o facto de haver quem seja dono de mais que um clube. O italiano Giampaolo Pozzo, por exemplo, tem interesses na Udinese, mas também no Granada ou nos ingleses do Watford. O facto é que os novos-ricos do futebol não desistem e continuam a apresentar argumentos fortes. Dinheiro, lá está. Agora aderiu à nova tendência o Inter, rompendo com o modelo tradicional do futebol italiano, de propriedade familiar dos clubes. Há uma grande exceção a esta tendência. A Bundesliga, blindada por um princípio que estipula que os clubes têm de ser detidos em pelo menos 50 por cento pelo próprio clube/adeptos. As únicas exceções são clubes que têm origem em empresas, dos quais os mais emblemáticos são o Wolfsburgo ou o Bayer Leverkusen. Em Portugal, onde a lei também define um mínimo de ações para o clube mas abre caminho a várias soluções, ainda não aconteceu um clube de topo ficar nas mãos de um investidor estrangeiro. Ainda que recorram a outros meios de financiamento, como por exemplo os fundos que investem em passes de jogadores. Para já, no entanto, tanto FC Porto como Benfica e Sporting mantêm a maioria do capital das sociedades que gerem o seu futebol. Na lista abaixo também pode ver, de acordo com as últimas informações, a estrutura acionista dos grandes de Portugal.Clubes em mãos estrangeiras nas grandes LigasInglaterraArsenal: Stan Kroenke, norte-americano, 66,83 por cento; empresário na área de imobiliário, casado com uma das herdeiras do Wal-Mart; é também dono dos Denver Nuggets (NBA), Colorado Rapids (MLS), Colorado Avalanche (NHL) e St Louis Rams (NFL, em nome do filho). Alisher Usmanov, uzbeque, investidor na área de metais preciosos, media e várias outras. Farhad Moshiri, iraniano/britânico, têm mais 29,99 por centoAston Villa: Randy Lerner, norte-americanoCardiff City: Vincent Tan, malaio, várias atividades que vão do imobiliário ao turismo, passando pelo jogoChelsea: Roman Abramovich, russo, fortuna que começou no petróleo e se diversificou para várias áreasFulham: Shahid Khan, paquistanês com cidadania norte-americana, também dono dos Jacksonville Jaguars, da NFL; comprou o clube ao egípcio Mohamed Al-Fayed, que em 1997 se tinha tornado um dos primeiros donos estrangeiros de um clube com dimensão europeia.Hull City: Assem Allan, de nacionalidade britânica mas origem egípcia, industrialLiverpool: John W. Henry, norte-americano, igualmente dono dos Boston Red Sox e também do jornal Boston Globe, atividade na área do investimento financeiroManchester City: Mansour bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, sheik dos Emiratos Árabes Unidos, atividade principal na área do petróleoManchester United: Malcolm Glazer, norte-americano, igualmente dono dos Tampa Bay Buccaneers (NFL); investimentos na área imobiliária e em várias companhias com atividades muito diversas.Southampton: Katharina Liebherr, filha e herdeira do suíço Markus Liebherr, que comprou o clube em 2009 e viria a falecer de forma súbita no ano seguinte.Sunderland: Ellis Short, norte-americano, atividade na área financeiraSwansea: a propriedade está dividida, sendo a maior parte. O galês Martin Morgan detém 22,5 por cento, mas o empresário de origem sul-africana tem 20 por cento. Por curiosidade, 20 por cento estão também nas mãos de um grupo de adeptos, a Swansea City Supporters Society LtdEspanhaGranada: Giampaolo Pozzo. Itália. Empresário que é igualmente proprietário da Udinese, em Itália, e do Watford, em Inglaterra.Málaga: Abdullah ben Nasser Al-Thani, Qatar. Membro da família real do Qatar e empresário, com ligações a vários ramosFrançaPSG: Qatar Investment Authority, cujo rosto é Nasser Al-Khelaifi, homem de negócios e, entre outras coisas, igualmente diretor da Al Jazeera e do canal BeIn SportsMónaco: Dmitri Rybolovlev (Rússia) Empresário, com actividades que vão dos ferilizantes ao imobiliárioEvian: Esfandiar Bakhtiar (Líbano/Suíça), homem de negócios e sobrinho de de Shapour Bakhtiar, antigo primeiro-ministro do IrãoNantes: Waldemar Kita (França/Polónia). EmpresárioItáliaInter: Erick Thohir (Indonésia), junto com outros dois homens de negócios indonésios (Rosan Roeslani e Handy Soetedjo) chegaram a acordo com Massimo Moratti para comprar 70 por cento do clube. Thohir é também co-proprietário do DC United, da Liga norte-americana, e dos Philadelphia 76ers (NBA).
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