At. Bilbao: as saudades de Herrera não podem explicar tudo
A fórmula perdida depois da festa
Ponto forte: pressão em blocoO Athletic conserva uma característica que já apresentava nos tempos em que era orientado por Marcelo Bielsa: a forma como sabe ler os momentos em que pode pressionar em bloco e assim condicionar a saída do adversário logo no início da construção dos ataques. Não o faz com a mesma intensidade que era pedida pelo técnico argentino, agora no Marselha, mas continua a ser uma marca bem vincada na identidade da equipa [veja a imagem A da galeria acima apresentada].
Ponto fraco: dinâmica ofensivaA saída de Ander Herrera teve um efeito (quiçá) maior do que esperado, sobretudo no que diz respeito à dinâmica ofensiva da equipa. O valor do médio é indiscutível, e por isso o Manchester United pagou os 36 milhões de euros da cláusula de rescisão, mas o Athletic parecia ter opções, até já no plantel, capazes de partilhar a responsabilidade de colmatar a ausência de Herrera. A resposta não tem sido a melhor, contudo, e ainda que os problemas não se possam associar apenas a esta saída, a verdade é que o reduzido caudal ofensivo que a equipa tem produzido está muito associado à dinâmica do tridente de meio-campo. Ernesto Valverde tem invertido o triângulo da zona central várias vezes (de 1 2 para 2 1 ou vice-versa), mas sem grandes melhorias. O Athletic tem apenas dez golos marcados em doze jogos, e quatro deles de bola parada. Muito pouco.
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A figura: AdurizO ponta de lança de 33 anos é muito regular, a ponto de ter terminado as duas últimas épocas com o mesmo número de golos: dezoito. Na presente temporada já leva seis tentos, que correspondem a mais de metade do total da equipa (dez). Não é muito rápido, mas isso não impede que se movimente muito na frente de ataque. É muito inteligente sobretudo na forma como se movimenta na área. Iker Munian é, em termos absolutos, o jogador mais valioso deste Athletic, mas a verdade é que Aduriz tem sido o elemento mais próximo do seu verdadeiro nível, esta época.
Onze base:
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GORKA IRAIZOZ: experiente, de 33 anos, é um guarda-redes sólido, que tem evitado males maiores esta época, apesar do erro cometido em Vallecas.
ÓSCAR DE MARCOS: médio ofensivo muito influente no reinado de Marcelo Bielsa, com Ernesto Valverde tem sido utilizado com muita regularidade a lateral direito, mesmo com 0 10 nas costas. Esta época sempre que foi titular apareceu nessa posição, de resto, na qual revela preponderância ofensiva (duas assistências), mas também muitos problemas de posicionamento.
GURPEGI: médio defensivo de raiz, com Bielsa começou a ser recuado para central em algumas ocasiões, e com Valverde fixou-se nessa posição. Capitão de equipa, já com 34 anos, tem elevado sentido posicional mas muitas dificuldades no 1x1, perante avançados mais móveis.
LAPORTE: deu continuidade à herança francesa deixada por Lizarazu, embora não seja basco, ao contrário do antigo lateral esquerdo. Também esquerdino, é um central de apenas 20 anos, com enorme potencial. Partilha com Iturraspe a tarefa de iniciar as jogadas de ataque, e muitas vezes recorre ao passe longo, cruzado, para a meia-direita.
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BALENZIAGA: lateral esquerdo de apenas 26 anos mas pouco dinâmico. Arrisca pouco ofensivamente para acautelar a missão defensiva, mas ainda assim sente muitas dificuldades perante opositores mais rápidos ou tecnicamente evoluídos. Disputou a totalidade dos doze jogos disputados pelo Athletic até ao momento.
ITURRASPE: é o médio mais posicional da equipa, destacando-se sobretudo pelo sentido tático que oferece à equipa. Pouco agressivo mas inteligente a ocupar os espaços, falta-lhe ser mais influente no início da construção dos ataques. Elemento imprescindível para Valverde, só falhou onze minutos de competição esta época.
MIKEL RICO: médio de 29 anos que funciona como um «box to box», alternando entre uma posição próxima de Iturraspe, formando um «duplo pivot», ou aparecendo em zonas mais adiantadas.
BEÑAT: com a saída de Herrera a batuta ficou nas suas mãos (ou nos seus pés), mas o médio tem estado aquém do esperado. Muito dinâmico, está sempre à procura da bola, e tem uma capacidade acima da média ao nível do passe longo, mas isso não está a ser suficiente para assumir a organização de jogo da equipa.
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SUSAETA: extremo direito muito vertical, que gosta de jogar colado à linha e partir para cima do adversário. Influente também na marcação de lances de bola parada.
IKER MUNIAIN: um pequeno grande talento que pode desempenhar qualquer função nas costas do ponta de lança. Tem sido utilizado mais regularmente na esquerda, mas pode perfeitamente alinhar do lado oposto, embora sempre à procura de criar desequilíbrios em zonas interiores. Muitas vezes o plano B de Ernesto Valverde começa precisamente por colocar Muniain a «10», para assumir a condução dos ataques da equipa.
Outras opções:
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Análise detalhada:O fantástico quarto lugar alcançado na edição 2013/14 da Liga espanhola abriu as portas do regresso à Liga dos Campeões, dezasseis anos depois. Um regresso consumado de forma empolgante, num «playoff» com o Nápoles que abriu da melhor maneira a nova época, mas que não teve depois sequência: em doze jogos disputados soma apenas duas vitórias (quatro empates e seis derrotas). A equipa parece estar a ressentir-se dessa dupla exigência que é a Liga espanhola e a Liga dos Campeões, até pelas históricas condicionantes na definição do plantel (composto apenas por jogadores do País Basco ou formados em clubes desta região), ainda que a «cantera» do Athletic vá respondendo em boa medida às necessidades.
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