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Anatomia  |  

Dasaev: uma cortina de ferro no último Mundial romântico

Anatomia de uma Defesa.

Desaev, Dasayev ou Dasaev. Já o viram escrito de diversas formas, mas, grafias à parte, Rinat Faezrakhmanovich Dasaev (fiquemos assim!) é, sem dúvida, o melhor guarda-redes de toda a década 80.

É verdade que o alemão Harald Schumacher, o espanhol Luis Miguel Arconada e, sobretudo, o belga Jean-Marie Pfaff apresentaram os seus argumentos, mas o miúdo que nasceu para o jogo no Volgar Astrakhan foi o mais constante, rivalizando com o mítico Lev Iashin na luta eterna pelo estatuto de melhor keeper soviético de todos os tempos.

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Afirma-se no Spartak, pisa os relvados de três Campeonatos do Mundo, de 1982 a 1990. Está no Europeu de 1988 – o tal da «bomba» de Marco van Basten, que o deixa a cambalear quase apenas com a força do vento – e nos Jogos Olímpicos de Moscovo, que termina com o bronze ao pescoço.

É talvez no último dos Mundiais românticos, em Espanha, que Dasaev mostra tudo o que é. Uma «cortina de ferro», como lhe chamam, fria, intransponível. Um guarda-redes de classe ímpar, um pioneiro entre os postes.

22 de junho de 1982 é o dia do tudo ou nada para a Escócia. Seguir em frente é sinónimo de bater a União Soviética, em Málaga. Num jogo frenético, o 2-2 faz pairar a ameaça sobre Desaev e os compatriotas até ao último segundo. A maior vem da direita, com a bola bombeada, ao jeito britânico, para a zona do primeiro poste. Joe Jordan, que tinha marcado o primeiro e festejado com Graeme Souness (esse, exatamente) o segundo a quatro minutos dos 90, cabeceia de cima para a baixo.

Dasaev é um líder. Domina a área de uma ponta a outra. Sai a cruzamentos até onde estes caírem. É fantástico pelo ar, numa altura em que os aventureiros eram em bem menor número do que hoje. É também o primeiro dos atacantes, pela forma como muitas vezes coloca a bola com as mãos para o contra-ataque. No entanto, é sobretudo entre os postes que se destaca. Elegante, ágil, felino, imperturbável.

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O tempo pára nesse momento em que Jordan espreita o golo por entre os olhos meio fechados. Dasaev voa, de cima para baixo, como um gato que é capaz de dar uma volta completa no ar. É um Gordon Banks encarnado, o daquele monumento perante Pelé, e, com a ponta dos dedos, desvia a bola para canto. Inacreditável.

A União Soviética apura-se, mas não irá longe. A União Soviética de Dasaev não ganhará nada, mas o guardião continua gigante, enorme, até aquele pontapé de Van Basten. Segue-se Sevilha, mais um punhado de grandes intervenções, o Mundial de 90 e o adeus aos relvados. O futebol não voltou a ter tanta classe nas balizas.

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