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Benfica em Moscovo: dos jeans rotos a São Bento

Jogo dos encarnados na União Soviética em 1977 teve dois protagonistas, um dentro, outro fora de campo

RedaçãoLPF

O Benfica vai defrontar o Spartak em Moscovo onde jogou pela primeira vez em setembro de 1977. Dia 28 desse ano, para se ser mais exato. Na Taça dos Campeões Europeus, os encarnados tiveram de defrontar o Torpedo de Moscovo. Na Luz, 0-0. No aeroporto, antes da partida, Vítor Batista deixava o treinador de cabelos em pé. O avançado apareceu de calças de ganga (muito) usadas e de sandálias.

«O Mortimore já não o queria deixar embarcar, tive de ir lá pedir-lhe para mudar de ideias», contou Toni, então capitão, ao Maisfutebol, um depoimento registado no livro Sport Europa e Benfica.

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Em Moscovo, o comportamento de «o maior» ainda complicou mais a vida. «De calções?! A queixar-se de uma rotura e a treinar de calções com este frio? Isto não ai acabar bem.» As palavras são de Shéu.

Vítor Batista era a grande arma encarnada para aquele jogo na União Soviética. Mas, claro, não ficou disponível para um encontro que decorreu perante o olhar de milhares de militares.

Assim, fé no 0-0 e em «São» Bento, que mais tarde viria a ter uma memorável jornada na cidade, mas com as cores da seleção.

O Benfica aguentou o frio e o nulo até aos penalties. Manuel Galrinho Bento defendera tudo até então. Mas faltavam as penalidades.

Pietra, hoje adjunto de Jesus, marcou o primeiro penalty; Bento defendeu depois; José Luís fez o 2-0 e Nikonov desperdiçou; Chalana para o 3-0 e Belenkov reduziu para 3-1. Mais um golo e o Benfica passava. Quem bateu foi Bento.

«Essa é uma eliminatória que, tanto na Luz como lá, me correu bastante bem. Também ficou marcada pelos incidentes com o Vítor Batista, mas esse foi um caso específico porque o Vítor já não andava bem. Sabíamos algumas coisas, mas só depois descobrimos a vida que ele fazia. O Vítor era uma jóia de homem, um moço espetacular. E era inegável o seu grande valor, eu sempre disse que, como ponta de lança, depois do Eusébio, era o Vítor Batista. Só que começou a entrar por caminhos esquisitos, a dizer e a fazer coisas sem nexo. Em aguns jogos, achava que não devia jogar e não jogava mesmo. Depois, decidia ir para o aeroporto descalço ou com as calças rotas e ia assim. Começou a criar uma série de problemas, para ele e para nós, que precisávamos dele. Nesse jogo lá, aguentámos o 0-0 e vieram os penalties. Eu já os marcava em torneios e o Mortimore apostou em mim para marcar um dos cinco. Defendi os dois primeiros, estávamos à vontade, e fui marcar o meu, com muita confiança. O meu colega do Torpedo ainda tentou arranjar confusão com o árbitro, porque entendia que o guarda-redes não podia marcar. Mas marquei mesmo!»

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Bento marcou mesmo e tornou-se no primeiro guarda-redes do Benfica a resolver uma eliminatória na baliza contrária.

Eis os onzes:

Torpedo: Zarapin; Prigoda, Khudiev, Zhupikov e Buturlakim; Petrenko (Sutchilin, 91), Sakharov (Belenkov, 91), Yurine e Filatov; Grishin e Nikonov

Benfica: Bento; António Bastos Lopes, Humberto Coelho, Eurico e Alberto Bastos Lopes; Pietra, Toni, Vítor Martins (Shéu, 58) (Mário Wilson, 119) e José Luís; Nené e Chalana

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