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Breve reflexão sobre a época feliz do FC Porto (sim, leu bem)

Nesta altura baixo-me para evitar os olhares fulminantes de dois terços dos dez leitores que me seguem: precisamente os seis vírgula seis leitores que não são da minha família.   Mas tenham calma, meus caros. Deixem-me pelo menos argumentar porque acho que a época já é feliz.   Vivemos uma época estranha, não é? Uma época de evoluções e revoluções: sociais, culturais, mediáticas e até desportivas. Os dias tornaram-se vorazes e o tempo precioso. A própria realidade, enfim, muda a uma velocidade vertiginosa.   A época do FC Porto na Liga dos Campeões foi brilhante: à exceção da primeira parte do jogo em Munique, foi de facto brilhante.   Poderão aqueles 45 minutos de Munique desonrar tudo o resto? Não sei. O que sei é que não embaciam o que ficou para trás. Aconteceu, e o mundo viu-o.   Ora ser visto pelo mundo é cada vez mais o que interessa.   Não tenho dúvidas que a Liga dos Campeões era esta época prioritária para o FC Porto: por isso Lopetegui apostou sempre na competição. Não me lembro de ver o espanhol poupar um jogador na Europa. Era a aposta, ponto final.   Ora era a este ponto que queria chegar: não acredito que tenha sido por acaso. No fundo, e muito claramente, a Liga dos Campeões é o futuro.   Como disse há uns tempos Carlos Queiroz, está próximo o dia em que será impossível convencer um adepto que o FC Porto-V. Setúbal ou que o FC Porto-Gil Vicente é que é bom, quando todas as semanas o mesmo adepto vê verdadeiros all-star com os melhores do mundo: um FC Porto-Real Madrid ou um FC Porto-Arsenal, por exemplo.   Mas há mais, claro.   Para um adepto do FC Porto da nossa geração, não há alegria maior do que uma vitória sobre o Benfica. Mas será que vai ser sempre assim?   Um miúdo de nove anos conhece porventura melhor o Messi do que o Jonas, e sabe tudo sobre o Chelsea ou do Atlético Madrid. O futebol dele não é o português, é o futebol europeu.  Os grandes craques e as grandes equipas. Sobre os quais existem milhares de notícias e de anúncios de publicidade.   Esse miúdo de nove anos vai crescer e atrás dele vão chegar novos miúdos de nove anos. Cada vez mais viciados na globalização da informação.   O futebol português, como o futebol holandês, italiano ou francês, vai cair na segunda divisão. Nessa altura o que interessa é a Liga dos Campeões.   O caminho, não tenho dúvidas, é uma liga europeia. Ao jeito, por exemplo, da NBA: uma prova com os melhores jogadores, os melhores jogos e os melhores patrocinadores. A ideia anda aí e, voltando ao início, a realidade muda a uma velocidade vertiginosa. Qualquer dia não é só uma ideia.   Por isso apostar na Liga dos Campeões é apostar no futuro. 

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Apostar forte na Liga dos Campeões significa apostar na divulgação do clube. Gerar mais simpatia, conquistar novos mercados e internacionalizar a marca.   O mercado português é curto para sustentar um clube de topo europeu.   É preciso encontrar novos públicos que comprem camisolas e bilhetes, mas sobretudo que gerem audiências: para o clube, para a marca e para os patrocinadores. É um caminho longo que é preciso percorrer.   Claro que a internacionalização traz inconvenientes.   Não gera adeptos, gera consumidores: podem ter simpatia, mas não têm paixão. O que lhes falta em amor, aliás, sobra-lhe em exigência. No dia em que não estiverem contentes com o produto, mudam. Mas esse é o preço a pagar.

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Importante é aumentar o auditório.   A carreira na Liga dos Campeões foi robusta. Colocou a equipa entre as oito melhores da Europa e tornou-a viral quando atropelou o Bayern. Permitiu somar 23 milhões de euros, mas sobretudo produzir audiência, e simpatia.

Numa altura em que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior, torna-se precioso não descolar do pelotão da frente. O FC Porto é hoje mais equipa da primeira divisão europeia do que era no início da época.   Claro que todo este discurso pode parecer ridículo se o FC Porto perder na Luz. A perceção do público em geral, e dos portistas em particular, é que a equipa não ganhou nenhum título. O que no Dragão significa um rotundo fracasso.

Mas para mim, este foi o ano em que o FC Porto antecipou o futuro. Foi um ano feliz, portanto.   Box-to-box» é um espaço de opinião de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreve aqui às sexta-feiras de quinze em quinze dia

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