Chicotadas: José Mota sai mas isto deixou de ser banal
José Mota sentiu o impacto da primeira chicotada psicológica da temporada 2013/04. O treinador chegou a acordo com o V. Setúbal para a rescisão de contrato entre as partes.
Termina assim uma ligação com vinte meses, ao longo de três temporadas. A formação sadina dobra a jornada na 14ª posição, após quatro golos encaixados no reduto do Sporting (4-0). Tem a pior defesa da competição, 17 tentos sofridos em 7 jornadas, registo que abafa um ataque interessante, com 10 golos marcados.
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Aos 49 anos, José Mota deixa o Estádio do Bonfim. Apenas uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Tudo começou na receção ao F.C. Porto, na primeira jornada (1-3). No final do encontro, Paulo Fonseca trocou «banalidades» com o seu adversário de ocasião.
«Em tom de brincadeira e com respeito, não me lembro de ter defrontado uma equipa do José Mota e que ele não tenha reclamado depois do jogo. Começa a ser banal», atirou o técnico portista, levando resposta de José Mota: «Não vou falar de arbitragens, já é banal. Se calhar, quando ele estava noutros clubes tinha uma reação diferente. Quando estamos de barriguinha cheia, não olhamos para o vizinho que passa fome.»
O tema agora é outro mas o conceito adequa-se. O chicote voltou a estalar na Liga mas isto deixou de ser banal. Aliás, esperar pela sétima jornada é quase um feito para os dirigentes portugueses. A crise económica faz-se sentir, já que os treinadores raramente saem de graça.
Olhemos para as últimas cinco temporadas. Em 2008, António Conceição abandonou o Trofense à terceira jornada, a mesma que abriu caminho, na época seguinte, para o divórcio entre Ulisses Morais e a Naval 1º de Maio.
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Em 2010, Mitchell Van der Gaag iniciou a marcha de treinadores ao sair do Marítimo, à quarta jornada. Ele que, já este ano, foi forçado a afastar-se do comando técnico do Belenenses por motivos de saúde. De qualquer forma, continua ligado ao clube e a exercer oficialmente funções.
Manuel Machado e o Vitória de Guimarães fizeram algo extraordinário na época seguinte, com uma separação após a jornada inaugural da competição. Por fim, em 2012/13, seria o Sporting a abraçar uma política questionável, afastando Ricardo Sá Pinto após a quinta jornada da Liga.
Ou seja, as chicotadas costumam fazer-se sentir mais cedo. Aliás, à sétima jornada é habitual já terem sido despedidos, pelo menos, dois treinadores. Desta vez, e com alguns nomes a tremer nos bancos de suplentes, não se caiu ainda nessa banalidade.
José Mota, que fora oficializado no V. Setúbal a 14 de fevereiro de 2012, abandona por comum acordo a 7 de outubro de 2013. O treinador tem um largo historial na Liga, com uma ligação extensa ao Paços de Ferreira, interrompida por uma passagem pelo Santa Clara e posterior regresso.
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Em 2008, o antigo jogador assumiu o comando do Leixões, seguindo-se o Belenenses. Em Setúbal terminou a primeira época no 11º lugar, a seis pontos da linha de água, seguindo-se um 12º lugar na pretérita temporada, a apenas dois da descida. Agora estava no 14ª lugar, empatado com Olhanense e Académica.
Primeiras chicotadas na Liga portuguesa
2008/093ª jornada: António Conceição sai do Trofense 5ª jornada: Casemiro Mior sai do Belenenses
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2009/103ª jornada: Ulisses Morais sai da Naval 4ª jornada: Carlos Azenha sai do V. Setúbal
2010/114ª jornada: Van der Gaag sai do Marítimo 6ª jornada: Viktor Zvunka sai da Naval
2011/121ª jornada: Manuel Machado sai do V. Guimarães 3ª jornada: Pedro Caixinha sai da U. Leiria
2012/135ª jornada: Sá Pinto sai do Sporting 6ª jornada: Pedro Caixinha sai do Nacional
2013/147ª jornada: José Mota sai do V. Setúbal