Paulo Sérgio: quarto náufrago numa maré calma
Clubes da Liga estão a despedir menos treinadores. Na época passada apenas um terço das mudanças resultou. Resultados muito maus na Briosa
Paulo Sérgio é o quarto treinador da Liga a cair. 21 jogos feitos no campeonato, só uma vitória, demissão natural. Isto, apesar das palavras reiteradas pelo técnico ao longo das últimas semanas e no final do jogo deste domingo contra o Boavista, na flash-interview:
«Tenho todas as condições para continuar na Académica».
Não tinha, pelo menos na opinião da direção da Briosa. O anúncio oficial da saída do treinador fala em «acordo mútuo», um dado a confirmar nos próximos dias.
Paulo Sérgio junta-se, então, a João de Deus, Ricardo Chéu e Domingos Paciência nesta lista pouco recomendável. O quarto náufrago numa maré de despedimentos anormalmente calma. Os clubes portugueses parecem estar dispostos a ter mais paciência com os técnicos.
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Chicotadas na Liga 2014/15:
João de Deus: deixou o Gil Vicente (3ª jornada, entrou José Mota) Ricardo Chéu: deixou o Penafiel (5ª jornada, entrou Rui Quinta) Domingos Paciência: deixou o V. Setúbal (17ª jornada, entrou Bruno Ribeiro) Paulo Sérgio: deixou a Académica (21ª jornada, entrou…)
Na presente campanha não é difícil perceber que as mudanças estão a promover resultados animadores. Dois dos três técnicos saíram numa fase muito precoce da Liga e sem a conquista de qualquer ponto. Ou seja, quem entrou teve obrigatoriamente de fazer melhor.
só um terço das trocas veio acompanhada de melhoriasPUB
Vamos, então, aos dados de 2014/15 (só consideramos os jogos do campeonato):
GIL VICENTE João de Deus: 0 pontos em 9 (0 por cento) José Mota: 17 pontos em 54 (31.4 por cento)
PENAFIEL Ricardo Chéu: 0 pontos em 12 (0 por cento) Rui Quinta: 13 pontos em 51 (25.4 por cento)
V. SETÚBAL Domingos Paciência: 14 pontos em 51 (27.4 por cento) Bruno Ribeiro: 5 pontos em 12 (41.6 por cento)
ACADÉMICA Paulo Sérgio: 15 pontos em 63 (23.8 por cento) ainda sem sucessor
Em Barcelos, José Mota esteve até 11 de janeiro à espera da primeira vitória como treinador do Gil Vicente. Os galos venceram o também aflito Penafiel por 2-1, mas só nas duas rondas mais recentes a equipa deu um salto na classificação: vitória por 1-2 em casa do Marítimo e por 1-0 na receção ao Paços Ferreira.
O mercado de transferência parece ter sido decisivo para a subida do Gil: Cadu, Markus Berger, Semedo, Rúben Ribeiro, Piqueti e Yazalde enriqueceram muito o plantel dos galos.
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Em Penafiel, Rui Quinta até se estreou com uma vitória (2-0 ao V. Setúbal a 20 de setembro), mas depois os durienses só venceram mais duas vezes: 0-1 em Arouca a 7 de dezembro, 2-1 diante do Nacional a 13 de dezembro.
Quinta (e o Penafiel) não vencem há mais de dois meses.
Finalmente, o Vitória Setúbal. Antes da derrota na Luz este domingo, Bruno Ribeiro tinha uma vitória e dois empates. Prometedor, sim, mas só agora a luta começa a sério.
Voltemos a Paulo Sérgio e à Académica Coimbra.
O antigo treinador do Sporting (outra similitude com Domingos) apostou muito forte neste regresso a Portugal e o saldo final é extremamente negativo. Só pode ser.
No total, Paulo Sérgio orientou a Académica em 26 jogos oficiais. Somou três vitórias, 12 empates e 11 derrotas.
17 golos marcados ( a Académica ficou 13 vezes em branco, metade dos jogos de Paulo Sérgio) e 34 golos sofridos.
A Briosa caiu na Taça de Portugal frente ao modestíssimo Santa Maria (III Eliminatória) e na Taça da Liga quedou-se pela fase de grupos (3ª fase).
Há pouco de bom a aproveitar no meio de tantos dados medíocres.
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