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Guardiola: fracassou o sucesso europeu do transplante de tiki-taka

Experimentalista e filósofo, Pep falhou a Liga dos Campeões, e já se adivinha novo desafio gigante pela frente.

Guardiola falhou. Ele próprio admitiu-o, reconheceu que passar pelo Bayern sem ganhar o maior troféu continental de clubes, logo depois de o mesmo Bayern o ter conquistado com outro treinador (Jupp Heynckes), seria fracassar.

Foi.

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Ser campeão alemão, apesar do crescimento de Borussia Dortmund, Wolfsburgo, Bayer Leverkusen nos últimos anos, seria sempre mais um dia calmo no escritório, face ao poderio acumulado no plantel e até pela capacidade de recrutar sobretudo no maior rival, accionando cláusulas de rescisão (Goetze) ou a custo zero (Lewandowski). O grande desafio seria a Liga dos Campeões. E talvez não apenas conquistar uma, mas estabelecer um domínio durante alguns anos.

Sem o super-Barcelona, eliminado por este Atletico Madrid, Guardiola terá acreditado que tinha chegado a sua vez. Mas nem à terceira oportunidade esteve perto de conquistá-la, nem sequer se apurou para uma final, caindo perante Real Madrid, Barcelona e agora os colchoneros. Muito curto.

Quando Guardiola deixou a Catalunha, o mundo estava apaixonado por ele. Justamente. Os catalães tinham tocado o céu, foram a melhor equipa do planeta de forma incontestável. Quatro ligas espanholas, duas Taças, duas Supertaças, duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça europeia e um Campeonato Mundial de clubes sustentava essa ideia. Tinha feito um enorme trabalho, com uma equipa construída à volta de uma filosofia que se respira no pó que paira no ar em La Masia, capaz de tocar a bola com arte, coletivamente, e que, quando não a tinha, abafava os rivais ao ponto de parecer estar só um emblema em campo. Pep foi sempre uma personagem ponderada, sempre correcta, um gentleman no meio do jogo.

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Em Munique, Pep tentou o transplante das suas ideias para meio de um grupo que já tinha a sua própria filosofia. Influenciou-a tanto que parte do título mundial da Mannschaft em 2014 é obviamente seu. Além disso, não passou os dias a viver dos rendimentos garantidos no país natal. Reinventou a forma como a equipa se posicionava, como pressionava alto, como empurrava os adversários para a sua área com bola e a forma como desenhava impressionantes jogadas de ataque. Mudou várias vezes os jogadores de posição como se várias peças encaixassem na mesma parte do puzzle. E, se a nível nacional, deu para tudo, não conseguiu transportar para fora o sucesso desse experimentalismo.

Apesar de as três temporadas na Baviera terem sido marcadas por múltiplas lesões importantes, Guardiola não conseguiu estancar a sangria que resultava sobretudo das transições defensivas. Barcelona, Atletico e Real viram essas fragilidades e aproveitaram. Algo que o seu Barça não permitia quase nunca, tal a forma como reagia à perda da bola. Sem um Busquets, e sem jogadores da inteligência de Iniesta e Xavi, não só no aspecto ofensivo mas também defensivo, o Bayern foi uma cópia incompleta dos culé. E também por isso falhou.

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Com tanta inclinação ofensiva, faltou o equilíbrio.

Daqui a poucos meses, chegará o Manchester City. Será interessante ver qual a abordagem do filósofo Pep num novo campeonato e num clube que está longe de dominar o futebol do seu país como Barça e Bayern. Tentará novo implante de tiki-taka, sabendo que os riscos aumentaram, uma vez que o mundo já não está tão cego de amor por ele, ou algo de novo?

Guardiola, que não deixou de ser especial, promete nova revolução para breve.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».

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