Desp. Aves-Sp. Braga, 0-1 (crónica)

O Sp. Braga venceu num estádio onde poucos adversários poderão no futuro dizer ter feito o mesmo. Por isso, e porque nem todos os triunfos são iguais, a vitória desta noite não valeu apenas três pontos. Valeu três pontos arrumados em papel de embrulho. Três pontos daqueles que dá prazer ter em casa e mostrar aos amigos. Três pontos que seguram a liderança. O Desp. Aves é um daqueles adversários, sobretudo nos jogos em casa, que não dá para quebrar. Poderá quando muito torcer-se. Carrega a equipa, sobretudo na defesa e no meio-campo, de homens altos, fortes e duros, aperta-os sobre o adversário, dá-lhes um espírito colectivista admirável e com tudo isso rouba espaço para se jogar à bola. Ora aos problemas impostos pelo Aves há que somar as dificuldades de um relvado que já não se usa no futebol profissional. Feitas as contas estará tudo, como esteve esta noite, contra as equipas que quiserem apresentar-se na Vila das Aves empurradas para a vitória pelo talento. Por isso é que a vitória do Sp. Braga não valeu apenas três pontos. Uma desatenção no equilíbrioPelo que atrás se disse já dará para compreender como o triunfo bracarense foi sofrido. Sofrido e feliz. Em boa verdade a vitória caiu para o lado do Sp. Braga como poderia ter caído para o lado do Desp. Aves. As equipas encaixaram-se desde o primeiro minuto uma na outra, procuraram jogar mais com o coração do que com a cabeça, raramente criaram uma situação de perigo em lances de bola corrida e recorreram à falta com uma frequência dolorosa para quem queria apenas ver um jogo de futebol. Sobrou por isso suor e faltou talento. De um lado e de outro quase só se criou oportunidades de golo em jogadas de bola parada. Também nesse aspecto com um enorme equilíbrio: se Vítor Manuel acertou na barra na primeira parte, Marcel ficou lá perto na segunda. No fundo a única coisa que desequilibrou foi mesmo o talento de Wender. O brasileiro aproveitou uma rara falha na defesa, ganhou a Bruno Fernandes com uma rotação e obrigou o adversário a carregá-lo em falta. Penalty que o próprio converteu. O Aves ficou depois a lamentar também uma grande penalidade por falta sobre Hernâni, mas Paulo Costa não permitiu que o equilíbrio fosse total e não assinalou a falta de Zé Carlos. Erradamente, parece. Embora depois também tenha exagerado na expulsão de Cesinha.