Ademir Alcântara: «Ainda faço dupla com o Paulinho Cascavel»
As grandes memórias de Guimarães e o pânico de aterrar na Madeira durante a última aventura em Portugal
*Com João Tiago Figueiredo
DESTINO: 80's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's.
«Roldão, Jesus, N´Kama, Carvalho, Adão, Nascimento…»PUB
ENTREVISTA A ADEMIR: «Fui para o Benfica debaixo de um tumulto» «Não chegava nada ao Brasil», brinca. « Eu vim para Portugal e pensava que vinha para outro planeta, outro mundo. Nunca tinha ouvido falar no Vitória», assume. Mas a adaptação nem foi difícil. Ajudou-o Marinho Peres, outro brasileiro, mas este o timoneiro. Foi o seu primeiro treinador em Guimarães. «Era excelente, grande ser humano, simples e amigo dos jogadores», descreve. Ficou fácil para Ademir. No primeiro ano fez 37 jogos, no segundo explodiu de vez e tirou todas as dúvidas: 42 jogos e 17 golos, apesar de o Vitória ter ficado bem aquém do brilharete do seu ano de estreia.
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1986/87: Vitória Guimarães, 37 jogos/6 golos (3º lugar) 1987/88: Vitória Guimarães, 42 jogos/17 golos (14º lugar) 1988/89: Benfica, 25 jogos/7 golos (campeão) 1989/90: Benfica, 8 jogos/sem golos (2º lugar) 1990/91: Boavista, 18 jogos/10 golos (4º lugar) 1991/92: Marítimo, 28 jogos/6 golos (7º lugar) 1992/93: Marítimo, 30 jogos/8 golos (5º lugar) 1993/94: Marítimo, 29 jogos/2 golos (5º lugar)
Do Vitória ao Benfica foi um (atribulado) salto. Mas ficou a paixão por ambos. «Ainda sigo os jogos do Vitória e do Benfica. Por ter sido o meu primeiro clube em Portugal, o Vitória é o clube que desperta mais carinho em mim», explica. Da passagem por Guimarães, guarda uma personagem especial. Um amigo para a vida em forma de goleador. «O melhor atleta que vi em Portugal foi o Paulinho Cascavel. E olha, ainda fazemos a nossa dupla aqui no Brasil, em jogos de veteranos. Jogamos de olhos fechados. Ele é um craque e é o padrinho de uma filha minha», conta.
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Ademir num O Elvas-V. Guimarães (1986/87):
Para além do V. Guimarães e do Benfica, Ademir passeou ainda a sua classe no Boavista e no Marítimo. Experiências bem diferentes. «No Boavista estive só um ano, mas marquei vários golos e encaixei bem na equipa. Mas o Marítimo apresentou um projeto forte, a pensar na Europa, e lá fui eu», atira, entre risos. E na Madeira só havia mesmo um problema: o aeroporto! « Aterrar e levantar no Funchal era dureza, acho que entrei em pânico muitas vezes», assume. Para fim de conversa, Ademir conta que deve vir a Portugal ainda este ano, depois do verão europeu. E o regresso até poderia ter sido bem mais cedo: «O Benfica até me enviou os bilhetes de avião para eu estar presente no centenário do clube, mas não fui. Fiz mal, arrependi-me.»
Dois golos de Ademir pelo Boavista (aos 16s e 1m34s):
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