Iliev: sonhos na Luz desfeitos por Manuel José
«Destino 90’s»: búlgaro fez duas épocas interessantes no Benfica e foi dispensado quando tinha tudo acertado para renovar
DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's. ILIAN ILIEV: Benfica (1995 a 1997), Marítimo (1999 a 2002) e Salgueiros (2002/03) Em 1982, Vanio Kostov aterrava em Portugal para representar o Sporting. Mais do que garantir um reforço, a equipa de Alvalade abria um mercado: a Bulgária. Apoiados na excelente geração do início dos anos 90, que garantiu o quarto lugar no Mundial de 94, os clubes portugueses investiram naquela frente e vários jogadores de qualidade surgiram no campeonato luso. O FC Porto apostou em Emil Kostadinov. O Sporting teve Balakov e Iordanov. Já depois chegou ao Benfica Ilian Iliev. Estávamos em 1995 na pré-temporada que se seguiu a um ano de desilusão na Luz. Artur Jorge falhara o bicampeonato e as críticas tornavam-se mais fortes. A margem de erro era nula e provou-se com o despedimento pouco depois de a época arrancar. Outras histórias. Interessa-nos Iliev, médio talentoso que despontara no Levski de Sófia. É na Bulgária que está também nos dias de hoje e é a partir daí que conversa com o Maisfutebol. Fosse a entrevista um mês antes e apanharíamos Iliev noutro país. Noutro continente. «Voltei há vinte dias de Angola, onde fui treinador do Interclube de Luanda», conta-nos Iliev. Mas voltemos à Luz. «Vim à experiência. Treinei uma semana com a equipa do Benfica, o Artur Jorge gostou de mim e contrataram-me por três temporadas», relembra. Ficaria apenas duas. Com números até interessantes para quem chegou como perfeito desconhecido.
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Um golaço de Iliev no Levski Sófia:
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Um Sporting-Benfica, com Iliev:
Depois de Mário Wilson, Iliev foi treinado por Paulo Autuori na época seguinte, antes de entrar o treinador que lhe mudou o destino. «Manuel José dispensou-me. Aliás, nem foi só a mim. Dispensou-me a mim, ao Panduru e ao Valdo para contratar o Erwin Sanchez do Boavista. Saí do Benfica porque o treinador quis», lamenta. E quando nada o fazia prever. «Três meses antes, quando ainda estava o Paulo Autuori, o diretor desportivo, que era o Toni, fez-me uma proposta para renovar o contrato. Tinha ainda mais um ano e ia prolongar, estava contente. Com a vinda do Manuel José foi tudo abaixo», reitera. Iliev passou a treinar à parte por uns tempos, antes de encontrar novo clube. «Com certeza não foi a melhor opção para mim, mas não podia ficar parado. O Panduru esperou, ficou de fora por uns tempos e ainda voltou, quando o Manuel José saiu. Mas eu não queria parar», explica. Assinou, então, pelo Bursaspor, da Turquia, experiência curta. Ainda nesse ano de 1997 estaria de volta à Bulgária para jogar no Slavia de Sófia. «Sinto-me orgulhoso por ter jogado na equipa de Eusébio» Do Benfica ficaram as memórias. « O mais inesquecível foi o primeiro jogo que fiz no Estádio da Luz. Foi na apresentação em 1995, com o Milan. Estavam 90 mil nas bancadas. Jogar naquele estádio era fantástico», descreve. «Estou orgulhoso do que consegui no Benfica. Mesmo numa fase difícil, fiz parte de uma equipa que foi várias vezes campeã, até campeã da Europa. Fiz parte da equipa em que jogou o Eusébio. Mas ao mesmo tempo fiquei triste por não ter conseguido, também eu, ser campeão. Só ganhámos uma Taça», recorda, referindo-se à final ganha ao Sporting (3-1) em 1996, famosa pelos piores motivos devido ao incidente do very-light. Iliev foi suplente utilizado nesse jogo, rendendo Kenedy já perto do fim. Em Portugal deixou bons amigos. Não só no Benfica como no Marítimo, clube que representou entre 1999 e 2002, e no Salgueiros onde se despediu de Portugal. «Marinho, Mauro Airez, Kenedy, João Pinto, Marcelo, Jokanovic, Serginho do Salgueiros», enumera. Lista longa. A experiência na Madeira, que arrancou três anos após deixar a Luz foi totalmente diferente. «Já era mais experiente, já sabia a língua. Foi tudo muito mais fácil. Foram três épocas maravilhosas da minha vida desportiva e pessoal», assegura. Em três anos tornou-se indiscutível no Marítimo, onde chegou pela mão de Paulo Barbosa, depois de uma reunião com Carlos Pereira em Lisboa. Nas três épocas teve Nelo Vingada como treinador. Outro nome marcante na carreira. «Com todos os treinadores que tive aprendi muito. Com alguns para o bem, com outros para o mal», atira entre risos. Antes, já tinha conseguido um «marco na carreira» ao representar a Bulgária no Mundial de França em 98. «Enorme experiência», diz. Desportivamente, a equipa que encantara nos EUA foi uma sombra. Iliev foi titular no nulo com o Paraguai e na derrota com a Nigéria (1-0) e suplente utilizado no descalabro frente a Espanha (6-1), para a despedida.
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A carreira de jogador terminou em 2005, no Cherno More da sua Bulgária natal. Tinha 36 anos. Dois anos mais tarde, no Beroe, iniciou uma carreira de treinador que também passou pelo seu Levski de sempre e desaguou em Angola, na experiência que terminou recentemente. Portugal? Quem sabe. «Já fui várias vezes a Portugal para observar jogadores, quando era treinador do Levski. Gostava de visitar Portugal com a minha família, com calma. Os meus dois filhos nasceram aí. A minha filha em Lisboa, o meu filho na Madeira. Por causa disto, vou estar sempre ligado a Portugal», remata.
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