Diários do Gelo: a crise, o vulcão e a lagoa azul na Islândia
Português Guilherme Ramos conta tudo sobre o rival de Portugal
Este é o terceiro e último capítulo do Diário do Gelo, uma aventura contada na primeira pessoa por Guilherme Ramos no Maisfutebol. O actual jogador do Lourinhanense representou o Njardvik, na Islândia, e conta-nos tudo sobre o próximo adversário da Selecção Nacional na caminhada para o Euro-2012:
«As diferenças entre Portugal e a Islândia são enormes a todos os níveis, quer a nível cultural, social quer ao nível do futebol. A nossa selecção está um país maravilhoso.
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A Islândia é um país grande, mas somente com 300 mil habitantes. Todas as cidades se encontram no litoral da ilha. No centro e o interior apenas se encontram glaciares e vulcões (adormecidos). É um país extremamente seguro e prova disso mesmo são somente os cerca de 800 polícias que existem no território...não são necessários mais. Era comum ver carros abertos com chaves na ignição e as portas das casas igualmente abertas. Em Portugal não creio que isto seja possível.
Guilherme Ramos e «O sonho islandês»
Diários do Gelo: notas de um português sobre a Islândia
Diários do Gelo: Guilherme Ramos e o futebol islandês
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Estive na Islândia na altura do Verão e onde praticamente havia 24 horas de luz por dia, não havendo lugar à escuridão da noite. É estranho mas é giro.
Lembro-me numa das primeiras «noites» acordar com o sol a entrar pela janela, e preparar-me para ir tomar o pequeno-almoço, quando me lembrei de ir ver as horas e deparo-me com o relógio a marcar 2h30 da manhã. Não queria acreditar.
Lembrem-se de nunca entrar calçados numa casa Islandesa. Os sapatos ficam à porta, e em casa é para andar de meias. Por vezes havia jantares de equipa em casa de jogadores. Imaginem o «festival» que não era encontrar os ténis para ir embora.
Fora esta situação e o facto de os dois pratos tradicionais serem a cabeça de carneiro e o tubarão podre, o povo Islandês está acima da média em quase tudo. Têm uma educação e cultura fantásticas.
Se a minha chegada à Islândia foi condicionada por causa do Vulcão Eyjarfjallajokull, obrigando-me a dormir dois dias no aeroporto de Londres até haver ligação aérea para Reykjavik, a minha partida prende-se exclusivamente com a situação económica do país.
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A Islândia viveu nos últimos anos um período conturbado na sua história. O país caiu numa total banca rota, que ainda persiste. Para além do aumento dos preços de quase tudo no país, a moeda Islandesa (krona) não tem qualquer valor fora do território, e como tal, dinheiro islândes é para ser gasto e investido...na Islândia, não sendo possível levá-lo para fora do país. Só assim, com a subida dos preços, a «prisão» da moeda e investimento no país será possível recuperar os índices económicos.
Mesmo estando adaptado e satisfeito com a experiência, também estava a tentar juntar o útil ao agradável. Ora, sabendo que ganhando 10 ou 1000 o que traria para Portugal era zero, decidi com grande tristeza por fim à minha aventura na Islândia. No entanto, não enjeitaria um regresso. A tranquilidade, o frio, a lagoa azul (águas naturais aquecidas pelo vulcão a 40º) e o civismo das pessoas, fazem-me ter saudades do país.
Fico contudo, na expectativa de uma vitória da selecção Portuguesa, se possível expressiva para elevar a moral, frente a um país, que apesar de tudo é o meu segundo.
Abraço a todos e força Portugal! Até sempre!
Guilherme Ramos»
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