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Mundial 2014  |  

Diego Costa «espanhol»: um certo destino brasileiro

O avançado do At. Madrid preferiu a «roja» à «canarinha». Traição ou razão? Mais um caso a juntar-se à lista de brasileiros que preferiram seleções dos países de adoção. Perceba porquê

A que lugar pertencemos? Onde nascemos ou onde fomos felizes? De onde viemos ou onde tivemos mais oportunidades?

Diego Costa respondeu a estas perguntas preferindo as segundas hipóteses. O «carinho» que tem por Espanha, país onde singrou ao mais alto nível, sobreveio à ligação que tem às raízes de família, de nascimento.

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O avançado do Atlético de Madrid, melhor marcador da Liga espanhola a par de Cristiano Ronaldo , escolheu Espanha e deixou os brasileiros furiosos. Ressentidos.

Ele garante que ainda se sente brasileiro e até quer «voltar a viver no Brasil», depois do futebol. Mas é pragmático: «Espanha deu-me tudo».

Luiz Felipe Scolari, que o tinha pré-convocado para os encontros com Honduras e Chile numa última tentativa de inibir o goleador do At. Madrid de concretizar a intenção de preferir a «roja», sentiu na pele as dores da perda e não poupou o atleta, acusando-o de estar a «ignorar um sonho de milhões», o de representar a seleção do Brasil num Mundial que se realizará no país onde nasceu.

Para Felipão, as questões de confiança são muito importantes. Mas a verdade é que Diego nunca foi, verdadeiramente, uma opção para o atual selecionador brasileiro.

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Mesmo que a CBF tente agora apresentar esse cenário, uma análise deste caso leva-nos, rapidamente, a perceber as razões da escolha do melhor marcador da Liga espanhola (até ontem com três de vantagem sobre CR7 e Messi, a partir de agora igualado com Cristiano) .

Caso Scolari o tivesse chamado à Confederações, nada disto sucederia, pela simples razão de que os regulamentos da FIFA não permitiriam a escolha por Espanha a um jogador que tivesse atuado em partidas oficiais. O Brasil chegou tarde a Diego Costa.

Esta chamada, agora «retirada automaticamente» (palavras de Felipão), para os jogos com Honduras e Chile, foi apenas a segunda vez que o goleador do At. Madrid constou das escolhas de Felipão. A primeira foi no duplo compromisso com Rússia e Itália, em particulares, em março passado.

Diego Costa escolheu, assim, com o coração: «Foi uma decisão complicada porque implica decidir entre o país onde nasci e o país que me deu tudo, que é Espanha. Pensei e o correto é jogar em Espanha porque fiz tudo aqui. Tudo o que tenho na minha vida foi-me dado por este país e tenho um carinho muito especial por ele. Aqui sinto-me muito valorizado por tudo o que faço».

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Revelação tardia mas ainda tanto para agarrar

Diego da Silva Costa nasceu em Lagarto, Sergipe, a 7 de outubro de 1988. Aos 25 anos, estará no auge das suas capacidades de avançado versátil e goleador.

Mas a dimensão do seu futebol foi revelada um pouco tarde. Diego só chegou ao mais alto nível quando se impôs como titular no Atlético de Madrid, na época passada.

Formado nas camadas jovens no modesto Barcelona Esportivo, de Ibiúna, deixou o Brasil com 18 anos, depois surgindo como promessa do Sp. Braga. Mas nunca se impôs no clube minhoto e foi emprestado ao Penafiel.

Em 2007, assinou pelo At. Madrid, mas sempre para ser emprestado: primeiro ao Sp. Braga, depois ao Celta de Vigo, Albacete, e Valladolid.

Três anos depois, em 2010, tem finalmente a primeira oportunidade nos «colchoneros», já com 22 anos. Mas volta a ser emprestado, em 2012, ao Rayo Vallecano.

Uma época muito positiva garantiu-lhe o regresso ao Vicente Calderón: desta vez para ficar. Com os resultados que se conhecem: uma temporada em grande em 12/13, melhor marcador da Liga espanhola na presente temporada, com 11 golos (por várias jornadas, líder destacado, apanhado agora por CR7, depois dos três de Ronaldo ao Sevilha).

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À medida que esta revelação tardia se foi confirmando ao mais alto nível, a questão começou a colocar-se: teria Diego Costa lugar no escrete?

Postas as coisas nesta fase, pode até parecer um pouco estranho que Diego esteja a recusar algo que, como diz Scolari, seria o sonho de milhões de jovens brasileiros: representar o «escrete» no Mundial do Brasil.

Mas não será preciso recuar muito para percebermos a opção desportiva que Diego Costa acaba de tomar. Até esta «crise de decisão» entre Espanha e Brasil, nunca Scolari deu sinal de que contava tê-lo com escolha prioritária para o ataque. Ficou fora da Confederações, Fred foi titular indiscutível na posição 9, Jô a alternativa.

A «roja» em vez da «canarinha»? Pode haver brasileiros que se sintam traídos, mas há um racional desportivo nesta opção. A Espanha, bicampeã europeia e campeã mundial, chamou intensamente pela revelação «colchonera», colocando Del Bosque no centro desse apelo.

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O selecionador espanhol deu claros sinais públicos de que contará com Diego Costa como uma das principais ofensivas para o Mundial. David Villa tem sido suplente de Diego Costa no At. Madrid; Fernando Torres nunca foi titular indiscutível na seleção. Negredo ou Llorente, sendo habituais convocados, estão longe de terem estatuto para agarrarem a titularidade.

Os restantes elementos ofensivos da «roja» não são «9» puros: Mata, David Silva, Fabregas ou Jesus Navas.

Esta nova alternativa cai, assim, como sopa no mel nas contas de Del Bosque.

O décimo «espanhol» por adoção na «roja»

Diego Costa será o décimo naturalizado da história da seleção espanhola, quarto brasileiro (depois de Donato, Marcos Senna e Catanha, que tal como Diego, também chegou a atuar em Portugal antes de ingressar em Espanha).

Juntar-se-á a uma lista com grandes nomes, como Kubala, húngaro (jogou por Espanha entre 1953 e 1961), Di Stéfano, argentino (representou Espanha no final dos anos 50 e inícios de 60), Puskas, húngaro (início do anos 60), Heredia, argentino (Euro-80), Donato, brasileiro (anos 90), Pizzi, argentino (anos 90), Catanha, brasileiro (qualificação para o Mundial-2002), Marcos Senna, brasileiro (Mundial-2006 e Euro-2008) e Pernía, argentino (Mundial-2006 e qualificação para o Euro-2008).

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Esta é a lista completa dos nove (com Diego Costa serão dez) naturalizados que atuaram por Espanha. Na verdade, houve mais três, mas revelaram-se situações irregulares, porque tinham passapores falsificados: o paraguaio Jara (1966), o argentino Valdez (1972) e o brasileiro Becerra (1973).

Há ainda os casos de sete jogadores nascidos fora de Espanha, mas com pais e avós espanhóis e, por isso, nacionalidade espanhola desde a nascença: Héctor Rial, Heriberto Herrera, Santamaría, Eulogio Martínez, Touriño, Roberto Martínez e Rubén Cano.

Recorde momentos de Marcos Senna por Espanha: 

Brasileiros contra o Brasil

Na verdade, a indignação da CBF por poder ver Diego Costa a atuar contra o Brasil no próximo Mundial terá que ser replicada por vários casos.

O Brasil será, certamente, o país que mais jogadores fornece a seleções de outros países.

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Entre várias dezenas de casos um pouco por todo o Mundo (fruto, naturalmente, da proliferação de jogadores brasileiros nos mais diversos campeonatos em todos os continentes), pelo menos 13 estão em seleções que já têm presença garantida no Brasil-2014 ou, pelo menos, mantém intactas as esperanças de lá estar.

São os casos de Pepe (Portugal), Diego Costa (Espanha), Benny Feilhaber (EUA), Cássio (Austrália), Douglas (Holanda), Eduardo da Silva (Croácia), Marcos Gonzalez (Chile), Igor Camargo (Bélgica), Sinha (México), Marcos Tanaka (Japão), Matias Aguirregaray (Uruguai), Thiago Motta (Itália) e Cacau (Alemanha).

A lista poderá ser ainda um pouco alargada. Fala-se na hipótese Fernando (médio do F.C. Porto) para a Seleção de Portugal, mas por enquanto trata-se apenas de uma ideia.
Seja como for, é já certo que um dos assuntos a olhar ao pormenor no próximo verão é este «Brasil vs Brasil» no Mundial-2014.

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