Candeias: «Se me dessem as oportunidades que dão a muitos…»
Avançado cedido ao Nuremberga acredita que tem valor para estar no Benfica, promete voltar e acha que, em Portugal, há medo de apostar nos jogadores da terra
Um mês e meio foi o tempo que durou a experiência de Candeias no Benfica. O avançado recrutado ao Nacional continua a achar que fez a escolha certa, porque o comboio da Luz pode não passar duas vezes na vida. Mas lamenta que não tenha tido oportunidades para mostrar o que vale. Ainda na pré-temporada, percebeu que dificilmente ia jogar e, aos 26 anos, achou que não era uma boa altura para estar um ano sem competir, a fazer número. Em entrevista ao Maisfutebol, lamenta que os jogadores portugueses continuem a ser olhados de lado. «Se me dessem as oportunidades que dão a muitos, se calhar, afirmava-me», desabafa. Aos 26 anos está no auge da carreira e na altura certa para explodir, ou acredita que ainda poderá surpreender? Temos sempre por onde crescer. Sentia-me preparado para jogar no Benfica. Senti que tinha qualidade para isso, apesar de as decisões serem outras. Não estou nada arrependido e tenho demonstrado qualidade. Vou querer voltar e vou voltar mais maduro e enriquecido com esta experiência na Alemanha. Foi o Candeias que pediu para sair? Vi que não tinha oportunidades para jogar e o que eu queria era jogar. O Benfica viu o mesmo e acho que foi bom para os dois. Sabia que tinha jogadores de grande qualidade na minha posição no Benfica mas não tinha medo de competir com eles. Sei a minha qualidade e se não acreditarmos em nós ninguém vai acreditar. Foi uma boa opção e vou voltar mais forte. Não fazia sentido depois da época que fiz no Nacional ficar uma época sem jogar ou a jogar na Taça e na Taça da Liga. Não era benéfico para mim. Ia parar e isso eu não queria. Encontrei um clube onde jogo e tem feito crescer. Houve algum momento em que percebeu que não iria ter as oportunidades que esperava? Sim, houve um momento em que percebi e pedi para falar com as pessoas responsáveis para encontrarmos outra solução. Mas estou agradecido às pessoas do Benfica pela forma como me trataram e se preocuparam comigo. Sei que há muita gente lá dentro que acredita nas minhas qualidades e que sabem que um dia vou voltar e vou voltar mais forte. Acreditava, quando assinou, que estaria no plantel do Benfica ainda hoje? Claro. Acredito no meu valor e acho que tinha todas as condições para isso. Sabia que não ia ser titular, porque há o Gaitán e o Salvio que são dois craques que admiro muito. Mas não tinha medo de competir com eles. A qualquer momento poderia ter uma oportunidade e poderia agarrá-la. Mas seriam escassas, de certeza, como se tem visto. Há lá muitos jogadores com qualidade que não jogam. O que lhe disse Jorge Jesus quando começou a perceber que não teria oportunidades e o melhor seria sair? Disse-me que eu tinha qualidade mas que ele preferia outras opções e, se calhar, não ia jogar tanto. Disse-me que seria melhor eu jogar e não ficar parado quase uma época. Concordei porque também não queria ficar parado, gosto é de jogar, queria crescer. Foi bom para mim. Sabendo que sabe hoje, pensa que assinar pelo Benfica foi a escolha certa? Qualquer jogador gostava de chegar a um clube como o Benfica. Quando apareceu a proposta não hesitei. Tinha outras opções, mas quando aparece o Benfica não poderia deixar fugir a oportunidade. Acreditava muito em mim e sabia que se me dessem uma oportunidade ia agarrar de certeza. Fui com vontade de aprender e conquistar o meu espaço. Não consegui agora, mas sei que as pessoas lá dentro acreditam em mim e que para o ano terei oportunidade para ficar no plantel. Considera que há falta de aposta nos jogadores portugueses por parte do clube da Luz? O Benfica já sabia o meu valor, já me conheciam do campeonato português e por alguma coisa me contrataram. Só que chegaram outras opções que eles naquele momento acharam que seriam melhores para o plantel e por isso fui cedido. Mas acho que tinha qualidade suficiente para ficar no plantel e se me dessem as oportunidades que dão a muitos, se calhar poderia afirmar-me. Só que em Portugal parece que têm medo de apostar em jovens portugueses. Quando vão para outros países são sempre elogiados e são os melhores. Acho que deviam apostar mais no jogador português.
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