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Entrevista  |  

Marçal, a vida em Gaziantep e o apoio aos refugiados sírios

Lateral brasileiro esteve um ano a jogar perto da fronteira da Turquia com a Síria. Ao Maisfutebol, recorda esse período e fala dos sacos que enchia de comida nos supermercados para ajudar os mais necessitados

Pouco depois de ter assinado por cinco temporadas pelo Benfica, Marçal foi emprestado aos turcos do Gaziantepspor.

Numa cidade próxima da fronteira com a Síria, a cerca de 120 quilómetros de Alepo, o lateral brasileiro viveu por dentro os efeitos do conflito naquele país do médio-oriente.

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Ao Maisfutebol, Marçal recorda os tempos que passou em Gaziantep e conta que chegou a ajudar refugiados.

«Passei por um choque de realidades, mas valeu como experiência de vida», diz o agora jogador do Guingamp, de França.

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Apanhou um grande choque cultural quando chegou à Turquia para jogar no Gaziantepspor?

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Foi um choque cultural muito grande, é verdade. Fui para um país onde 98 por cento da população é muçulmana e eu sou cristão. Ia a uma igreja evangélica num apartamento bem escondido. Não acredito que houvesse muçulmanos que soubessem da existência daquela igreja [risos].

Estava numa cidade que fica muito perto da fronteira com a Síria...

Acabei por deparar-me com situações um pouco inusitadas.

Sentia os efeitos da guerra?

Gaziantep fica perto de Aleppo. Não sentia o clima da guerra, de ouvir bombas, mas havia muitos refugiados. Ao final da tarde, quando estava a voltar do treino, via muita gente nos sinais a pedir. Foi um bocado forte para mim. Às vezes ia ao supermercado e tentava ajudar de alguma maneira. Enchia a sacola com pão, água e fruta. Também via mulheres com crianças e comprava algumas fraldas.

É difícil lidar com esse tipo de situações diariamente?

É difícil, sim. Isso deixou-me mais sensível, mais humano. A Turquia foi um bocado difícil. As coisas correram bem pessoalmente, mas a questão da guerra foi forte. Passei por um choque de realidades, mas valeu como experiência de vida.

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Cenário após a explosão de um carro-armadilhado em Gaziantep, em maio de 2016, que provocou dois mortos e cerca de duas dezenas de feridos

Mas sentiu-se sempre seguro até àquele atentado na fase final da época?

Apesar dos refugiados, o clima na cidade era tranquilo, como se não houvesse guerra. A bomba estoirou muito perto da minha casa. Eram nove da manhã, eu não ouvi barulho porque ainda estava a dormir e até foi um amigo que me ligou a dizer que tinha estoirado uma bomba em Gaziantep. Fui à janela e estava muita gente na rua. A explosão foi mesmo ao lado do estádio e fiquei com medo de sair de casa para ir treinar.

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Estava sozinho na Turquia?

Sim. A minha esposa, que estava grávida, e os meus filhos só passaram o Natal e o ano novo comigo. Depois voltaram para Portugal.

Gostava de voltar um dia à Turquia?

O presidente do Gaziantepspor até já me ligou, a pedir que volte para os ajudar. Voltar à Turquia é um desejo que tenho, mas não como futebolista. Gostei muito da Turquia, é um país maravilhoso. Conheço um pouco de Istambul, de Gaziantep e de Antália e espero poder voltar para conhecer outros lugares, mas como turista.

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