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Entrevista  |  

Monteiro: figura da Liga cipriota não recebe chamadas de Portugal

Esteve vinculado ao FC Porto durante 16 anos e nunca treinou com a equipa; brilha lá por fora sem ouvir vozes nacionais à sua procura

Natural da Invicta, o extremo direito teve uma ligação de 16 anos com o FC Porto. É um filho do dragão, portanto, produto de uma fornada que incluía Ventura, Bura, Castro, Ukra ou Candeias.

Jorge Monteiro, ou apenas Monteiro, vai receber o prémio de Melhor Jogador da Liga de Chipre. Aos 25 anos, o extremo formado no FC Porto pensa ainda no troféu de máximo goleador da competição. Nesta altura, tem 18 golos em 34 jogos.

Mas quem é afinal este ilustre emigrante? O jogador responde em longa entrevista à  Maisfutebol Total e não evita alguns desabafos. Chegámos facilmente até ele e, por isso mesmo, chega a ser preocupante esta afirmação:

«Sabe uma coisa? Estou há três anos no Chipre, fui campeão logo no primeiro e nunca, mas mesmo nunca, fui contactado por um clube ou alguém ligado a clubes de Portugal. Procuram-me de todo o lado, sobretudo este ano, mas de Portugal nada.»

Monteiro não tem empresário mas prefere assim. Habituou-se a realidades complexas e acredita somente na sua qualidade dentro das quatro linhas.

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«Outro dado curioso. Joguei com todos eles e todos eles fizeram treinos na equipa principal durante essa altura. Eu não. Nunca percebi, mas nem um treino com o plantel do FC Porto em 16 anos de ligação!»

Em 2007, na transição para os seniores, o clube portista cedeu Monteiro ao Ribeirão. Monteiro tinha crescido na escola de um grande, habituado a vencer, a praticar um futebol ofensivo, com bola no pé, usufruindo das melhores condições para jogar futebol.

«Lá tínhamos de tudo. Os melhores relvados, os melhores profissionais e jogávamos o melhor futebol. Para além disso, tínhamos crescido juntos, jogávamos quase se olhos fechados. De repente, chegamos aos seniores e tudo muda. Não havia equipa B naquela altura e fui para o Riberão, para uma realidade completamente diferente. Ninguém que venha de um grande está preparado para isso, faltam projetos nos clubes para nos preparar para essa transição.»

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Amadora, Covilhã, Portimão, Ponta Delgada e Limassol

Monteiro só conhecia a realidade do FC Porto. Afinal, entrara no clube com apenas 6 anos. De repente, saiu para a zona de Famalicão e disputou a II Divisão nacional, onde foi comandado por Lito Vidigal.

O treinador gostou do jovem e levou-o consigo para a Liga. Uma oportunidade fantástica no Estrela da Amadora, que procurava disfarçar a aguda crise económica.

«A época começou muito bem, fui titular num jogo da Taça da Liga e suplente utilizado na segunda jornada do campeonato. Só que logo depois lesionei-me com gravidade, Lito Vidigal saiu entretanto e nunca mais joguei no Estrela.»

Em janeiro de 2009, Monteiro volta a fazer as malas e muda-se para a Covilhã. Em oito jogos na II Liga, marca quatro golos pelo Sporting local. Nova época e mais dois empréstimos do FC Porto, a Portimonense e novamente Sp. Covilhã. 

 

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Dezasseis anos mais tarde, termina a ligação entre o FC Porto e o jogador. Este continua na II Liga, mas agora em Ponta Delgada, ao serviço do Santa Clara. Em 27 jogos, marca 4 golos. Chega a altura de emigrar sem olhar para trás.

«No primeiro ano de AEL Limassol foi logo campeão. Depois joguei na fase de acesso da Liga dos Campeões e na Liga Europa. Entretanto, neste terceiro ano, comecei a marcar mais que nunca e sou reconhecido pelo que fiz para chegar até aqui.»

«Jogo como jogava o James no FC Porto»

Jorge Monteiro sente-se valorizado no Chipre. Num campeonato que tem nomes como Nuno Assis, Silas, João Paulo ou Ricardo Fernandes, conseguiu ser distinguido como o melhor jogador da época.

«Sinto que evolui, também porque aqui dão-me mais de trinta jogos por época. Quanto ao prémio, acho que ser o melhor de qualquer coisa é sempre uma grande recompensa. Sei que em Portugal têm uma má imagem deste campeonato, mas há equipas fortes e jogadores com muito valor. Este reconhecimento das pessoas é importante para mim.»

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O extremo (camisola 7 do AEL) luta ainda pelo título de melhor marcador da competição. 18 golos a comprovar uma época de grande nível, mesmo jogando ligeiramente afastado das áreas contrárias.

«Este treinador tem-me ajudado bastante e coloca-me numa posição onde me sinto bem. Jogo como jogava o James no FC Porto, ou seja, um extremo com liberdade para vir para o meio. Parto da direita mas apareço em outros espaços e, para além dos 18 golos, fiz 19 assistências.» 

 

«Não vou desistir dos meus sonhos!»

Em final de contrato com o AEL Limassol e com este registo impressionante, Monteiro pode aspirar um salto na carreira. Um regresso a Portugal, porém, não parece viável nesta altura.

«Como disse, estou há três anos em Chipre e nunca, nunca me contactaram de Portugal! Não percebo, mas isso leva-me a pensar que o futuro imediato não passa por aí. De resto, estou muito bem cotado aqui e tenho sido abordado por pessoas da Grécia, da Turquia, da Rússia. Quero evoluir em campeonatos maiores e não vou desistir dos meus sonhos!»

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A médio prazo, a seleção nacional seria um deles? O jogador sorri e faz a comparação.

«Não penso muito nisso, para já. Se um jogador como o Marco Paixão, com 25 golos marcados na Polónia, nem pré-convocado é, como posso eu achar que alguém a jogar nestes países consegue chegar à seleção? Resta-nos lutar e tentar mudar isso.»

A confusão instalada no jogo do título

A entrevista de Monteiro à Maisfutebol Total surgiu numa altura delicada. O seu clube, AEL Limassol, precisava de um empate frente ao APOEL Nicósia para garantir a conquista do título nacional. O adversário queria a vitória para recuperar a desvantagem e levantar o troféu. Porém, o jogo foi suspenso na sequência de um incidente polémico.

«O jogo já tinha estado parado antes, quando adeptos do APOEL atiraram pedras e garrafas para o relvado. Depois, numa altura em que tínhamos o jogo controlado, em que nos bastava o empate, aconteceu a tal situação.»

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A decisão do título cipriota foi interrompida ao minuto 52, com 0-0 no marcador. Kaká (defesa que passou por Portugal) estava no banco de suplentes do APOEL quando se ouviu a explosão de um pequeno engenho pirotécnico, atirado da zona dos adeptos do AEL. Gerou-se o pânico e o árbitro acabou com o jogo.

O AEL não se conforma e suspeita de uma ação premeditada. O presidente do clube oferece até uma recompensa a quem denunciar o adepto em questão, já que ninguém o conhecia por lá. Nesta quinta-feira, em primeira instância, chegou a decisão de disputar novamente o encontro em terreno neutro, à porta fechada, desde o apito inicial.

Nesta altura, o APOEL de Mário Sérgio ou Hélder Cabral pode recorrer da decisão, já que a pena de derrota para o adversário daria o título nacional à sua equipa. Monteiro não sabe o que esperar.

«Isso foi no fim-de-semana, eu ia receber o prémio de melhor jogador na gala de segunda-feira e regressar logo a Portugal mas foi tudo adiado. Tive de ficar aqui e ainda bem que o jogo vai ser repetido, em princípio, mas temos de ver em que data será. Enfim, espero que o título seja decidido no campo, como deve ser.» 

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