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Entrevista  |  

Fábio Pacheco: era o ‘afilhado’ do treinador, até lhe verem a qualidade

Fábio Pacheco foi um dos jogadores em maior destaque na equipa do Vitória na última temporada. Formado no Paços de Ferreira, o médio foi levado de Tondela para Setúbal por Quim Machado e conseguiu afirmar-se na Liga aos 27 anos. Tarde, mas a tempo de continuar a sonhar em jogar num grande ou em Inglaterra ou Espanha.

Fábio Pacheco foi um dos jogadores em maior destaque na equipa do Vitória na última temporada. O médio chegou a Setúbal pela mão do «padrinho» Quim Machado e fez 32 jogos, tendo anotado um golo.

Formado no Paços de Ferreira chegou também à Liga com a camisola pacense, mas não vingou. Foi na época 2009/2010, tendo sido emprestado ainda nessa temporada ao Rebordosa. Depois passou, na mesma condição, pela Oliveirense e pelo Tondela - clube para o qual se iria transferir e pelo qual jogou quatro temporadas.

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Assim, só aos 27 anos regressou ao principal campeonato português. «Tarde», mas a tempo de fazer uma boa época individualmente, numa temporada em que a equipa sadina começou muito bem e terminou a lutar para não descer de divisão.

Sortes diferentes ainda que no final ambos se tenham afirmado na Liga, tal como era o objetivo.

Em entrevista ao Maisfutebol, o médio, que admira o ex-portista Fernando, falou de 2015/2016, disse que se sente bem em Setúbal, onde aprendeu também a gostar de «peixinho», e admitiu que gostava de um dia dar o salto para um grande ou sair para Espanha ou Inglaterra.

Está de férias, mas a pré-época está quase a começar. Vai continuar no V. Setúbal?

Sim, tenho ainda mais um ano de contrato e para já ainda não apareceu nenhuma proposta. Por isso, o futuro passa por lá.

Chegou a Setúbal com o treinador. O que diziam no balneário sobre isso? Estava em vantagem…

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(risos) Diziam que eu era o afilhado do Quim Machado. O balneário era muito bom, muito brincalhão. Com o decorrer do tempo perceberam que era aposta pela qualidade (risos). Mas foi sempre tudo em tom de brincadeira. Até eu já brincava com isso.

Tratava o Quim Machado por padrinho?

Diretamente não, mas aos amigos dizia ‘o meu padrinho’ (risos).

Maso ‘padrinho’ deixou o Vitória no final da temporada. Como viu a sua saída?

Acabou por ser uma surpresa, visto que o objetivo acabou por ser cumprido. Era a manutenção e foi conseguida, mas pela forma como acabámos a segunda volta percebemos o porquê de ter saído. Para mim, além de me surpreender, deixou-me triste. Era um treinador que me acompanhava há dois anos, que confiava em mim e claro que isso me deixava tranquilo.

Segue-se José Couceiro…

Sim, uma boa aposta. Nunca tive a oportunidade de trabalhar com ele, mas as referências que tenho dele são muitos boas e as passagens dele pelo Vitória foram positivas. Por isso, penso que correrá tudo muito bem.

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Quanto à última época, foi sofrida. O Vitória terminou a primeira volta muito bem posicionado, mas depois caiu de forma e só na última jornada garantiu a manutenção. O que aconteceu?

É verdade. Começámos a temporada muito bem e surpreendíamos as equipas que jogavam contra nós, mas na segunda volta essas equipas já nos conheciam, jogaram mais recuadas e criaram-nos mais dificuldades. Mas não foi só isso: Suk e Rúben Semedo fizeram-nos muita falta. Não há que esconder. Foram sobretudo essas as causas. Essas e a falta de sorte em alguns jogos.

E o que se passava em Setúbal? O Vitória só conseguiu duas vitórias, empatou nove vezes e perdeu seis jogos…

Acho que aquilo que nos prejudicou foi a ansiedade, éramos uma equipa praticamente nova num clube com história. Queríamos sempre chegar rapidamente à vantagem e isso não nos estava a ajudar.

Os adeptos do Vitória são também conhecidos por serem muito exigentes. Isso é bom ou mau?

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Não tenho nada a apontar-lhes. São exigentes como devem ser. Sempre nos apoiaram. Até em algumas derrotas nos aplaudiram, o que surpreendeu alguns de nós. No início estavam mais satisfeitos. Na segunda volta as coisas complicaram-se e eles, claro, manifestaram-se descontentes.

Mas essa exigência e as manifestações de desagrado, quando ainda não estava garantida a manutenção, não foram prejudiciais para a equipa?

Todos os jogadores sabem que há sempre exigência e pressão e por isso também temos de saber lidar com isso, se queremos chegar mais além. Num dos grandes, exige-se ainda mais. Quanto a mim, isso não me prejudicava: dentro de campo esquecia e tentava lidar com essa situação. Como adepto, compreendo a reação.

Esta temporada ficou também marcada por algumas situações extrafutebol. O Vitória foi à Luz numa altura crucial da época e comentou-se que o Sporting e o Benfica aliciaram a vossa equipa. Como se lida com essas notícias?

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Sinceramente acho que isso acaba sempre por passar ao lado dos jogadores. Falo por mim, não dei importância nenhuma isso.

O Fábio, que foi quase sempre titular, na Luz não jogou, tal como o André Horta que agora se transferiu para o Benfica…

Sim, mas não joguei porque tinha levado pontos no joelho. Arrastei no piton no jogo com o Belenenses e tive de levar pontos. Quem me substituiu fê-lo bem.

Fábio Pacheco com Gian na receção sadina ao União Madeira em 2015/2016

Já falámos sobre a época menos boa do Vitória e individualmente que balanço faz?

Um balanço muito positivo, apesar de um ou outro sobressalto no início. O meu objetivo era regressar à primeira liga e isso acabou por acontecer. Fiz muitos jogos e praticamente todos a titular. Queria afirmar-me e acho que o consegui fazer. No Paços de Ferreira ainda joguei na Liga, mas não me consegui afirmar.

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Fez apenas nove jogos, não foi? Arranja alguma justificação?

Sim. Nove jogos e poucos minutos. Acho que se deveu ao facto de ser um jogador da casa. Agora o Paços aposta muito mais, mas na minha altura não. Subimos cinco jogadores da formação à equipa principal e saímos todos. Fui o último e por minha opção, mas os outros quatro acabaram também não se conseguir afirmar.

Considera que em Portugal se aposta pouco nos jogadores da casa?

Acho que isso já foi mais visível, atualmente já se valoriza mais os jogadores da formação. Já olham para eles de maneira diferente. Vimos o que aconteceu esta época no Benfica, com o Renato ou o Gonçalo Guedes, e no próprio Paços, com o Jota e o Andrezinho. Neste momento, veem os jovens como uma solução imediata e não para empréstimo.

Saiu do Paços para ir para o Tondela e jogar na Segunda Divisão B, preferiu jogar a outro nível do que ficar parado?

Sim. A qualidade e a experiência vão-se ganhando a jogar. Acho que me fez bem recuar. Fui para a Segunda B e depois subimos. Fez-me bem lá estar durante seis épocas para agora me conseguir afirmar.

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Por isso, é que o Fábio Pacheco só se afirmou na Liga aos 27 anos. Não foi demasiado tarde?

Sim, penso que foi um pouco tarde. A ideia era ir um ou dois anos e depois subir, mas não aconteceu. Houve abordagens, mas não se concretizaram. Concordo que chegar à Liga aos 27 anos acaba por ser um pouco tarde, mas hoje em dia a idade cada vez conta menos. Vemos isso, por exemplo na seleção. Acho que se deve dar valor ao trabalho e à condição física e não à idade.

Acredita que tinha qualidade para chegar mais cedo?

Penso que sim e acho que podia ter chegado mais cedo. Não cheguei e sei que agora é mais difícil ir mais longe. Mas, para já, tenho o meu objetivo realizado.

Como só se afirmou com esta idade, pensa jogar até quando?

Não me vejo a deixar o futebol tão cedo. Só aos 40 ou 41, tipo Maldini (risos). Depende das condições físicas, mas antes dos 35 ou 36 não penso abandonar.

E onde é que gostava de jogar no futuro?

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Qualquer jogador tenta sempre chegar a um grande clube e jogar nas principais Ligas. Não sou diferente. Gostava de conseguir um dia jogar na Liga inglesa ou espanhola, independentemente da equipa. São as melhores Ligas por isso são um sonho para qualquer um de nós.

E acha que tem qualidade para jogar nos ditos grandes?

Trabalho para isso, se tenho qualidade não sei (risos). Sei que ir para algum aos 27 é um pouco tarde, até porque eles querem sempre jogadores mais novos.

Nem sempre… o Sporting ainda agora contratou Petrovic que tem 27.

Ah! Também já tem 27? Então se o Sporting o contratou… se calhar ainda posso manter esse sonho dentro de mim (risos).

E chegar à seleção nacional… não jogou sequer nos escalões de formação, mas terá sempre o sonho de representar Portugal, não?

Claro que sim, mas sei que é muito difícil. Atualmente a seleção tem vários jogadores com as minhas características. Tem o Danilo e o William que, além de serem muito bons, jogam nos grandes e são mais novos do que eu.

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Fábio Pacheco com Slimani no V. Setúbal-Sporting da época passada

Como tem assistido também às boas épocas e ao crescimento do Paços de Ferreira?

Temos sempre carinho pelo clube onde fomos formados. Ainda joguei quando o Paços foi à Liga Europa. Estive na convocatória, só que não entrei nesses jogos. A partir daí foi sempre crescendo e é bom ver o clube evoluir. Deixa-me satisfeito que assim o veja.

E como viu a recuperação do Tondela nas últimas jornadas do campeonato? Foi o clube que ajudou a subir à II Liga e à primeira...

Foi fantástico! Foi um final muito inesperado. Fiquei feliz com a manutenção pelos amigos que lá tenho. Foram quatro anos. Fizeram uma recuperação incrível. É uma prova de que quem trabalha pode conseguir os objetivos.

Foi a primeira época a mais quilómetros de distância de casa. Como foi a experiência?

Foi muito agradável. Setúbal é uma cidade muito boa com qualidade de vida. O clima é bom e come-se bom peixinho. Aprendi a gostar de peixe (risos). No Norte não comia muito.

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