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Euro souvenirs  |  

1992: o «grand danois» e os seus convidados surpresa

Como a Dinamarca se tornou o mais improvável dos campeões europeus

Redação

Em 2008 a redação do Maisfutebol, em parceria com o cartoonista Ricardo Galvão, publicou na Prime Books o livro «Doze Euros no Bolso», que passava em revista, de forma bem-humorada, os momentos mais marcantes da história dos Campeonatos da Europa. São alguns desses textos, adaptados e atualizados, que recuperamos agora, para intervalar a atualidade do Euro 2016 com as memórias que ajudam a fazer a lenda da segunda maior competição internacional de seleções.

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Eles não estavam de férias na praia, como diz o mito, até tinham um jogo de preparação com a CEI, agendado para o início de junho. Mas, por essa altura, ainda faziam planos para o verão. O selecionador Möller Nielsen pensava arranjar a cozinha lá de casa, o avançado Henrik Larsen tinha marcado 15 dias de férias na Grécia. Quando soube que ia ao Europeu, por exclusão da Jugoslávia, transformou-os numa visita a Creta, marcada para depois da fase de grupos. Pois, as férias gregas de Larsen acabaram anuladas.

A Dinamarca foi avançando na Suécia, numa improvável história em crescendo. Nem sequer lá estava Michael Laudrup: o 10 ficou fora do Euro por desentendimento com o selecionador. Schmeichel era o líder, Brian Laudrup uma jovem promessa com apelido famoso, numa equipa que se alimentou de entusiasmo e motivação.

Tiveram nove dias de preparação. Quem acha que é pouco oiça Brian Laudrup: «Se calhar até foi uma vantagem para nós. Quando se treina durante quatro ou cinco semanas, já não se tem gozo em jogar.»

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A Dinamarca começou devagar. Estreou-se num empate sem golos com a Inglaterra, depois perdeu com a Suécia e, no último jogo da fase de grupos, venceu a França. A aventura continuava e atingiu o clímax na meia final, com a favorita Holanda, campeã em título. Larsen marcou aos cinco minutos e respondeu ao golo de Bergkamp com mais um. Rijkaard ainda forçou o prolongamento; nos penaltis, Schmeichel defendeu o remate de Van Basten.

Não é esse momento, no entanto, que Schmeichel isola quando recorda a meia-final. Nem o facto de Van Breukelen ter estado muito perto de defender três remates da Dinamarca no desempate. É o desplante de Christofte a marcar o último penalti. Dois passos atrás e um remate em jeito, rasteiro, colocaram a Dinamarca na final. «É um símbolo do nosso estado de espírito. Sentíamo-nos invencíveis», nota o guarda-redes.

A preparação curta e os 120 minutos com a Holanda deixaram marcas. Na véspera da final só nove dinamarqueses estavam aptos para treinar. Mas, algumas massagens depois, a equipa apresentou-se em Gotemburgo para completar a proeza que foi uma soma de improbabilidades. Como o golo na final de John Jensen, o médio que abriu o marcador diante da Alemanha e que, depois de contratado pelo Arsenal, marcou apenas uma vez em 100 jogos pelos gunners.

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O «grand danois»

Palavra de Peter Schmeichel: «Em cinco oportunidades da marca de penalti eu defendo sempre um.» No caso, foi o segundo da Holanda. Para o gigante dinamarquês era mais ou menos indiferente que o homem se chamasse Marco Van Basten. Outra regra de Schmeichel: não defendia em função do adversário. Em 1992, decidiu na véspera da meia-final o que faria se chegassem os penaltis: nos dois primeiros iria para a esquerda, depois para a direita, depois esquerda outra vez. Quando Van Basten rematou, tudo bateu certo: Schmeichel mergulhou para a esquerda e defendeu.

Foi essa mistura de autoconfiança, talento e alguma loucura que levou a Dinamarca ao título em 1992. Antes da festa, fica ainda a monumental defesa com a ponta dos dedos a um remate de Klinsmann que negou o golo do empate à Alemanha, ainda na primeira parte da final. Quando o árbitro apitou para o fim do jogo, em Gotemburgo, e confirmou a Dinamarca campeã da Europa, os jogadores uniram-se num abraço em torno do guarda-redes que foi a alma da proeza.

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A história de Schmeichel nos Europeus começou em 1988 e acabou em 2000, sendo um dos jogadores com mais presenças em fases finais. Ao longo de 12 anos, os adeptos habituaram-se a torcer por aquele dinamarquês que era o maior do bando e o que gritava mais alto. A voz de comando, a figura imponente, as defesas e as subidas para o ataque estão gravadas na memórias coletiva.

Filho de um emigrante polaco, Schmeichel naturalizou-se dinamarquês em 1970, quando tinha sete anos. Cresceu no Bröndby, chegou ao topo da Europa no Manchester United e ainda passeou os seus 193 centímetros e a camisola XXl por Portugal, onde ajudou o Sporting a ser de novo campeão, 18 anos depois. Pelo meio fez 129 jogos pela seleção da Dinamarca, mais do que qualquer outro.

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