Fernando vs. Luís Aguiar: velhos conhecidos chocam no Dragão

Chegaram na mesma vaga e na bagagem traziam sonho idêntico: vingar no plantel do F.C. Porto. Fernando e Luís Aguiar foram dois «quase-reforços» dos dragões para a temporada 2007/08. A expressão deve-se ao facto de apenas terem feito a pré-temporada e depois seguido outro rumo. O mesmo, no caso, com destino à Reboleira. O Maisfutebol socorreu-se de Daúto Faquirá e Carlos Azenha, dois técnicos que lidaram de perto com ambos no seu processo de adaptação ao futebol português, para perspectivar o embate de domingo, quando o F.C. Porto enfrentar o Sp. Braga. Por trás do empréstimo ao Estrela da Amadora esteve uma política a que, Carlos Azenha, na altura adjunto de Jesualdo Ferreira, dá nota de destaque. «Se ficassem no F.C. Porto não iam ter a possibilidade de jogar. O Fernando estava tapado pelo Paulo Assunção e o Luís Aguiar pelo Lucho Gonzalez», recorda o técnico. Na Amadora encontraram Daúto Faquirá que, desde logo, percebeu o valor dos jogadores que tinha em mão: «Tanto um como outro já despontavam, já mostravam potencial para trabalhar e jogar a outro nível. O Luís Aguiar teve uma integração mais difícil, até por uma questão de personalidade. Demorou algum tempo a adaptar-se à realidade do futebol português, um futebol mais táctico.» 2008 trouxe a ruptura e a explosãoAo contrário de Fernando, Luís Aguiar não terminou a época na Reboleira, tendo saído no início de 2008 para a Académica. Daúto Faquirá justifica a troca com os problemas financeiros que o E. Amadora vivia. Carlos Azenha diz que foi jogada do F.C. Porto. «O Luís Aguiar não estava a jogar no Estrela. Tivemos de encontrar uma solução porque ele não podia estar sem jogar e, então, foi emprestado à Académica, onde explodiu», lembra. Depois seguiu-se o Sp. Braga e o final da ligação ao F.C. Porto. Um erro estratégico? Faquirá diz que sim: «Acho que, pelas características dele e atendendo ao futebol de onde veio, a integração carecia de um pouco mais de paciência. Até porque, ao contrário do Fernando, era mais anárquico em termos tácticos.» Carlos Azenha entende que é preciso recuar no tempo para perceber estas decisões. «Isso tem de ser analisado de acordo com a conjuntura da época. O Alan também está a fazer uma temporada excelente, mas as decisões têm de ser tomadas no momento, de acordo com aquilo que se tem. É normal que depois os jogadores evoluam», refere. Já Fernando, aproveitando o percurso mais tranquilo, voltou ao F.C. Porto e conseguiu impor-se. Já não havia Assunção, como lembra Faquirá, mas, para Azenha houve mais a contribuir para a explosão do médio. «Já tinha rodagem de um ano, foi fundamental. Depois é um jogador que faz várias posições. Caso se recordem, há dois anos no início da época, eu disse que o Fernando ia ser dos jogadores mais importante do F.C. Porto. Cumpriu-se», afirma. Faquirá também teve um vaticínio que se confirmou: «Disse a muita gente que se o Fernando tivesse uma oportunidade no F.C. Porto ia agarrá-la e explodir.» «Tenho dúvidas que o Luís jogue no Dragão»O reencontro está agendado para domingo, quando o F.C. Porto enfrentar o Sp. Braga. Pelo menos em parte, já que Carlos Azenha acha difícil que os dois se cruzem no relvado desde o primeiro minuto: «A única explicação que posso encontrar para o Luís Aguiar ser titular é o factor motivação. Tenho dúvidas que jogue e nem é só pelo regresso do Mossoró. Só joga se o Domingos achar que o Dragão vai ser um estímulo para ele.» Caso jogue, Azenha perspectiva um duelo feroz com o ex-companheiro. «O Fernando não vai poder dar espaço ao Luís. Ele é muito aguerrido, característica própria dos uruguaios e num espaço curto consegue ganhar um, dois metros. E isso, no futebol, é fatal», atira. Daúto Faquirá gostava de ver o ex-pupilo no relvado. «Teve a vantagem de encontrar em Braga um meio campo já feito. Está cheio de vontade e o último golo que fez é mais um estímulo», considera o técnico.