O dia em que ninguém acreditou que Eusébio ia rematar

Anzolin mediu a distância com o olhar. Um pouco mais de 25 metros, talvez 30. Fez o cálculo mental e ergueu a mão direita, dois dedos bem visíveis, num sinal para os companheiros. Com a bola tão longe não era preciso mais gente na barreira. Mesmo que o rematador se chamasse Eusébio. Ou seria? O guarda-redes da Juventus teve um sobressalto de dúvida no momento em que o alemão Gloecker apitou. Depois Eusébio começou a correr.

Em 2006, para o livro «Sport Europa e Benfica», do Maisfutebol, Jaime Graça, também já falecido, contou a sua versão daquele momento. «Foi um grande golo do Eusébio, um remate rasteiro e de muito longe, quase do meio-campo. Vi golos dele extraordinários mas dessa vez penso que o guarda-redes o menosprezou, nunca pensou que ele pudesse atirar dali».

A verdade é que Eusébio rematou e a o Benfica venceu em casa da Juventus, algo na altura pelo menos tão difícil como hoje.

Na segunda metade da década de 60 as alegrias e tristezas do Benfica estavam diretamente ligadas ao bom e mau estado de um joelho esquerdo. O de Eusébio.

Dessa vez, Eusébio regressou e a 2 de Maio um golo decidiu o derby. Três dias depois, um golo ao FC Porto e a confirmação do título. Mais quatro dias e o aguardado recital na visita, com um golo na vitória por 2-0. E a 15 de maio o tal livre, aos 68 minutos. O Benfica apurava-se para mais uma final europeia, agora em Wembley.

Os que jogaram em Turim: José Henrique; Adolfo, Humberto Fernandes, Jacinto e Cruz; Jaime Graça e Coluna; José Augusto, Torres, Eusébio e Simões.