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Fonseca: de Quinito a Fernandez, a guilhotina no dragão

Pinto da Costa poupa o treinador até Frankfurt. Tolerância foi menor com quatro treinadores do passado. A primeira «vítima» recorda tudo ao Maisfutebol

Todos os treinadores demitidos no reinado de Pinto da Costa apresentavam, no dia da guilhotina, registos piores ao de Paulo Fonseca no campeonato nacional.

Quinito, Tomislav Ivic, Octávio Machado e Victor Fernandez saíram do FC Porto com uma média pontual inferior a dois pontos por jogo. Fonseca tem, depois da derrota diante do Estoril-Praia, 2.1 pontos conquistados por partida.

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Mais números, estes a contrariar um pouco a ideia anterior: desses quatro, só Octávio Machado estava tão longe como Fonseca do primeiro lugar. Sete pontos atrás do líder.

Quinito estava a dois e Ivic a quatro, embora nesse período a vitória valesse só dois pontos.

Neste exercício não incluímos os nomes de Luigi Del Neri e Co Adriaanse. O italiano (2004/05) e o holandês (2006/07) saíram antes do primeiro jogo oficial da respetiva temporada. E Adriaanse até tinha sido campeão nacional em 2005/06.

Serve tudo isto para reforçar uma ideia vigente e correta: Pinto da Costa não gosta de interromper relações profissionais com os seus treinadores a meio do percurso.

Tem sido essa recusa quase liminar a salvar, já por mais do que uma vez, a cabeça de Paulo Fonseca no presente ano desportivo. Até Frankfurt, pelo menos, o treinador está a salvo.

A prazo ou em definitivo?

Quinito ao Maisfutebol: «Fui marcado pelos 5-0 de Eindhoven»

Olhámos cada um dos casos dos treinadores demitidos pelo presidente do FC Porto. Janeiro costuma ser o período das decisões difíceis. Ivic, Octávio e Fernandez não resistiram a esse mês.

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Fonseca, aproveitando quiçá uma fase de maior tolerância do presidente, chegou a fevereiro. Menos sorte teve Quinito. A 30 de outubro de 1988 vestiu um fato cinzento, pôs uma gravata escura e orientou pela última vez o FC Porto: 0-0 em Fafe.

A 5 de novembro, o adjunto Alfredo Murça preparou o regresso de Artur Jorge com um triunfo de 1-0 sobre o Leixões.

Quinito, o homem do «Gomes e mais dez», da «carne toda no assador», romântico, excêntrico e lírico, foi vítima, essencialmente, de uma goleada imprevista.

O último jogo de Quinito no FC Porto:

O Maisfutebol encontra Quinito em Setúbal. Atravessa uma fase difícil na vida. Injusta. Perdeu um familiar próximo e está afastado por completo do futebol. Atende-nos com simpatia, apesar da voz vaga e triste.

Do atual FC Porto pouco sabe. Pede-nos, por isso, desculpa. Só aceita, após alguma insistência, voltar brevemente a 1988. «Os 5-0 de Eindhoven traçaram-me o destino no clube», diz-nos Quinito, uma personagem extraordinária do futebol português nos anos 80 e 90.

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Depois, lúcido, faz-nos uma advertência: «Atenção, não fui demitido. Eu é que entendi por bem sair. Tive uma reunião com o presidente e disse-lhe que a minha posição era irredutível».

O vídeo seguinte confirma a versão do antigo treinador do FC Porto:

Em suma, Paulo Fonseca está a usufruir de mais tempo do que todos estes treinadores. O cenário de despedimento pende, porém, sobre a cabeça do técnico.

Como se este se tivesse sentado por baixo da espada de Dâmocles.

1988/89: QUINITO (entrou Artur Jorge à 12ª jornada)

16 jogos oficiais: 6 vitórias, 7 empates, 3 derrotasNo campeonato: 3º lugar, a 2 pontos do líder Benfica

Época de frustrações, a primeira sem qualquer título desde 1983. Pinto da Costa escolhe o jovem Quinito, então com 40 anos, para a sucessão de Tomislav Ivic. Quinito levara o Sp. Espinho a um brilhante sexto lugar na época anterior.

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A saída de Rui Barros para a Juventus, as lesões graves em jogadores fundamentais (Lima Pereira, Gomes, Frasco e Eduardo Luís) e a quebra de rendimento do influente Rabah Madjer roubam qualidade à equipa.

O empate em Fafe, à 11ª jornada, logo após a humilhante goleada sofrida em Eindhoven (5-0) aciona o sinal de alarme. Quinito não resiste e sai. Regressa o Rei Artur, após breve exílio em França.

Dado curioso: Quinito não sofreu nenhuma derrota em jogos do campeonato nacional (cinco vitórias e seis empates).

1993/94: TOMISLAV IVIC (entrou Bobby Robson à 18ª jornada)

28 jogos oficiais: 16 vitórias, 8 empates, 4 derrotasNo campeonato: 3º lugar, a 4 pontos do líder Benfica

Um oportuno convite da FIFA leva o consagrado Ivic para Zurique e resgata Robson do desemprego imposto por Sousa Cintra. Na verdade, os resultados do vencedor da Taça Intercontinental de 1988 estavam longe de agradar. Os resultados e a qualidade do futebol.

Três empates e uma derrota em Faro (1-0) sentenciam a separação das partes. Ivic aguenta-se até à 17ª ronda e Robson estreia-se no famoso clássico da Luz, Mozer – 2 – Fernando Couto – 0.

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A época é salva pela conquista da Taça de Portugal e da Supertaça. Na Liga dos Campeões, os dragões só caem nas meias-finais frente ao Barcelona.

Ivic saiu com um registo de nove vitórias, seis empates e duas derrotas no campeonato.

2001/02: OCTÁVIO MACHADO (entrou José Mourinho à 20ª jornada)

36 jogos oficiais: 19 vitórias, 6 empates, 11 derrotasNo campeonato: 5º lugar, a 7 pontos do líder Sporting

Duas derrotas apressam a chamada de José Mourinho. Octávio, fiel adjunto de Artur Jorge no desbravar da Europa, é eliminado da Taça de Portugal pelo Sp. Braga (1-2 nas Antas) e perde logo depois no Bessa para o campeonato por 2-0. O FC Porto cai para o quinto lugar.

O homem que viria a ser Special, anos depois, promete o título para o ano seguinte. E cumpre. Vive-se o dealbar de uma era gloriosa no Dragão.

Dez vitórias, três empates e seis derrotas foi o saldo de Octávio no campeonato.

2004/05: VICTOR FERNANDEZ (entrou José Couceiro à 20ª jornada)

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29 jogos oficiais: 12 vitórias, 10 empates, 7 derrotasNo campeonato: 3º lugar, a dois pontos do líder Sp. Braga

Na primeira pessoa, Victor Fernandez explica ao Maisfutebol o seu despedimento:

«O presidente veio ter comigo e disse-me: 'Victor, não jogamos bem em casa, temos de mudar'. Ele precipitou-se, como já me disse algumas vezes, mas tive mesmo de sair. No FC Porto o nível de exigência é altíssimo».

A derrota na receção a um fortíssimo Sp. Braga é a debacle usurpadora do reinado de Fernandez. Sai o espanhol, a 30 de janeiro, vem José Couceiro, mas o título nunca chega ao Estádio do Dragão.

Na última jornada, o Benfica de Giovanni Trapattoni celebra a conquista no Bessa.

Nove vitórias, sete empates e três derrotas, a marca de Victor Fernandez na Liga.

* Luigi Del Neri (2004/05) e Co Adriaanse (2006/07) saíram antes do primeiro jogo oficial dessas épocas

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