A bombeira que vê os jogos ao lado dos treinadores
Fátima Rodrigues pertence à Corporação de Bombeiros de Paços de Ferreira e é presença assídua nos jogos na Mata Real. O relato de quem presta voluntariamente serviços de prevenção em jogos de futebol e está sentado ao lado dos bancos: «Fez-me gostar mais de futebol»
Quase nem olhamos para eles. Sentam-se ao lado dos bancos de suplentes e ali permanecem quase todo o tempo faça chuva, frio ou sol. Os nossos olhos quase nem reparam quando entram em campo: só vemos os jogadores ou tentamos perceber a gravidade das suas lesões. No entanto, sem bombeiros não há condições para a realização de um jogo de futebol. Fátima Rodrigues pertence à Corporação de Bombeiros de Paços de Ferreira e é presença assídua nos jogos na Mata Real. «O meu irmão era bombeiro e acabei por viver com ele o que ele vivia. Comecei a gostar e quando tive idade pensei ‘porque não?’. Entrei e estou lá há dez anos. É uma vida agitada, mas quem corre por gosto não cansa», relatou, em conversa com o Maisfutebol. Pese embora seja voluntária há vários anos, Fátima apenas pôde fazer prevenção quando passou a ser bombeira de terceira. «Quando somos estagiários, temos formação de um ano em várias áreas e só depois passamos a bombeiros de terceira. Nessa etapa prevenimos jogos de futebol. Por norma somos oito bombeiros. Imagine que o jogo começa às 18h30, o chefe de equipa tem uma reunião uma hora antes com os árbitros, com a GNR, enfim, com todos que participam na realização do jogo», explicou. Após o encontro, os bombeiros dirigem-se para as posições que vão ocupar no decorrer da partida. «Ficam quatro elementos de um lado e quatro do outro junto às linhas laterais», apontou antes de desenvolver o raciocínio acerca do papel dos voluntários durante os noventa minutos. «Só podemos entrar em campo com autorização do árbitro. Quando algo acontece, a equipa médica do clube é sempre a primeira entrar. Só depois é que solicitam a nossa entrada em campo. Ao socorrer os jogadores, os quatro bombeiros transportam a maca. O jogador pode cair a um metro de nós, mas se estiver em campo, temos de ir buscá-lo», esclareceu. Não raras vezes, há lesões graves que obrigam os futebolistas a serem transportados para o hospital. Essa tarefa não depende, todavia, dos bombeiros de serviço junto ao relvado. «Geralmente isso é feito é feito por uma ambulância do nosso quartel. Não podemos sair do estádio durante os jogos. Apenas socorremos jogadores e adeptos caso aconteça algo. Há jogos em que temos bombeiros nas bancadas ou equipas de combate a incêndios [assegura emergência juntamente com forças de segurança em caso de derrocadas, incêndios, evacuação]», frisou.
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Fora do jogo é uma rubrica do Maisfutebol que dá voz a agentes desportivos sem participação direta no jogo. Relatos de quem vive por dentro o dia a dia dos clubes e faz o trabalho invisível longe do espaço mediático. Críticas e sugestões para smpires@mediacapital.pt ou vem.externo@medcap.pt.