Futebol com Todos: que mal tem atirar o pau ao gato?
Ainda não sei se acredito na preocupação do Porto com o "batata frita viva o Benfica".
Esta semana trouxe-nos duas tendências contrárias no que toca à relação das pessoas com o futebol.
Foi a semana em que dois treinadores falaram publicamente de uma coisa tão antiga como o próprio jogo mas raramente esmiuçada com o nível científico que Vítor Pereira e Jorge Jesus lhe conferem: os bloqueios na execução de bolas paradas.
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Gosto quando os treinadores saem da torre dos sábios e discutem estas especificidades com - ou junto da - opinião pública. Os adeptos do futebol gostam de conhecer detalhes. Independentemente da fraqueza do argumento de quem acha que perde jogos por causa dos bloqueios. É que tão antigos como os bloqueios são os antibloqueios. E estes também se treinam.
Em sentido inverso veio, esta semana, a queixa de um pai porque numa escola da Ericeira se adaptou uma cantiga de crianças para lhe dar um final com a elaborada, perigosa e subversiva rima "batata frita, viva o Benfica".
O facto de isto motivar uma queixa no ministério da educação é apenas extravagante e ridículo. O facto de um clube de responsabilidade internacional, como o FC Porto, se preocupar com isso ao ponto de colocar um comunicado no site oficial é extremamente preocupante. Discutir a educação do país em função de uma rima de brincadeira, seja de que cor for, é um sintoma de que andamos mesmo todos a precisar de ir ao psicólogo.
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Como em França se discute o uso do véu islâmico, em Portugal há quem queira discutir questões clubísticas como se se tratassem de pilares fundamentais da vida social ou da identidade democrática de uma nação. São coisas mais importantes do que muitos intelectuais gostariam, sim: mas... "hellooooo!!!!" (esta expressão também se usa nas escolas e nos infantários) - trata-se apenas de torcer por um clube de bola ou por outro, ok?
Qualquer dia vem um higienizador político tentar proibir os miúdos de vestirem, na escola, camisolas do clube de que gostam. E depois, quem sabe?, equipam-se as criancinhas todas com fardas modernizadas da Mocidade Portuguesa. Assim mesmo, com maiúsculas, que não há acordo ortográfico que trave este império de bons costumes!
*Editor TVI
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