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História de Um Jogo  |  

O herói do Sporting-V. Guimarães que vende roupa de yoga para senhora

Armando Silva decidiu em 1996 o jogo entre os clubes em Alvalade. Foi um avançado de muito bom nível, mas com poucas oportunidades em Guimarães. «Nesse jogo marquei o meu único golo pelo Vitória e na baliza deles já estava o Oceano, o médio.»

A História de Um Jogo é uma rubrica semanal do Maisfutebol. Escolhemos um dos encontros da Liga portuguesa e partimos em busca de histórias e heróis de campeonatos passados. Às quinta-feiras, de 15 em 15 dias. Onze jornadas para o final da Liga. 19 anos depois, o Sporting está mais perto do que nunca de voltar a ser campeão nacional. Uma espera de duas décadas é demasiado longa para um clube tão grande.

A equipa de Rúben Amorim está sólida. Mostrou-o na vitória sobre o Benfica, no empate importantíssimo no Dragão, até na vitória em Tondela. Treme aqui e ali – Santa Clara, em Alvalade -, mas a fase final dos jogos tem dado quase sempre razão aos leões.

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O próximo obstáculo na Liga chama-se Vitória de Guimarães (sábado, 20h30, Alvalade). E não é um obstáculo simples. A equipa de João Henriques luta pelo quinto lugar e não se pode atrasar mais, sob pena de perder de vista o excelente Paços de Ferreira treinado por Pepa.

Mas não é só este Vitória de 2020/21 que justifica cuidados. Historicamente, o Vitória (Sport Clube) de Guimarães é capaz de colocar em aflições qualquer um dos três maiores emblemas nacionais, seja na Cidade-Berço, no Porto ou em Lisboa.

Na casa do Sporting, ainda a propósito deste jogo grande da Jornada 24 – há ainda um prometedor Sp. Braga-Benfica no domingo, às 20 horas, e um imprevisível Portimonense-FC Porto, às 18 horas de sábado -, os vitorianos já jogaram 75 vezes. Só para o campeonato nacional.

O saldo é muito favorável aos leões, apesar dos sustos regulares aprontados pelo Vitória: 56 vitórias leoninas, 12 empates e sete derrotas. Curiosamente, em cinco dessas derrotas o resultado foi 2-3. Jogos certamente emocionantes, com muito para contar, como confirmou Tiago Targino ao Maisfutebol em 2017, ele que foi o herói no último triunfo vitoriano.

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DATA RESULTADO
8 de novembro de 2010 2-3
31 de março de 1996 2-3
5 de abril de 1992 0-1
28 de setembro de 1974 2-3
29 de novembro de 1964 1-2
26 de novembro de 1950 2-3
31 de março de 1946 2-3

Nos últimos 20 jogos entre Sporting e Vitória em Lisboa, há assim só uma derrota para os verdes e brancos. É preciso recuar mais um pouco, até 1996, para encontrar outro vitoriano merecedor desse rótulo de herói. Armando Silva, herói sim senhor.

«Foi já há 25 anos, mas lembro-me de tudo. Estávamos a perder 2-0 ao intervalo e o Jaime Pacheco deu-me essa oportunidade. Entrei e decidi o jogo muito perto do fim», recorda Armando ao Maisfutebol, ele que por esses dias era um jovem avançado de 20 anos.

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Após um «passe longo», Armando ganhou de cabeça, a bola caiu na direita «para o Vítor Paneira ou para o Capucho» e depois houve um cruzamento. «Eu apareci e encostei bem.»

Nessa fase final do jogo, a baliza do Sporting era já defendida por… Oceano. Ele mesmo, o centrocampista. Ao minuto 80, o guarda-redes Costinha tinha sido expulso.

«O Edinho isolou-se e foi derrubado por ele, já com 2-2 no jogo. Foi bem expulso. Por isso posso dizer que o meu único golo pelos seniores do Vitória foi marcado em Alvalade e com o Oceano na baliza. Uma conjugação engraçada.»

«Fizemos o 2-1 e a ‘minhoca começou a engordar’»

Armando Silva, 45 anos, é natural de Guimarães. Acabou a formação no Vitória, foi emprestado a Vila Real, Ronfe e Paços de Ferreira, voltando ao Dom Afonso Henriques para ser o herói surpresa nessa tarde. Não por falta de qualidade, mas por falta de oportunidades.

«Nos primeiros tempos depois desse golo senti reconhecimento e que podia ser uma aposta séria. Não fui. As coisas passaram e eu perdi essa onda», lamenta o antigo avançado, agora a trabalhar numa empresa de material desportivo especializada em roupa de yoga para senhora.

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O Vitória tinha uma equipa muito forte em 95/96. Jogadores de seleção, experientes e com qualidade. Acabámos no quinto lugar e fomos à Taça UEFA. Fizemos uma primeira parte muito má na casa do Sporting, muito fraca. O Jaime mexeu connosco ao intervalo e a segunda parte foi toda nossa. Reduzimos cedo para 2-1 e ‘a minhoca começou a engordar’. Mandámos completamente jogo, fizemos três golos e ficaram mais por marcar.»

Esse Sporting acabara de despedir Carlos Queiroz e tinha no banco o interino Fernando Mendes. O Vitória aproveitou essa fragilidade e deixou Alvalade em choque.

«O Sporting estava recheado de grandes jogadores, mas tinha mudado de treinador e isso notou-se na segunda parte. Demos a volta com qualidade, tínhamos uma equipa muito forte fisicamente, como era habitual nas equipas do Jaime», recorda Armando.

O antigo ponta-de-lança ficou em Guimarães até ao final da temporada 1996/97 e passou depois por vários clubes. Aves, Fafe, Salgueiros e, sobretudo, Moreirense. Em Moreira de Cónegos ficou de 2002 a 2006, sempre com um rendimento alto.

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«Nos seniores só estive em 14 jogos e marquei um golo. Precisamente esse em Alvalade. Na minha segunda época pensei que ia ser mais utilizado, mas o Jaime Pacheco deu sempre prioridade ao Gilmar e ao Edinho. Tive de procurar soluções, fiquei com um amargo de boca porque tinha qualidade para jogar mais vezes. Merecia mais qualquer coisa, mas para um jovem jogador não era nada fácil», resume Armando Silva, que está agora completamente afastado do futebol. 25 anos depois de resolver um Sporting-Vitória.

«Fui treinador no futebol distrital, mas deixei em 2017. Na empresa onde estou fazemos roupa sem costura (seamless) para mulher, leggings por exemplo. Trabalhamos muito com o mundo do yoga.»

FICHA DE JOGO:

31 de março de 1996 Estádio José de Alvalade, 15 mil espetadores Árbitro: Lucílio Batista

SPORTING: Costinha; Nélson (Dominguez, 60), Naybet, Marco Aurélio e Afonso Martins; Peixe (Pedro Martins, 67) e Oceano; Sá Pinto, Pedro Barbosa (Paulo Alves, 77) e Amunike: Iordanov.

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Não utilizados: Tiago (GR) e Luís Miguel Treinador: Fernando Mendes

VITÓRIA: Nuno E. Santo; José Carlos (Armando, 46), Arley, Vítor Silva e Basílio; Vítor Paneira, Quim Berto, Soeiro e Capucho; Zahovic (N’Dinga, 81); Edinho.

Não utilizados: Neno (GR), Emerson e Ramires Treinador: Jaime Pacheco

Cartão Vermelho: Costinha (80) Ao intervalo: 2-0 Golos: Pedro Barbosa (14), Sá Pinto (43), Edinho (54), Capucho (64) e Armando (89)

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