França: Sarkozy garante que não cede
Centenas de milhares de funcionários públicos juntaram-se aos ferroviários em greve há uma semana
Centenas de milhares de funcionários públicos paralisaram esta terça-feira em França e juntaram-se aos ferroviários em greve há uma semana, marcando um pico na contestação das medidas sociais consideradas indispensáveis pelo presidente Nicolas Sarkozy para reformar o país, escreve a Lusa.
Manifestações reuniram dezenas de milhares de pessoas em várias cidades de França, nomeadamente em Paris onde o cortejo desfilou encimado por uma faixa proclamando: «Juntos pelos salários, o emprego e os serviços públicos».
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Em resposta, o presidente francês insistiu hoje na «necessidade de reformas» em França e prometeu «não ceder» aos contestatários.
«Não cederemos e não recuaremos», disse Nicolas Sarkozy no congresso dos presidentes de câmara franceses.
«A França precisa de reformas para ultrapassar os desafios que o mundo lhe coloca. Estas reformas demoraram demasiado tempo», afirmou na sua primeira intervenção pública desde o início do movimento social.
Segundo Sarkozy, «após tanta hesitação, tanto adiamento, tanto recuo, é uma verdadeira ruptura que se tornou necessária para impedir o declínio».
O presidente lembrou, a propósito, que foi eleito em Maio com um programa de «ruptura».
Todos os sindicatos da administração pública convocaram para hoje um dia de greve, coincidindo com o sétimo dia de um conflito nos transportes que tem dificultado a deslocação de milhões de franceses.
A greve foi particularmente seguida no sector da educação (900.000 professores), onde se registou uma taxa de adesão de 39 por cento segundo o governo e de mais de 60 por cento de acordo com os sindicatos. Numerosas escolas não abriram.
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Os jornais falharam nos quiosques e foram anulados ou atrasados voos nos aeroportos parisienses de Roissy e Orly devido à greve de uma parte dos controladores aéreos.
O governo conservador, que estimou o custo da greve nos transportes em mais de 300 milhões de euros/dia, espera que esta «terça-feira negra» assinale o ponto mais alto da mobilização social antes da abertura de negociações na quarta-feira.
Hoje, a circulação no metro e na SNCF (caminhos-de-ferro) continuou com grandes falhas, com cerca de um TGV em dois e poucos comboios para os subúrbios.
Embora se espere uma ligeira melhoria nos transportes para quarta-feira, a situação deve manter-se difícil, enquanto aumenta a irritação dos utilizadores.
Os ferroviários protestam contra a reforma dos regimes especiais de aposentação.
Os funcionários públicos (5,2 milhões no total) manifestam-se contra a supressão de 22.900 postos de trabalho em 2008, metade dos quais na educação, e reclamam uma subida dos salários.
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Uma maioria de franceses (53 por cento segundo uma sondagem recente) apoia o movimento dos funcionários públicos, que pode incorporar os descontentamentos, pois a opinião pública está cada vez mais preocupada com a subida dos preços dos produtos alimentares, do combustível ou das rendas.
Ao contrário, a greve nos transportes é impopular.
A agitação toca também as universidades, com metade dos 85 estabelecimentos em França com problemas ou bloqueados por estudantes que protestam contra uma lei de autonomia que, segundo eles, conduzirá à «privatização» do ensino superior.