Katsouranis: «Fernando Santos? Para nós é melhor do que Mourinho»
Selecionador da Grécia já superou Otto Rehaggel, pelo menos no coração do povo. «É um homem mais simples»
«Na Grécia não há meio-termo: ou se ama, ou se odeia». Jorge Rosário, fiel escudeiro de Fernando Santos até 2010 e durante 17 anos, sabe do que fala. Experiências sem fim, aventuras de intensidade máxima, Atenas, Salónica, todo um país vivido a partir do mundo do futebol.
Na primeira fila, o atual auxiliar de Sérgio Conceição na Académica de Coimbra assistiu ao desenvolvimento mútuo da relação. Fernando Santos tornou-se uma figura ímpar no país; o povo grego passou a ter um lugar especial no coração da equipa técnica portuguesa.
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«Nunca tivemos qualquer problema. Na rua, nos restaurantes, nas galerias comerciais, andámos sempre à vontade em Atenas. Treinámos o AEK, o Panathinaikos e o PAOK, este em Salónica. Mesmo os adeptos do Olympiakos abraçavam-nos e brincavam connosco», conta Rosário ao Maisfutebol.
Kostas Katsouranis não trabalhou sempre com Fernando Santos, mas comprova a ideia. «Além de tentar falar grego em público, demonstrou desde o primeiro dia interesse e conhecimento pela nossa história. Isso ajudou muito», considera o ex-jogador do Benfica, ao nosso jornal.
«O Fernando é o treinador ideal para os gregos. Mais do que José Mourinho», acrescenta Jorge Rosário, no que é suportado por Katsouranis.
«O Mourinho é um dos três melhores do mundo, de outro planeta, mas para o futebol grego não há melhor do que o mister Santos».
«Há um consenso anormal em redor do Fernando Santos»
Otto Rehaggel escreveu a página mais brilhante do futebol helénico, para mal dos pecados lusitanos, mas será que nesta altura já foi ultrapassado por Fernando Santos?
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«É difícil responder», hesita Katsouranis. «Estão os dois no topo, mas o Fernando é mais admirado pelas pessoas», contrapõe Jorge Rosário. «É um homem simples e os responsáveis gregos perceberam isso. Foram inteligentes ao contratá-lo para a federação».
Durante anos, sem necessitar de se esconder do que seja, Fernando Santos percorreu os estádios gregos, correu o país de lés a lés e ficou a conhecer a essência daquele futebol. «Quando assumiu a seleção estava preparadíssimo para renová-la. Conhecia todos os jogadores», diz Jorge Rosário.
«Há um consenso anormal em redor do Fernando Santos. Ninguém o contesta, mesmo nas derrotas. A Grécia não pode desperdiçar este capital raríssimo», invoca Katsouranis, um homem que sonha com a despedida da seleção no Mundial do próximo ano.
No meio desta relação harmoniosa, há apenas um dado negativo a apontar. «O Fernando gosta demasiado de trabalhar e na seleção trabalha pouco. Faz umas observações, trabalho de secretária, mas no relvado há pouco a fazer. Ele sente falta do treino diário», confidencia Rosário.
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