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Lado B  |  

Toni Kroos: quando as cunhas dos pais até fazem sentido

Ajudou a esmagar o Brasil, mas já foi acusado de só jogar por…ser filho do treinador

Se a história de Toni Kroos valesse um filme, certamente a película não venderia pelo argumento. Não falamos de alguém com uma infância difícil, com problemas familiares ou constantes provas de superação.

Na rubrica «Lado B», o Maisfutebol costuma apresentar casos de enorme superação até à fama de chuteiras calçadas. Desenganem-se: este não é um desses casos.

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O caminho de Toni Kroos até à profissionalização foi relativamente simples. Não muito diferente da esmagadora maioria dos casos. Agarrou-se ao talento, praticamente abdicou da escola e teve uma família que o apoiou. E é, então, neste ponto que nos centramos.

Toni Kroos nasceu numa família de desportistas. O pai, Roland Kroos, foi jogador e treinador de futebol. A mãe, Birgit, representou a Alemanha de Lestes (RDA) em competições internacionais de badminton.

O primeiro filho do casal, Toni, nasceu em janeiro de 1990, pouco depois da queda do muro de Berlim. A Alemanha começava a ser um país muito diferente daquele em que cresceram Roland e Birgit, mas o pai de Toni sempre garantiu uma coisa: o apoio ao desporto na RDA era enorme.

Veio daí a paixão. E veio daí, também, a educação dada ao filho, mal se apercebeu do talento agora evidente. O problema? Convencer os demais.

Toni Kroos começou a jogar à bola na equipa local de Greifswald, a cidade onde nasceu. Por brincadeira, como começam todos. O pai, que treinava a equipa, percebeu o talento e indicou a contratação ao Hansa Rostock, que acatou. Pormenor: Roland Kroos também seguiu para o clube, como treinador.

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Toni, com 12 anos, passou, então, a ser treinado pelo pai e conviveu, frequentemente, com indiretas à relação privilegiada com o treinador. O pai chegou a contar que o mais difícil era convencer os seguidores do clube de que o seu filho jogava porque era bom e não porque era…seu filho.

Não tardaria a fartar-se. Depois de alguns anos a alternar grandes exibições nas camadas jovens do Hansa Rostock com discussões com o público que não compreendia o seu talento, surgiu o rumor do interesse do Bayern Munique.

Tinha 17 anos e o pai nem hesitou. Levou, ele mesmo, o filho ao gigante da Baviera para o primeiro treino. Sabia que ia ter razão. E teve.

Descalço por obrigação nas aulas de Educação Física

Para trás ficara a tal infância normal, se excetuarmos o percurso escolar. Como se disse, com pais desportistas e com o irmão, Felix, agora no Werder Bremen, a caminhar para isso, Toni Kroos não teve uma educação pelos padrões, ditos, habituais.

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A velha mensagem dos «estudos primeiro!» não repercutia na cabeça do médio que ajudou a esmagar o Brasil em Belo Horizonte.

Faltava, em média, a 40 dias de aulas por ano, entre o 7º e o 10º, o último que completou. No 11º ano já treinava ao lado de Ribery ou Miroslav Klose no Bayern. Pediu transferência para Munique, mas nunca terminou o ano, dedicando-se ao futebol a tempo inteiro.

Antes, a incompreensão de vários dos professores prometeu trazer-lhe dissabores. Valeu-lhe a compreensiva Sieglinde Heimann, professora de História. Tinha sido atleta federada de andebol e defendeu-o várias vezes com os colegas.

«Uma vez dispensei-o de um exame porque tinha ouvido que ele poderia ir para o Bayern Munique. Disse-lhe: voa para lá. Noutra altura, chegou atrasado, percebi que estava estafado, olhei-o e disse-lhe: vai lá embora, estás dispensado por hoje. Sorriu e saiu. Era educado, mas não gostava da escola», contou a professora, numa entrevista publicada no jornal «Die Welt».

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A exceção era óbvia: Educação Física. E aí havia limites. A diferença para os colegas era tão evidente que o professor o obrigava a jogar descalço para nivelar as equipas.

Se o muro de Berlim continuasse de pé, provavelmente Toni Kroos não estaria agora prestes a jogar a final de um Mundial. Será, a par de Schmelzer, do Borussia Dortmund, o último grande jogador nascido na Alemanha de Leste.

No domingo poderá ajudar o cumprir o vaticínio de Beckenbauer que, depois de se sagrar campeão do mundo em Itália (1990), projetou uma Alemanha imparável, agora unificada.

E, ao mesmo, tempo, continuar a dar razão ao pai contra os «Velhos do Restelo» de Rostock.

Lado B é uma rubrica que apresenta a história de jogadores de futebol desde a infância até ao profissionalismo, com especial foco em episódios de superação, de desafio de probabilidades. Descubra esses percursos árduos, com regularidade, no Maisfutebol.

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