LE: Académica-Atl. Madrid, 2-0 (crónica)
Pensavam que era impossível? O Atl. Madrid não perdia há mais de um ano na Europa, mas teve de se inclinar em Coimbra
Era impossível? O Atlético de Madrid não perdia há 16 jogos para as provas da UEFA, só tem uma derrota esta época, está no segundo lugar da Liga espanhola, é o detentor da Liga Europa e conquistou a última Supertaça Europeia? Esqueçam tudo isto.
Esta quinta-feira fez-se história em Coimbra. A Académica de Pedro Emanuel está, decididamente, talhada para os grandes momentos. Fez o impensável: derrotou o poderoso colosso europeu e com uma tranquilidade... impressionante.
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A senhora Briosa está de volta às grandes noites europeias, 43 anos depois da última vitória internacional e, acreditem, mantém em aberto todas as possibilidades de agarrar o segundo lugar do grupo e passar à próxima fase.
Quem diria?
Atlético abusou das experiências
Uma olhadela rápida pela constituição das equipas deixou claro que enquanto os portugueses iriam levar este jogo muito a sério, apostando nos melhores do momento, já os espanhóis mantiveram o hábito de gerir o plantel na prova. Mas, desta vez, se calhar, Simeone foi demasiado longe.
Sílvio e Tiago eram esperados no onze, mas, o resto, eram nomes muito pouco conhecidos, jovens da chamada «cantera», que teriam em Coimbra a oportunidade de ganhar um lugar entre os mais crescidos.
Talvez por isso, ou por alguma descompressão natural de quem está perto do objetivo (um ponto bastaria ao Atlético para obter já a qualificação), os «colchoneros» abordaram o jogo em lume-brando.
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Aceitaram o convite a ter bola e foram-na guardando, mas com muito pouca intensidade, ou intencionalidade, nas suas ações. A Académica, claro, sentia-se confortável perante este cenário e aproveitou para contra-atacar.
Nem sempre o fez com a lucidez necessária, o perigo criado era relativo, mas ao menos ia tentando colocar o colosso espanhol em sentido. Cleyton experimentou um pontapé de ressaca, Cissé escorregou quando tinha o golo à mercê, e, logo a seguir, Wilson abriu mesmo o marcador.
Confira a FICHA e as NOTAS dos jogadores
Explosão de alegria na bancada e a prova de que, afinal, o Atlético de Madrid também podia ir ao tapete. Os espanhóis tentaram reagir, mas saiu-lhe mais do mesmo: muita confusão de ideias, pouca velocidade, quase um mar de rosas para a defesa da Briosa.
Tudo se alterou com o raspanete que Simeone terá, por certo, aplicado nos seus jovens pupilos ao intervalo. Ricardo teve de mostrar serviço em dois lances consecutivos, face à avalanche de futebol de ataque dos madrilenos, sobretudo pelo ar.
A Académica, todavia, soube suportar a reação natural dos espanhóis e, como já vai sendo hábito, mostrou muito mais futebol na segunda parte. Ligou melhor o jogo, afinou a contra-ofensiva e, graças à clarividência de Cleyton, que descobriu Cissé na área, obrigando Pulido a fazer penalty, a chegou ao 2-0. Começava a cheirar a três pontos para os de Pedro Emanuel.
Ato contínuo, os cerca de 30 adeptos «colchoneros» presentes na bancada recolheram a trouxa e foram embora, com esta para contar aos netos... Como foi possível? Acreditem, aconteceu mesmo.
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