Eclipse do Brasil ao fim de 23 anos
A história começou num confronto com Bela Guttman, mas agora fica suspensa
Está confirmado. Esta é a pior temporada do futebol brasileiro na história recente da Taça Libertadores da América. Após ter garantido os últimos quatro troféus da prova de maior prestígio na América do Sul, o Brasil eclipsou-se e desapareceu das meias-finais, como já não sucedia há longos anos.
Mais concretamente, há 23. Desde 1991 que pelo menos uma equipa brasileira marcou presença nas meias-finais da Libertadores. A eliminação do Cruzeiro frente ao San Lorenzo retirou ao futebol canarinho a possibilidade de fazer algo inédito na competição, ganha pela primeira vez por uma equipa brasileira em 1962, quando o Santos de Pelé derrotou o Peñarol orientado por…Bela Guttman.
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Naquele ano de 1991, o Flamengo era o resistente brasileiro, quando lhe saiu o Boca Juniors nos quartos de final. Depois de vitória no Rio de Janeiro, os cariocas ainda tentaram uma operação de charme. Chegaram à Bombonera com um cartaz dedicado a D10S: «Maradona, o Flamengo te ama, hoje e sempre.»
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Ora, em 2014 o futebol canarinho procurava algo inédito: vencer cinco Libertadores seguidas. As últimas quatro ficaram para Internacional, Santos, Corinthians e Atlético Mineiro. Ou seja, um tetracampeonato igual aos dois que a Argentina tem: o Independiente venceu entre 1972 e 1975, Racing e Estudiantes de La Plata (três vezes) entre 1967 e 1970.
O campeonato brasileiro é também o único da América Latina que tem vencedores do recente Mundial de Clubes. São Paulo, Internacional e Corinthians ganharam esse troféu, mas, este ano isso poderá deixar de ser uma exclusividade do Brasil.
Campeões inéditos, Bela Guttman e Rei PeléSan Lorenzo e Nacional (Paraguai) já estão apuradas para as meias finais. Falta conhecer outros dois semifinalistas, que vão sair dos jogos Bolívar-Lanús e Defensor Sporting-Atlético Nacional. Esta última formação colombiana é, das que restam, a única que venceu a Libertadores. Fê-lo em 1989.
Assim, se forem os uruguaios a passar, haverá um campeão inédito. Se o Lanús se qualificar na Bolívia, haverá um finalista argentino, pois o vencedor do jogo de La Paz defronta o San Lorenzo, em julho.
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Como acontece sempre em ano de Campeonato do Mundo, o campeão da Libertadores só será conhecido depois do Mundial.
Foi, aliás, essa particularidade que permitiu a Bela Guttman ser, ainda hoje, o único treinador a disputar uma final da Liga/Taça dos Campeões Europeu e uma da Libertadores.
Depois de ser bicampeão europeu com o Benfica em 1962, o húngaro partiu para o Uruguai e orientou os três jogos do bicampeão Peñarol na final com o Santos. Perdeu em Montevideu (1-2), venceu em São Paulo (3-2).
Na finalíssima, no Monumental de Buenos Aires, Rei Pelé (dois golos no 3-0) acabou com as esperanças do húngaro (pelos vistos também perdia finais) em vencer a Libertadores no mesmo ano em que tinha sido bicampeão europeu com o Benfica e o Santos iniciava a história brasileira na prova, agora interrompida em 2014.
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