Greenpeace na Luz: UEFA está com a batata quente na mão
No dia em que a UEFA analisa o que falhou na final de Lisboa, os ativistas da Greenpeace que apareceram sem serem convidados no Estádio da Luz enfrentam a justiça portuguesa
Como é que os ativistas da Greenpeace se tornaram personagens principais nos momentos que antecederam a final da Liga dos Campeões, em pleno topo do Estádio da Luz, no último sábado? É isto que a UEFA vai esclarecer nas horas que vão seguir-se [depois de já ter apresentado queixa às autoridades portuguesas]. Assim como também os ativistas estrangeiros e portugueses da organização ambientalista que foram detidos vão saber nesta segunda-feira o que lhes dirá a justiça num tribunal de Lisboa.
Na hora que antecedeu a cerimónia de abertura da final entre Real e At. Madrid, membros da Greenpeace do Reino Unido apareceram na cobertura do Estádio da Luz com o objetivo de realizarem um protesto contra a Gazprom – um dos principais patrocinadores da mais importante prova de clubes organizada pela UEFA.
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O momento foi captado e divulgado em tempo real nas redes sociais, como também foi de seguida noticiado.
Here's a better photo. Wonder if @UEFA is aware of this protestor although it appears they have now come down. pic.twitter.com/wHFjPVpegz
— Alex Thomas (@alexthomascnn) 24 maio 2014
O protesto não chegou a concretizar-se pela intervenção das autoridades portuguesas. Os ativistas «foram detetados pela polícia antes de fazerem o que estava previsto», conta ao Maisfutebol o porta-voz da Greenpeace em Portugal. E o que estava previsto, revela Luís Ferreirim, era «fazer descer a partir da cobertura do estádio uma faixa de 50 metros quadrados a dizer Stop Gazprom, save the Arctic [Parem a Gazprom, salvem o Ártico].
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O protesto na Luz pretendia ser semelhante ao realizado em outubro do ano passado, no jogo da Liga dos Campeões entre o Basileia e o Schalke 04.
A ação da Greenpeace em Lisboa demorou «vários meses» a ser preparada e tinha intenções claras: «O objetivo era visar os responsáveis da Gazprom presentes no estádio.» «Em nenhum momento queríamos interferir com o jogo ou sequer com a cerimónia [de abertura]», garante Luís Ferreirim. O porta-voz português explica que a ação pretendeu, sim, «mostrar que a presença da Gazprom no Ártico é altamente perigosa».
A empresa russa que trabalha no setor da energia – é a maior exportadora de gás natural do mundo – tem um acordo de patrocínio com a UEFA entre 2012/15. E a Greenpeace envolve-se no futebol para dizer que «a UEFA não devia deixar que a Gazprom utilize espetáculos como este para limpar a imagem». A organização ambientalista luta pela constituição de um santuário no Ártico pondo fim à exploração de petróleo no polo norte.
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A campanha para o santuário global é o primeiro ponto. Mas, por enquanto, os russos da Gazprom foram «os primeiros a perfurar no Ártico» e, garantem os responsáveis da Greenpeace, «já fizeram a primeira entrega de petróleo» à Europa há cerca de três semanas. A pressão europeia e no futebol feita pelos ambientalistas é, assim, para que a UEFA «suspenda o acordo de patrocínio coma Gazprom».
Mostrar o cartão vermelho ao patrocinador – como fizeram noutra ação, de novo na Champions. Em dezembro último, o engenho dos ambientalistas recorreu a um ecrã com um controlo remoto para surpreender quem aguardou pela conferência de imprensa do Real Madrid em Copenhaga – Pepe e Ancelotti incluídos.
Como a Greenpeace garante não querer influir no jogo, também a UEFA não tem respondido aos ambientalistas por estas ações. [Até agora.] Nada se passou na sequência desta ação na Dinamarca. Em relação ao protesto na Suíça, a UEFA decidiu punir o Basileia com uma multa de 30 mil euros por «falha de organização».
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No sábado, voltou a haver falhas quando o palco da final teve personagens inesperadas. Fonte da PSP referiu ao Maisfutebol que, em relação à atuação da polícia, «não podemos falar em falhas» e contrapõe que a operação competente à força policial «foi um sucesso». «A segurança do complexo no próprio dia do evento cabe à PSP e fizemos o nosso trabalho de detetar alguém que não poderia estar ali», disse.
As autoridades referem que, nos dias anteriores ao da final, a responsabilidade está com «quem alugou o estádio», nomeadamente com «a UEFA e com as empresas de segurança da UEFA». Os ativistas da Greenpeace estiveram desde 4ª feira no Estádio da Luz escondidos no interior de tubos de cimento, como revelaram os ambientalistas. E o estádio de uma final europeia passa a ser «propriedade da UEFA» cerca de «uma semana antes do jogo», como esclarece o departamento de comunicação do organismo que regula o futebol europeu.
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Na reunião desta segunda-feira na sua sede, em Nyon, na Suíça, a UEFA vai «tentar perceber como chegaram onde chegaram [os ativistas do Greenpeace], por que razão não foram detidos antes e como foi resolvida a situação», como foi assumido ao Maisfutebol. Os ativistas intercetados pela polícia na Luz foram dez: um português, um espanhol, um dinamarquês, um neozelandês e seis ingleses (divididos entre sete homens e três mulheres).
Todos foram retidos no estádio e nove ficaram detidos, enquanto o cidadão nacional foi posteriormente libertado. Nesta segunda-feira, os dez ativistas da Greenpeace do Reino Unido vão ser presentes a um juiz para saberem o que decorre da acusação de «introdução em local vedado ao público».
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