FC Porto-Sp. Braga, 1-0 (crónica)
Todas as respostas na bota direita de Rui Pedro
Uma galinha preta passeia no relvado, um penálti de André Silva morre na luva esquerda de Marafona, dois golos são anulados (Diogo Jota e Herrera) e deixam de ser golo, um cabeceamento de Danilo bate no poste direito, um remate de Maxi Pereira na pequena área é parado pelo corpo do inspirado guarda-redes do Sp. Braga.
E vão 520 minutos de celibato do FC Porto com as balizas... Desespero, dores de alma, urticária, gritos de exorcismo. E tudo silenciado por um menino de 18 anos chamado Rui Pedro.
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No período de descontos, com todo o estádio de mãos na cabeça e pensamentos trágicos, o ponta-de-lança (em estreia absoluta na Liga!) encara Marafona e, como se nada se anormal se passasse, pica a bola em habilidade e sai a voar.
O Estádio do Dragão explode e expele todos os males que o atormentam. Talvez desde o momento-Kelvin que não se via uma coisa assim, um sentimento de fúria e alívio, um berro que atesta o maravilhoso lugar que o futebol pode muito bem ser.OS DESTAQUES DO JOGO: André S... perdão, Rui Pedro
Quem não concordará com a ideia, compreensivelmente, é o Sp. Braga. A equipa de José Peseiro perde o terceiro lugar, já nos últimos suspiros de um duelo em que, de facto, o massacre futebolístico do FC Porto é uma evidência.
Antes de Rui Pedro, porém, a atmosfera convida ao sobrenatural. Convida a questionar a existência de GOLO na realidade portista e a compará-la com a busca por vida alienígena.
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Ateus e agnósticos, fanáticos e homens santos, génios da matemática e cientistas, químicos e astrónomos: religião e ciência, alguém teria a resposta para o que estava a acontecer ao FC Porto de Nuno Espírito Santo?
Para os incrédulos, o Maisfutebol sugere a consulta do AO MINUTO da partida e a procura da palavra INACREDITÁVEL. Basta contar as vezes que a escrevemos para se comprovar que esta maldição - vamos por aí? - encaixava na sintomatologia normalmente associada às pragas.
Convencidos? Não? Mais um argumento forte: o Sp. Braga joga 50 minutos reduzido a dez unidades - tal como o Belenenses na passada terça-feira -, por expulsão acertada de Artur Jorge, no lance que origina a grande penalidade mal batida por André Silva.CLASSIFICAÇÃO DA LIGA
Para grandes males e epidemias aparentemente incuráveis, grandes remédios. Na derradeira ofensiva, Nuno lança Herrera e Rui Pedro (Brahimi entrara no final do primeiro tempo, Otávio lesionado) e a recompensa chega mesmo, mesmo no fim.
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É verdade que o Sp. Braga tem uma forte atenuante para a exibição de expetativa e gestão de tempo, com o vermelho de Artur Jorge, mas os factos são estes: os arsenalistas não têm um lance de perigo, um único sequer, junto à baliza de Iker Casillas.
Até aos 20/25 minutos há um certo equilíbrio de forças, sempre com o FC Porto mais ambicioso, e daí para a frente há, Porto, Porto, Porto, e lances absolutamente caricatos, a adiarem o momento Zen de Rui Pedro.
Dados estatísticos: o FC Porto acaba com uma seca de golos nunca antes vista, ultrapassa o Sp. Braga e fica a quatro pontos do Benfica (e a dois do Sporting). Na próxima semana, é bom lembrar, há dérbi lisboeta no Estádio da Luz.
Sinal divino?