Benfica-Belenenses, 5-0 (crónica)
Em torno de Jonas o Benfica joga, cresce e ganha
Jonas tem coisas que trazem à memória uma frase de Mancini, no final dos anos 80. Um dia perguntaram ao então jogador da Sampdoria porque insistia que a direção contratasse Paulo Futre.
«Se ele consegue fazer de um avançado vulgar como Baltazar o melhor marcador de Espanha, imaginem o que fazia comigo...», atirou o italiano, no final de um ano em que Baltazar fez 35 golos.
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Ora a frase de Mancini podia aplicar-se com enorme conveniência a Jonas: ao lado do brasileiro todos os jogadores, mas sobretudo todos os avançados, ficam mais perto de brilhar a grande altura.
O golo que Seferovic fez esta noite - o quarto em quatro jogos, aliás -, é disso um bom exemplo.
A bola estava a meio-campo e não parecia ser uma ameaça iminente. De costas para a baliza adversária, e para o próprio Seferovic, Jonas percebeu o movimento do companheiro e com um pequeno toque com a nuca isolou o suíço, que correu trinta metros e marcou na cara de Muriel.
Brilhante, sem dúvida.
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Mas houve mais. O brasileiro fez, por exemplo, logo aos dois minutos o primeiro golo do jogo, um golo que marcou a matriz do encontro, e ameaçou fazer ainda na primeira parte aquele que seria o golo da jornada, e talvez do campeonato: recebeu a bola sobre o meio-campo, percebeu o adiantamento de Muriel e a cinquenta metros da baliza fez um chapéu perfeito ao guarda-redes.
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A bola bateu no chão e foi à trave, saltando para fora da baliza, numa injustiça tremenda para uma jogada com tamanha genialidade.
Mais tarde ainda fez o quarto golo, numa jogada em que parou no peito e rematou ao ângulo. Já agora, também fez o quinto, encostando à boca da baliza uma assistência de Pizzi. Imparável.
Jonas é isto: um craque da cabeça aos pés. Um talento que tem todas as qualidades muito bem arrumadinhas em doses verdadeiramente irrazoáveis: técnica, inteligência, classe e genialidade.
Não precisa de correr muito, não precisa de estar sempre em jogo. Basta-lhe fazer a diferença uma, duas, três vezes por jogo.
Curiosamente nada disto é novo, repete-se praticamente todas as semanas, e o que se escreve nesta crónica podia escrever-se em qualquer outra.
Mas de vez em quando convém dizê-lo para que não nos esqueçamos do óbvio.
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Em torno de Jonas o Benfica joga, cresce e ganha. A equipa motiva-se, os colegas acumulam confiança, o Estádio da Luz enche o peito até gritar do fundo da alma.
O Belenenses, de resto, fez uma exibição muito respeitável.
A equipa entrou mal no jogo, a cometer dois erros que permitiram a Jonas abrir o marcador: André Sousa ficou parado e colocou toda a gente em jogo, Sasso não acompanhou o brasileiro e este soltou-se para um golo fácil.
Jonas, quem mais? Veja os destaques do encontro
A partir daí a formação de Domingos teve de fazer pela vida e fez: nunca se limitou a defender, saiu para o ataque, estendeu o jogo no relvado e obrigou Varela a duas ou três boas defesas.
Foi um adversário muito digno, lá está.
Mas, infelizmente para ele, foi curto para tanto talento adversário. Mesmo sem estar a jogar bem, o Benfica libertou os génios que crescem em torno de Jonas e fez mais dois golos em meia hora.
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A partir daí o Belenenses não teve força para contrariar os factos. A equipa continuou a lutar, mas sem confiança, naquele tipo de movimentos que vêm do corpo mas não são acompanhados pela alma. Mecânicos, portanto.
O Benfica, esse, atirou três bolas aos ferros e fez mais dois golos que lhe permitiram chegar à goleada: uma goleada igual à do rival de Alvalade, já agora.
Tudo simples, tudo natural, tudo óbvio. É demasiado talento. Ponto final.