FC Porto-Sporting, 3-0 (crónica)
A lei do mais fresco. FC Porto ganhou a toda a linha numa sociedade invertida Jackson-Tello
Já foi dito e redito que o futebol é, de todos os desportos, aquele que mais vezes contraria as leis da lógica. Torna o certo, incerto. Desdenha o muito provável, ignora as sentenças pré-estabelecidas. Hoje…não foi uma dessas noites.
Se há jogo fácil de explicar é este FC Porto-Sporting, que os dragões venceram a toda a linha, com toda a justiça e por motivos óbvios: mais do que ser melhor (mais foi), o FC Porto foi notoriamente mais fresco. Apanhou um Sporting de rastos e nem precisou ser brilhante para ficar a dever a si próprio uma goleada. «Não há pior derrotado do que aquele que não tenta sequer vencer». Esta frase, partilhada em doses industriais pelos caminhos mais amplos de qualquer rede social (e provavelmente atribuída a Charlie Chaplin. Em caso de dúvida, é tudo dele), parecia assentar como uma luva ao leão de Marco Silva no Dragão. DESTAQUES DO FC PORTO
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O FC Porto entrou nervoso, a errar passes em catadupa. Nem é uma novidade nesta equipa, mas é um dado que parecia guardado na gaveta de outubro. Os portistas voltaram a esse tempo, sobretudo em vinte minutos iniciais de fraca qualidade. De parte a parte, sublinhe-se, porque, nessa altura, o Sporting, ainda com pernas, não terá feito tudo o que podia para incomodar o FC Porto. Talvez tenha sido esse o pecado maior do leão esta noite. Um remate de João Mário ao lado foi muito pouco para tanto nervosismo contrário. O problema é que, percebeu-se ainda antes do intervalo, o mal do Sporting não era (só) medo de errar. Não havia força. Foi impossível não lembrar a correria de quinta-feira, em vão, frente ao Wolfsburgo. O onze foi praticamente o mesmo (Montero em vez de Tanaka) e os efeitos sentiram-se cedo de mais. A segunda parte, então, já com o FC Porto em vantagem, meteu dó em alguns momentos, tamanha a falta de ideias e discernimento. Génio de Jackson e pontaria de Tello fazem a diferença Indiferente, o FC Porto cresceu a partir do golo. O lado ilógico do futebol, que referíamos no início, esteve apenas nos golos no Dragão. Não só o FC Porto marcou antes de o merecer (justificou-o depois, é claro), como a troca de papéis no momento chave não deixou de causar estranheza. Jackson assiste, Tello marca. Uma sociedade ao contrário, mas totalmente eficaz esta noite.
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E importa dedicar um parágrafo ao colombiano, antes de destacar o espanhol. Jackson não marcou, é certo, mas aquele velho chavão do «passe que é meio golo» parece até curto para o que Jackson fez ao minuto 31. Um calcanhar precioso a isolar Tello que, com Patrício pela frente, não falhou. Génio puro.
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Tello. Outra vez. Apetece lembrar os Monty Python: e agora, para algo completamente diferente, um Tello matador. Ele, tantas vezes criticado pela forma como finaliza as jogadas, não perdoou esta noite.
A chave da vitória, a primeira de Lopetegui em Clássicos portugueses, esteve também aí. Os três pontos ficam no Dragão e a distância para o Benfica fica igual. Quatro pontos. Falta passar em Braga, no tal ciclo que muitos diziam poder decidir o campeonato e que, para já, tem rendimento 100 por cento positivo. O Sporting deixa o Dragão de rastos e nem falamos apenas metaforicamente. A preocupação tem de ser outra, agora, com o Sp. Braga apenas a um ponto. Vai ser preciso recuperar a equipa para essa luta.
A do título está destinada a dois.
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