Sporting-Penafiel, 3-2 (crónica)
Este leão é capaz de fazer tudo: até caridade
Dois golos nos sete minutos iniciais pareciam encaminhar o Sporting para uma vitória tranquila. Os prognósticos mais otimistas, quando se fala desta equipa de Marco Silva, são no entanto como as notícias da morte de Mark Twain: manifestamente exagerados. Foi preciso esperar, portanto, quase hora e meia até respirar de alívio. Hora e meia de um jogo em que o Sporting foi capaz de fazer tudo: até caridade. Num assomo de compaixão e benevolência, a equipa leonina deu a mão ao Penafiel, arrancou o último classificado da Liga do buraco em que o tinha metido e relançou a incerteza no encontro.
Começou por fazê-lo logo aos dez minutos, quando Slimani teve um passe disparatado no meio campo defensivo que isolou Guedes em direção à baliza de Rui Patrício. Tobias foi inexperiente, teve pressa em corrigir o erro do companheiro e fez uma falta penalizada com a expulsão.
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Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores Nessa altura todos os receios voltaram a Alvalade e deixaram os jogadores com pele de galinha. O Sporting tinha sido melhor entre a primeiro e o segundo golo do Penafiel, mesmo com menos um jogador continuou a mandar no jogo e a criar boas ocasiões para marcar. Adrien, por exemplo, falhou por um metro o desvio de calcanhar no fim de uma jogada encantadora de tão bela. O mesmo Adrien e Slimani, este por duas vezes, tinham tido outras boas ocasiões para marcar. Tudo isso era verdade, sim senhor, mas pertencia a um outro tempo: um tempo em que o Sporting ainda estava na frente do marcador. Agora estava empatado, reduzido a dez e muito nervoso. Marco Silva, é bom dizê-lo, também não saiu incólume desta revolução no marcador: hesitou demasiado em lançar Ewerton, foi mantendo William Carvalho numa posição de central e com isso desprotegeu o espaço à frente dos centrais. Adrien nunca foi um trinco na verdadeira aceção da palavra e o Penafiel encontrou tantas vezes aquele espaço solto que acabou por marcar por ali.
William, o bombeiro de serviço: veja os destaques do jogo Faltavam vinte minutos para o fim e o Sporting voltava a respirar melhor. Ora respirando melhor, já se sabe, esta equipa ganhas asas: por isso ficou a dever a si própria um resultado mais robusto. Não o conseguiu, mas ganhou e ganhou bem: até ao fim o Penafiel ainda teve duas expulsões, de resto. Venceu o segundo jogo nos últimos oito e aumentou a distância para o Sp. Braga para quatro pontos. Mas não pode passar despercebida a vertigem que esta equipa de Marco Silva tem pela emoção: parece que tem aversão às vitórias tranquilas, simples e lineares. Tem de ser sempre uma vitória sofrida. Esta noite, lá está, foi capaz de fazer tudo: de marcar e de errar, de ser fantástico e medíocre, de estar nervoso e determinado. Foi capaz de fazer tanto que fez até caridade.
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