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Mais Longe e Mais Alto  |  

Das ondas pequenas do Algarve ao WCT, com um aviso sério pelo meio

Começou tudo numas férias em Vilamoura e numa prancha de bodyboard, mas hoje Frederico Morais já pertence ao restrito lote de surfistas que compete no circuito mundial e é apenas o segundo português a conseguir fazê-lo. Ao Maisfutebol recordou o trajeto e falou do que aí vem. Seja muito difícil ou não, desistir nunca será uma hipótese. Nem nunca o foi

Mais longe e mais alto é uma rubrica do Maisfutebol que olha para atletas e modalidades além do futebol. Histórias de esforço, superação, de sucessos e dificuldades.

De onda em onda até ao circuito mundial de surf, de entrevista em entrevista até esta simples conversa com o Maisfutebol. Frederico Morais alcançou o WCT em dezembro de 2016, no Havai, e desde aí que não para, quer no mar quer em contacto com a comunicação social.

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«É verdade, não estava habituado, mas estou a lidar bem com esta correria. É bom sinal estar a acontecer, é sinal que o surf está a cativar mais público e que as pessoas se interessam, e eu fico muito feliz por isso», atirou logo.
 
Depois de Tiago Pires, Kikas foi o segundo português a carimbar a presença no circuito mundial de surf e em 2017 estará entre os melhores surfistas do mundo. Surfistas como ele, certamente com histórias interessantes para contar, mas é ele quem nos interessa.
 
Português de 24 anos, que chegou ao circuito mundial (WCT) de forma justa e merecida, após muitas conquistas e títulos, mas também de muito trabalho e de muito acreditar. 

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Começou tudo aos seis anos, numas férias em Vilamoura, com uma prancha de bodyboard e num mar com «ondas pequenas», mas que no regresso a casa o fizeram comprar uma de surf e experimentar o 'seu' Guincho, subir à prancha e nunca mais descer. 
 
Para isso contou com a ajuda da mãe e o espírito, a força e a ‘genética’ do lado paterno. Não fosse ele da família Morais - o pai é Nuno, antigo jogador e fisioterapeuta, e o tio, Tomaz, ex-selecionador e antigo coordenador da Federação Portuguesa de Rugby. 
 
A família ‘entrou na onda’, motivou Kikas e fez quilómetros com ele. Juntos começaram a fazer surf trips e a conhecer ondas nas férias, proporcionando ‘estaleca’ e o contacto com treinadores experientes que o ajudaram a crescer.
 
Pelo meio surgiu o primeiro título, aos 14 anos, e apareceram os patrocinadores, que o fazem ser um dos poucos desportistas do nosso país que se pode gabar de não ser futebolista e de não ter de se preocupar com questões financeiras, podendo também passar tempo no ginásio e a praticar muay-thai.

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«Felizmente eles tem-me vindo a apoiar desde que comecei esta caminhada, sempre acreditaram no meu progresso e têm suportado os custos, dando um apoio incrível e fazendo com que me foque apenas nas ondas.»
 
Contudo, claro, ser surfista profissional não é só maravilhas. «Às vezes é um caminho um bocado solitário, mas tento sempre arranjar maneiras de combater isso e de andar contente na mesma», começou por dizer, atirando depois: «Às vezes não é fácil perder longe de casa, estar sozinho ou ir até ao outro lado do mundo e perder.»
 
«Não é o sonho que parece, mas depois as coisas boas abafam tudo isso, acabam por nos fazer dar valor e perceber a sorte que temos», justificou recordando as muitas viagens, os sítios paradisíacos e as pessoas que tem conhecido nestes anos entre etapa e etapa.
 
Por isso, e porque sempre trabalhou para fazer o que faz, abdicando dos estudos após concluir o 12.º ano, nunca pensou num plano B ou em desistir: «Eu e a minha família sempre acreditámos que poderia ir longe, mas obviamente também sempre tive de me esforçar muito. Desistir nunca foi uma hipótese.»

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«O meu tio escreveu um livro intitulado de ‘Nunca desistir’, por isso está mais do que no meu sangue não desistir», sublinhou com um sorriso.

«Vai ser difícil, mas quero manter-me e depois sonhar mais alto»
Foi em 2016 que Kikas alcançou o circuito mais importante da modalidade, mas desde sempre elevou a fasquia. Aos sete anos, com a perspicácia de uma criança cheia de sonhos, escreveu para a revista Surf Portugal e disse que um dia ainda iam ouvir falar muito dele. 
 
E, afinal, não foi uma promessa. Como ele já não é. É mais do que uma certeza e em 2017 levará outra vez, como Saca levou entre 2008 e 2014, o nome de Portugal às ondas mais conhecidas do mundo.
 
Confiante, Kikas já acreditava há muito tempo que «mais tarde ou mais cedo» iria chegar ao WCT, depois de «muito trabalho, querer e sacrifico», mas não se ilude e sabe que chegar foi difícil e manter-se no circuito não será mais fácil.
 
«O objetivo é manter-me no tour. Vai ser um ano muito competitivo com surfistas muito experientes. Sei que vai ser muito difícil, mas estou confiante. Para já, o objetivo é manter-me e depois logo poderei sonhar mais alto.» 
 
Entre sonhos e ondas, quer continuar a desfrutar da profissão que escolheu, continuar a pôr-se em cima da prancha e sentir «a ótima sensação de liberdade» que o mar lhe dá. 
 
Tal como os desafios que as ondas lhe colocam: «Nunca tive medo do mar, só receio e respeito. Quando não conheço, acabo sempre por entrar e me desafiar nem que seja para ver, conhecer o mar, a onda e me superar.»
 
Venham então as ondas do WCT,  porque ainda não ouvimos falar tudo o que queremos ouvir sobre ele.

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