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A última corrida da Rússia antes dos Jogos já é política (externa)

Atletismo russo continua fora das Olimpíadas Rio 2016. A IAAF diz que o que foi feito não chega. O governo russo argumenta em várias frentes

A participação do atletismo da Rússia nos Jogos Olímpicos Rio 2016 é, no presente, uma incógnita – de perspetiva negativa, acrescente-se. A suspensão aplicada ao país mantém-se e só em maio deverá haver uma definição sobre a presença ou ausência de uma das maiores potências mundiais da modalidade nas próximas Olimpíadas de verão.

Os Jogos Olímpicos já estão a menos de 150 dias da sua realização. A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) deverá tomar uma posição definitiva daqui a cerca de um mês e meio. Inelegível no presente para participar nos Jogos, a Rússia já tem esta meta temporal fixada para conseguir ir ao Rio 2016.

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Esta derradeira corrida dos russos contra o tempo para não ficarem afastados do atletismo olímpico já se fazia no plano institucional, além do desportivo, com as mudanças exigidas pelas instâncias internacionais. Mas esta corrida já se faz também no plano político com o líder da diplomacia russa a ter entrado em pista. Sergei Lavrov instou a Agência Mundial Antidopagem (WADA) a agir de forma «profissional» e «sem slogans».

Sergei Lavrov

No final desta semana, o Conselho da IAAF reunido no Mónaco decidiu manter a suspensão do atletismo russo decretada em novembro passado. Esta foi a decisão desportiva que o presidente da IAAF, Sebastian Coe, anunciou dias depois de a estação alemã «ARD» voltar a colocar em causa o atletismo russo: apontando que treinadores suspensos continuam a trabalhar no atletismo do país e que outros ministram substâncias proibidas aos atletas.

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Descartando «evoluções pré-determinadas» do caso, Coe afirmou em conferência de imprensa que «o trabalho do Conselho é garantir que os atletas que vão às Olimpíadas estão limpos e dentro de sistemas fundados na integridade». E que, essa análise, teve por base as conclusões de um grupo de trabalho liderado pelo norueguês Rune Andersen sobre o que fez a Rússia para cumprir as imposições da IAAF para que possa voltar a competir internacionalmente.

Notando que a Rússia mostrou «progressos consideráveis», a equipa de cinco elementos liderada por Andersen concluiu que, «todavia, ainda há trabalho significativo a fazer para satisfazer as condições de reintegração». E o Conselho da IAAF declarou-se «unanimemente» concordante de que é preciso mais «antes de tomar uma decisão.

Sebastian Coe

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«Deve-se concluir que essas decisões serão tomadas nessa altura» de maio, admitiu Coe explicando à agência Reuters o conteúdo do documentário da «ARD» foi «discutido» e que o grupo de trabalho está a «fazer mais investigações». À mesma agência, o membro russo do Conselho da IAAF, Mikhail Butov, afirmou que a Rússia «substituiu muito pessoal e seguiu as recomendações». «Estamos a trabalhar muito para educar os treinadores e os atletas, mas leva tempo», frisou Butov.

O ministro russo do desporto, Vitaly Mutko, porém, queixa-se de falta de critério nas exigências salientando que o atletismo do seu país já fez o suficiente para satisfazer as exigências da IAFF: «Dizem que devemos eleger novos líderes para a federação de atletismo: OK, fizemos isso. Que não devemos eleger quem tenha feito isto ou aquilo: OK, fizemos isso.» «Não há critério. O que deve o atletismo russo fazer? Dançar em cima da mesa. Cantar uma canção», pergunta o governante.

Vitaly Mutko

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A questão do doping no atletismo da Rússia foi desde logo um caso também político quando o relatório da Comissão Independente da WADA apontou para o conhecimento do estado russo sobre o que se passava no desporto. E o ministro do desporto da Rússia é obrigado a ter um lugar na discussão e resolução do problema.

Mas o lado político desta questão está a estender-se para outra vertente que não apenas da política desportiva, mas, já, a da política externa com Sergei Lavrov, o ministro dos negócios estrangeiros da Rússia a intervir publicamente na questão, sobre processos e motivações deste caso.

Vladimir Kazarin foi um dos visados no novo documentário da «ARD. À Reuters, o treinador suspenso garantiu que continua numa espécie de «limbo» inativo em que foi deixado e vê outras motivações: «Isto está a levar a que garantam que nós não competimos nos Jogos Olímpicos.»

«Resta muito pouco tempo. Acredito que isto é um pedido político dos Americanos. Os Estados Unidos controlam a política e o desporto. Em 2013, nos Mundiais, a Rússia ganhou sete medalhas de ouro. Se formos banidos, então, todas esssas medalhas irão para os EUA e para a Grâ-Bretanha», afirmou Kazarin.

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Agência Mundial Antidopagem

Nas Olimpíadas Londres 2012, a Rússia foi o segundo país com mais medalhas no atletismo: 17 (8 de ouro, 4 de prata e 5 de bronze). Os líderes das medalhas foram os Estados Unidos: com 28 (9 de ouro, 12 de prata e 7 de bronze». O ministro do desporto russo não faz acusações tão diretas, mas diz que «é evidente por que um canal de televisão estatal alemão está tão preocupado com a situação da Rússia».

«Estes factos foram mais uma vez retirados do contexto e são uma tentativa de mal informar o público. O nosso país é vasto, tem 83 regiões. É possível que um treinador banido possa estar a trabalhar algures, mas não seguramente com a equipa nacional e não em competições oficiais», afirmou Mutko à Reuters.

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O reforço das baterias russas aos ataques do exterior foram feitas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros com Sergei Lavrov a disparar contra a WADA, cujo relatório da Comissão de Inquérito esteve na base da suspensão da Rússia e cujos comentários do seu presidente, após este terceiro documentário da «ARD», não ficaram sem resposta russa.

Dick Pound

Dick Pound afirmou que «parece haver evidências de que os russos estão apenas a mudar as cadeiras no convés do Titanic». A IAAF e a WADA exigiram mudar os responsáveis para mudar os procedimentos. Para o responsável da Comissão Independente da WADA, não foi feito o suficiente: «A minha aposta é que a Rússia não vai conseguir ir ao Rio. A IAAF e a WADA não vão arriscar as suas reputações a fazerem de mortas.»

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia considerou que «estas declarações são conversa de rua em vez de serem uma discussão profissional». Sergei Lavrov assegurou que a Rússia «respeita a «WADA» e que a Agência Mundial Antidopagem «tem pessoas sérias» garantindo «colaboração» com o organismo. Mas o governante russo deixa também um aviso sobre o trabalho a fazer: «Tem de ser feito a um nível profissional e justo, sem slogans e tentativas de reivindicação do conhecimento último da verdade científica.» «Nós temos os nossos especialistas e os outros países também», declarou Lavrov à «REN-TV».

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