Entrevista a Jairzinho: «Cristiano no Brasil de 70? Não sei se dava»

As dúvidas mantêm-se quando lhe perguntamos qual o jogador com quem mais se identifica no Brasil de Scolari.

Jairzinho sente-se mais à vontade a falar do passado do que a analisar o futebol atual. Está «ansioso» pelo Mundial, naturalmente, verá «todos os jogos» que puder, mas sem a paixão de outrora.

Tudo, diz, porque a modalidade não tem sabido criar ídolos com a dimensão dos antigos. Pelo menos no Brasil.

Talvez seja por isso, e também por alguma simpatia, por que não (?), que nos diz que o melhor do mundo da atualidade é Cristiano Ronaldo. O que não lhe confere, de imediato, um lugar na equipa de todos os sonhos de Jairzinho: o Brasil de 1970.

«O momento é do Cristiano. Ele é o melhor do mundo. O futebol mudou muito e não consigo dizer se ele teria lugar no meu Brasil. Não sei se dava, talvez sim. Mas quem é que eu ia tirar?», diz numa conversa cúmplice com o Maisfutebol.

«Gosto muito do Neymar, mas não o acho parecido comigo. Tem um estilo diferente, acho que é mais posicional do que eu. Eu era mais vagabundo, adorava arrancar com espaço e depois deixar o adversário sem saber o que eu ia fazer», defende, sempre a gingar para tempos idos.

Depois, mais um desejo para «o país irmão». «Quero que Portugal vá muito longe na Copa. Estou ansioso, mesmo agora que sou velho, para que a prova comece. É o momento de uma vida para muita gente».

E como não podia deixar de ser, antes da despedida Jairzinho leva-nos para o dia em que tudo começou: o primeiro treino no plantel profissional do Botafogo. E que treino! Vejam bem.

«No meu lado direito estava o Garrincha, atrás de mim o Didi. Do meu lado esquerdo, o Amarildo, o homem que substituiu Pelé em 1962. Na ponta-esquerda, o Zagallo, o homem que inventou o 4-3-3. Como é que eu podia não ter sido bom?»

Um treino no Botafogo de 1964:

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