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Mundial 2014  |  

Do lado de cá: pesadelo brasileiro, parte II

O Brasil chegou a acreditar numa pequena redenção em Brasília, mas o jogo com a Holanda só confirmou o pior. Olhos postos, agora, na final do Maracanã: génio de Messi «vs» solidez coletiva germânica. «Tetra» alemão ou «tri» argentino? Já falta pouco para tirarmos a dúvida

O dia 31 do Mundial-2014 em cinco pontos:

1. Pesadelo do escrete, parte II. Quem chegou a acreditar numa pequena redenção do Brasil na partida de terceiro/quarto com a Holanda só conseguiu manter as ilusões por uns dois minutos. O Brasil cometeu quase todos os erros que o levaram ao desastre impensável com a Alemanha. Péssimo arranque, como em Belo Horizonte. Medo de derrocada a tolher os movimentos dos jogadores. Não chegou a ser tão mau... mas quase. Dez golos sofridos nos últimos dois jogos. Impensável no escrete. No final, Scolari em estado de negação, a tentar explicar: «Perdemos o Mundial, mas ganhámos a Confederações no ano passado». Desespero. Não foi bonito de se ver. O Brasil não ganha nada em chorar: ganha se for capaz de repensar. Tudo.

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2. Scolari mexeu mais que meia equipa, fez seis alterações para tentar lavar a cara deste Brasil, depois da vergonha do Mineirão. Entrou Jô, saiu Fred. Entrou Ramires, saiu Fernandinho. Entrou Maxwell, saiu Marcelo. Entrou Thiago Silva, saiu Dante. Entrou Ramires, saiu Hulk. Entrou Paulinho, saiu Bernard. Mudança para melhor? Qual quê. O Brasil voltou a entrar péssimo, permitindo que Robben fugisse de Thiago Silva. Simpático, o árbitro argelino a só dar amarelo ao capitão do escrete. Penálti, 0-1 por Van Persie, ao minuto três. Imagina! Rostos cabisbaixos, receio de que tudo voltasse a acontecer para pior. Quando, aos 16, Blind aumentou para 0-2 (com a Alemanha, por essa hora, ainda só estava 0-1…), a perspetiva de Pesadelo, parte II passou a ser real. O escrete teve, ao menos, um mérito: desta vez, não desabou. Esboçou reação, mesmo que com demora. Oscar empurrava a equipa, dava um toque de talento e qualidade a um Brasil globalmente pobre e triste. No início do segundo tempo nem isso parecia existir. O Brasil dava mostras de ir gerindo o 0-2, evitar ao menos a goleada. Scolari lançou Fernandinho, para policiar Robben, e o médio do City exagerou na leitura e demorou poucos minutos a levar amarelos. Ainda a segunda parte estava no início e já podia ter visto o segundo, pela dureza das faltas sobre Robben, De Guzman ou Van Persie. Até que entra Hulk: o Incrível deu novidade ao ataque, rematou com muito perigo, 1-2 perto. Mas não surgiu. E o Brasil lá voltou a desaparecer. E ainda levou o terceiro. Penoso.

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3. A Holanda podia ter sonhado com o título. O conjunto de Van Gaal termina o Brasil-14 com cinco vitórias e dois empates. A final esteve mesmo muito perto. O jogo de Brasília mostrou isso.  Entrou e acabou a marcar, pelo meio dominou com relativa tranquilidade. Como Robben admitiu a seguir ao encontro, «o Brasil deu mais espaço que a Argentina». Notou-se. O melhor lado ofensivo dos holandeses pôde ser explorado com os brasileiros, o mesmo que ficou escondido com os argentinos. Uma equipa joga o que a outra deixa jogar, não é o que costuma dizer-se? 

4. O jogo de terceiro e quarto lugares é, para muitos, a partida que «ninguém quer jogar». Por ser um duelo de derrotados que chegaram pertíssimo da final e acabaram por não atingir o objetivo. E, para mais, porque num Mundial não há o aliciante que existe, por exemplo, nos Jogos Olímpicos, da obtenção de uma medalha de bronze, pela via do último lugar do pódio. Talvez por não existir a pressão dos jogos a eliminar, a verdade é que os duelos entre terceiro e quarto têm sido dominados por muitos golos: há quatro anos, 3-2 entre Alemanha e Uruguai; há oito, 3-1 no Alemanha-Portugal; há 12, 3-2 no Turquia-Coreia do Sul; há 16, 2-1 no Croácia-Holanda; há 20, 4-0 no Suécia-Bulgária; há 24, 2-1 no Itália-Inglaterra. E a sequência continua: no México-86, 4-2 no França-Bélgica; no Espanha-82, 3-2 no Polónia-França; no Argentina-78, 2-1 no Brasil-Itália. Teremos que recuar 40 anos, há dez mundiais, no Alemanha-74, para assistirmos a um duelo para terceiro/quarto com apenas um golo: 1-0 no Polónia-Brasil. E esse resultado só tinha acontecido antes uma única vez, no Chile-62, quando a equipa da casa obteve o terceiro posto, por 1-0, frente à Jugoslávia. No resto, sempre partida com pelo menos três golos e até com um 6-3 no França-RFA do terceiro/quarto do Suécia-58. Há nove anos, na Confederações-2005, espécie de ensaio-geral para o Mundial na Alemanha que decorreria no ano seguinte, presenciei em Leipzig um dos melhores jogos de que me lembro até hoje: um Alemanha-México que terminou com 4-3 no prolongamento, após empate 3-3 nos 90. É: parece que o padrão de muitos golos num duelo para terceiro/quarto está mesmo identificado. Hoje foram mais três.

5. Depois de Brasil e Holanda terem tido a «despedida de consolação» em Brasília, a grande final é já este domingo, meio de tarde no Rio, final de tarde/início de noite em Portugal. O Maracanã vai acolher a segunda decisão de um Campeonato do Mundo da sua história, 64 anos depois do tal «maracanazzo», que não foi propriamente uma final clássica, mas que determinaria o título mundial para o Uruguai, para desespero dos brasileiros. Desta vez, não haverá a carga emocional extra do escrete participar no combate, mas promete um histórico Alemanha-Argentina, que passa a ser a final mais repetida do registo dos Mundiais. Os argentinos «invadiram» o Rio (fala-se em cem mil…), mas os alemães exibem o favoritismo de quem fez a prova mais regular e consistente e, como escreveu Gary Lineker no twitter, também terá alguns milhares de «adeptos»… de nacionalidade brasileira. A Argentina tem a genialidade de Messi, a Alemanha a solidez de um coletivo poderoso e equilibrado, com Kroos, Lahm, Hummels, Schweinsteiger e Muller como principais pontos de equilíbrio. «Tetra» da Alemanha ou «tri» da Argentina? Faltam poucas horas para tirarmos a dúvida.

«Do lado de cá» é um espaço de opinião da autoria de Germano Almeida, jornalista do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo. Germano Almeida é também responsável pelas crónicas «Nem de propósito» e pela rubrica «Mundo Brasil», publicadas na revista MF Total. Pode segui-lo no Twitter ou no Facebook.

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