Do lado de cá: ai Portugal, Portugal
Tempestade perfeita: má atitude, desconcentração em momentos cruciais, lesões, a expulsão. E a derrota, claro, a pior das últimas três décadas. Tudo perdido? Ainda não. A Seleção foi péssima, mas o adversário era, provavelmente, o principal candidato ao título. Reergam-se!
O dia 5 do Mundial-2014 em cinco pontos:
1. Tempestade perfeita: pior era (quase) impossível. Má atitude. Desconcentração em momentos cruciais. Lesões de Hugo Almeida e Coentrão. A expulsão de Pepe depois de atitude indesculpável. O árbitro a não ajudar (não desculpa nada, claro, mas houve penálti sobre Éder). E a derrota, claro. Por números gordos, em volume nunca visto em partidas de Portugal em fases finais de mundiais. A pior exibição da Seleção Nacional em fases finais de que tenho memória. A derrota mais pesada em fases finais de Mundiais e Europeus. A Seleção foi péssima, não há pontos positivos a tirar. É para esquecer e, acima de tudo, não repetir. Única atenuante (e sim, é um pormenor que deve ter sido em conta): foi contra a Alemanha, equipa fortíssima, que se confirmou como uma das melhores seleções do torneio. No Euro-12 também arrancámos com derrota frente à Alemanha? Certo, mas com exibição bem melhor e só por 1-0. O melhor mesmo é não ignorar a pior derrota em jogos oficiais dos últimos 31 anos. Apetece parafrasear Jorge Palma: ai Portugal, Portugal: ninguém estava à espera disto, pois não?
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2. É possível recuperar? Matematicamente, a resposta é imediata: sim. Num quadro normal, seis pontos chegarão para ser segundo do grupo. Primeira prioridade: vencer os EUA no próximo domingo, em Manaus. Segunda prioridade: vencer o Gana no dia 26, em Brasília. Mas tem que ser quase tudo diferente. Há o risco do peso desta goleada ser grande nas mentes e na confiança do grupo. O trabalho psicológico nos próximos dias será fundamental. E a regeneração física também, claro. Pepe será castigado pelo menos um jogo. Hugo Almeida e Coentrão lesionados. Em 90 minutos, quase tudo ruiu. Convém lembrar o que de bom se fez até aqui. Mas também convém não tentar encontrar desculpas na arbitragem (que nos prejudicou), porque o essencial é mesmo perceber que Portugal fez uma exibição fraquíssima. Falhanço coletivo total, que retira sentido a análises individuais.
3. Se dúvidas houvesse, o triunfo imponente sobre Portugal tirou-as em definitivo. Esta Alemanha é fortíssima candidata ao título mundial. Depois de já ter visto Brasil, Argentina, Espanha e mesmo a Holanda (atenção que aquela goleada 1-5 escondeu alguns problemas na primeira parte com espanhóis), diria que a seleção de Joachim Low será até a que reúne mais argumentos e melhores condições para sonhar com o título. Difícil encontrar pontos fracos: ataque eficaz, Lahm e Kroos a pensar e dar consistência ao meio-campo, defesa sólida (talvez demasiado previsível, mas isso num setor recuado até pode ter vantagens), saídas rápidas para contra-ataque. E, para lá de análises setoriais, muita qualidade em todas as funções e uma força coletiva que ficou bem à vista na primeira parte. É o regresso do «são onze contra onze e no final ganham os alemães»? Pode ser que sim.
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4. A estreia de Carlos Queiroz foi razoavelmente positiva. Depois da Grécia de Fernando Santos ter perdido 3-0 com a Colômbia, depois de Portugal ter sido goleado 4-0 com a Alemanha, finalmente um português não perdeu na estreia no Mundial do Brasil. O Irão, uma das seleções mais modestas da Copa, empatou com a Nigéria, no primeiro 0-0 deste Mundial (e primeiro empate em 13 jogos!). O encontro foi fraco e destoou do padrão de bons espetáculos e muitos golos que continua a dominar este (pelo menos até agora) excelente torneio. Média de três golos por jogo, quase no fim da primeira jornada. Muito bom.
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