Cartão de memória: a melhor selfie é de Ronaldo
Um fenómeno em dez segundos retwitado de boca em boca
Vou começar este texto a concordar com Bruno de Carvalho. Há alturas em que é preciso dizer basta.
Se o mundo comenta a selfie de Obama no funeral de Nelson Mandela e delira com a selfie de Ellen DeGeneres nos Oscars, não consigo deixar de questionar como ninguém parece querer saber da melhor selfie de todas: a de Ronaldo ao Compostela.
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Ronaldo era, por aquela altura, o homem a seguir. Num Barcelona aportuguesado, com Figo, Couto e Baía. Um Barça que não era a máquina de Guardiola, mas tinha Guardiola a mandar. Lá dentro, com Luís Enrique, De La Peña ou Popescu.
Mas os flashes eram de Ronaldo. Sobretudo aquela selfie, retwitada de boca em boca nas ruas, nos cafés, nas escolas e no trabalho. Ninguém contou, que pena, pois teria batido o recorde da Ellen.
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A selfie de Ronaldo ao Compostela foi perfeita. Em zoom, claridade e mistura de cores. Mas acima de tudo em potência, inteligência e habilidade com bola.
Foi tão grande que cresceu com o tempo. Um fenómeno. Apostava-se que tinha deixado para trás meia equipa, juravam a pés juntos que eram oito, nove os atónitos vestidos de azul celeste.
A televisão da cozinha, o Youtube da altura, não permitia tantas repetições. A Diciopédia não tirava as dúvidas e o mito crescia. Foram quatro, afinal. Um deles driblado duas vezes. Mas foi brilhante.
Aqueles pés, os mais dourados de 1996, mereciam uma foto à beira-mar com o horizonte em ponto de fuga. A fuga para a vitória do maior génio da bola da era pós-Maradona e pré-MessiRonaldo, o futebolista perfeito do seculo XXI.
Eu fiz a minha parte, confesso. Partilhei. Caprichei nos detalhes. Lembrei Robson de mãos na cabeça. Mourinho, mais escondido, talvez mostrasse o punho com o polegar a apontar para cima: Like!
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O mito cresceu, a memória perdurou e o tempo volta a parar para aqueles 10 segundos de magia a cada clique no Play. Fica a recordação. E um tópico de luxo para o Linkedin do Fenómeno.
E, por fim, a certeza. Ronaldo só perde num ponto para Ellen: não tinha consigo a Jennifer Lawrence.