Já fez LIKE no MaisFutebol?
Opinião  |  

PLAY: o brandy de George Best

Um homem de sorriso nos lábios e a morte numa garrafa

PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.

SLOW MOTION:

PUB

«THE TRUTH ABOUT GEORGE BEST»

Esbarrei neste documentário a meio da passada semana. Por acaso. Filmado em 2004, segue os dias cansados de George Best após o transplante ao fígado. A derradeira luta pela sobrevivência de um dos maiores génios do futebol.

Nos primeiros minutos vemos um Best de barba e cabelo grisalhos, a transpirar num ginásio. O cenário sugere uma batalha imensa pela regeneração. A sensação esvai-se rapidamente.

«Há quanto tempo não bebe um brandy, George?» «Hmmm… há umas 12 horas». E George sorri.

Best era alcoólico e sempre o assumiu. Ficou célebre uma entrevista em que surge completamente embriagado. Nunca quis ser o bom da fita, jamais.

George Best fez o transplante hepático três anos antes de morrer. O processo terá sido pouco claro. A fama de Best permitiu-lhe passar à frente de outros pacientes na lista de espera. Nem isso sossegou os demónios do velho avançado.

«Ninguém pode acusar o George de nada. O fígado dele é novo, mas isso não faz com que deixe de ser alcoólico. Estamos todos desiludidos e ele ainda mais», desabafa a certa altura da reportagem o seu agente.

PUB

George Best não foi capaz de largar o brandy. Parceiro fiel, até ao fim. Faleceu a 25 de novembro de 2005. Estas são as imagens de um homem a caminhar sorridente, e às vezes trocista, para a morte.   

   

PS: «The Railway Man» - de Jonathan Teplitzky.A extraordinária história de Eric Lomax, um soldado britânico capturado pelas forças japonesas na II Grande Guerra Mundial. O filme não será um clássico da categoria de A Ponte do Rio Kwai, embora verse sobre o mesmo tema.

Seja como for, o meu aplauso para a interpretação de Colin Firth, e o trabalho da câmara de Tepliztky, um australiano em busca da aprovação dos dólares de Hollywood.       

SOUNDCHECK:

«EL MESSI(AS)» - Coti.

PUB

El 23 de junio del 86El pelusa batía al ejercito inglesY justo un día despuésDe un año después

Hubo que celebrar por lo alto aquel aniversarioEn un barrio del viejo rosarioNacía LionelEl Messi As del fútbol Lionel

É possível adorar Messi e Cristiano Ronaldo? É. Ao mesmo tempo. Não alinho por nenhuma fação. Aplaudo dois génios, sorvo o melhor de um e de outro. Usufruo desta era ditada por dois gigantes, sem limitações impostas por fervor patriótico ou mesquinhice futebolística.

Esta música vai para o argentino. Por ter sido dele a semana. Cinco golos em seis dias: MessiAs.  

PS: «Indy Cindy» - Pixies.23 anos depois de Trompe Le Monde, aí estão eles. O sexto álbum de estúdio dos fabulosos de Boston chega a 24 de abril. Frank Black tem 48 anos, Joey Santiago idem, o baterista David Lovering vai nos 52, a musa Kim Deal já não faz parte da plêiade. 

PUB

Parto para este reencontro sem expetativas. Sem nada esperar, a não ser o sorriso de memórias. O que estes senhores já me deram (de 87 a 91 e por aí fora) permite-lhes abusar da minha estimável condição de fã.

O single de avanço chama-se Bagboy e recupera a recitação furiosa, tão característica de Black, embalada em guitarras supersónicas. Not bad at all. 

VIRAR A PÁGINA:

«MINUTO 91» - de José Correia Alves.Rui Moreira, no prefácio, considera esta obra «um romance e um ensaio sobre o futebol». Socorro-me das palavras do presidente da câmara do Porto para resumir este feliz trabalho assinado por José Correia Alves, heterónimo de Nuno Corte-Real.

Raras vezes ficção e futebol se encontram num livro. Depois de ler Minuto 91, escrito por um homem que foi treinador, guarda-redes e dirigente desportivo, entre outros ofícios, só posso lamentar.

PUB

O livro, escrito irrepreensivelmente, coloca-nos na pele de Afonso. 45 anos, treinador, vencedor da Liga dos Campeões. Fantasia a realidade misturam-se da primeira à última página, tudo decidido no período de descontos, ao Minuto 91.

Fica um pequeno excerto:

«Ricardo, o presidente do clube, vem ter comigo, puxa-me para um cantoe pergunta:— Estás mesmo decidido, sempre vais cumprir a promessa?— É verdade, fui à bancada de propósito dizer isso à Sandra e aos miúdos.— Pensa bem, não te precipites e não digas nada hoje a quente.— Eu quero dizer hoje. Quanto antes melhor. Vou ficar mais aliviado.— Espera um tempo, não digas nada já. Vais ter propostas tentadoras.— Eu sei e por isso mesmo quero dizer hoje que vou parar. Estou cansado!— Já pensaste no que vais perder?— Já pensaste no que vou ganhar?— Sim, podes ganhar mais prestígio e muito mais dinheiro se aceitaresuma das propostas que certamente te vão fazer.(…)»      «PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas e/ou livros através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.

PUB

VÍDEO MAIS VISTO

Veja Mais

Últimas Notícias

APP MAISFUTEBOL

O MAISFUTEBOL na palma da sua mão!

Não falhe um golo, uma transferência ou uma notícia com a nossa aplicação GRATUITA para smartphone!