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O futuro do passado

Opinião de Vítor Pereira Vítor Pereira escreve sobre algo que o inquieta. Agora que se voltou a falar, com insistência, em erros de arbitragem, o árbitro português com maior projecção internacional não foge ao assunto.

Redação

Anda-me uma inquetação cá dentro a crescer devagarinho. 

Não queria falar-vos disto. Gosto (e tento sempre o mais possível) de poupar aqueles de quem gosto a preocupações que julgo desnecessárias. Espero, tantas vezes intranquilamente, que se resolvam por si. Quando sinto coisas destas, quando as dúvidas me assaltam como se fossem pequenas poças de água estagnada, fico mais sério. Ando nervoso mas faço por disfarçar, deito mão a tudo o que tenho ao meu alcance para drenar, estancar as interrogações.  

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Tento escorar as poças com sólidos princípios e esperanças sólidas de que não se transformem em pântanos, para que os buracos não se esmoronem arrastando em areias movediças gente de quem gosto que, não sendo indefesa por ser consciente e inteligente, está indefesa por falta de tribuna de defesa. E mais indefesa fica por quem deveria velar pela terraplanagem do terreno ser, quantas vezes com a melhor das intenções, quem descuidadamente cava o buraquinho que outros se apressam a encher. 

Enfim, nos últimos tempos anda-me cá dentro uma inquetação a crescer e desta vez decidi não a calar convencido de que à medida que vamos conseguindo conversar sobre as preocupações vamos aliviando a sua carga e é muitas vezes a conversar sobre os problemas que se encontram as soluções. 

Esta conversa não surge leviana, não é uma acha para a fogueira e obedece a longa reflexão apesar de não ter contornos claros nem definições muito definidas. Tenho procurado nas notícias, pelos jornais e pelas televisões, algum breve aberta que me descanse, alguma frase, ideia ou proposta que me dê a certeza de que estou enganado, que garanta que o futuro tem todas as condiçõpes para ser melhor do que foi o passado. Mas quanto mais me afadigo a fazer zapping mais a inquetação cá dentro vai crescendo. 

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Desta vez não tenho dados, nem números, nem gráficos para vos apresentar, mas para fazer mansamente uma pergunta, base desta inquetação cá dentro a crescer devagarinho. Também não é preciso «fazer-vos o boneco». 

Já não falo de poder jogado em discursos sibilinos, já não falo de finanças com dinheiro e empresas e consórcios cada vez mais concentrados em menos mãos, já não falo da saúde mais doente, do ensino mais ignorante, da mania de achar que violência se resolve com mais polícias como se apontando uma pistola se pudesse ir ao cerne da questão.  

Não falo dos nossos filhos em perigo, dos nossos empregados em perigo, do perigo de perderem os bens e fundos por curvas mal calculadas de finanças. Não falo disso, não gosto de retirar a outros a seara, apesar de termos todos o direito de usar as nossas foices nesta seara onde vivemos. 

Falo do que a mim directamente diz respeito, com o direito que muitos anos de esforço e empenhamento me garantem, com a autoridade que o reconhecimento de justiça e integridade me dão direito. 

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Assusta-me ver outra vez pelos jornais a palavra suspeição ligada aos árbitros. Assusta-me outra vez ver nascer na voz de treinadores e jogadores palavras magoadas contra os árbitros. 

Assusta-me que, depois de algum tempo apaziguados, venham dirigentes de clubes a público falar de árbitros e arbitragens. 

Assusta-me que, certamente por calar nas gargantas o protesto, os que têm obrigação de defender acabem por ser pontas-de-lança da desconfiança, metendo autogolos mesmo antes das partidas. 

Assusta-me sobretudo pensar que a reivindicação do erro como factor intrínseco da arbitragem pode ser uma faca de dois gumes. 

E apetece-me aqui esclarecer, meus amigos, que o erro de um árbitro é, sim senhor, possível. Mas ser possível não é a mesma coisa que ser normal. E muito menos vulgar. 

Escrever assim é que não é normal, mas, que querem?, é desta inquietação cá dentro que me faz recear que o futuro se transforme devagarinho em passado.

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