Já fez LIKE no MaisFutebol?
Opinião  |  

Entre Linhas: Defour não é problema nem parece solução

Após 113 jogos com a camisola do FC Porto em três anos, o belga deixa a sensação de não passar de um bom jogador

Steven Defour é um mistério para mim. Admito-o neste artigo de opinião, o único espaço onde um jornalista deve expor de forma livre e aprofundada as impressões pessoais que vai acumulando. De resto, deve manter a isenção, o distanciamento e o rigor na análise.

«Ainda não pensei no futuro. Estou bem no FC Porto, há a vontade mútua de continuarmos juntos.»
Sem rodeios, apresento desde já a minha avaliação, naturalmente questionável: três anos após a sua chegada ao Dragão, sou levado a crer que Defour é apenas um bom jogador. Pelo menos, o Defour do FC Porto.

Não me parece lógico, nesta fase, recordar o ídolo do St. Liège ou a unidade assídua da seleção belga. A propósito: no Mundial, poderá silenciar críticos como eu. 

PUB

No FC Porto, o médio fez 37 jogos em 2011/12, 40 em 2012/13 e 36 nesta temporada. Entre lamentos por maior índices de utillização, foi de 19 para 25 e finalmente para 30 jogos como titular.

No total, são 113 partidas como dragão. Suficiente para um balanço relativamente criterioso. Repito a ideia: para mim - e posso estar enganado – o belga não é parte do problema mas está longe de ser parte da solução.

Abre-se um parênteses para a questão essencial: que caminho vai trilhar o FC Porto com Lopetegui? Terá mais espaço para jogadores como Steven Defour ou como Hector Herrera?

Um privilegia a posse simples, a estrita lógica da regularidade e do critério. O outro é explosão, risco e velocidade com bola.

Faço um exercício curioso: imagino Defour e Herrera em funções domésticas após um jantar. O mexicano empilha copos em cima de pratos, vai a correr da sala para a cozinha, sacode a toalha ainda a caminho da janela e deixa a água a correr enquando passa por lá toda a louça. Ou loiça, se preferirem.

PUB

Enquanto isso, o belga cumpre a função como mandam as regras. Sem mais, nem menos. Recolhe os pratos, os copos e os talheres. Sacode a toalha junto ao balde do lixo e lava a louça com critério: passa por água, fecha a torneira, esfrega tudo e abre novamente a água. Demora mais, erra menos. É eficiente.

É essa a imagem que fica: durante um jogo, durante a maioria dos jogos, vejo muito Herrera. Um Herrera fantástico, um Herrera miserável. Um Herrera que arrisca a exposição ao rídiculo na busca incessante pelo desequilíbrio. Pelo meio, vejo pouco Defour. 

PUB

Se o futuro do FC Porto girar em torno da posse criteriosa da bola, Steven Defour pode continuar a fazer sentido. Ainda assim, será a altura ideal para avaliar o investimento de 6 milhões de euros feito no jogador.

Herrera custou mais, é certo, mas está há apenas um ano no clube.

Em 3 épocas e 113 jogos, recordo alguns de grande nível do Defour. Alguns, não muitos. Depois vem a maioria, as exibições regulares, sem comprometer (exceção feita ao duplo amarelo frente ao Málaga, na temporada passada). A demonstrar a sua utilidade, como uma boa alternativa.

Mas isso não parece chegar para o jogador e o FC Porto precisa de algo mais. Ao fim de três anos, os adeptos esperariam alguém com capacidade para assumir o jogo e contagiar o grupo. Se calhar, alguns prefeririam André Castro, homem da casa, que assinou a título definitivo pelo Kasimpasa.

Defour sentiu-se confortável na posição 6. Por ali, cumpriu com boa nota. Alinhando mais à frente, deveria apresentar maior número de golos (7 desde a chegada), maior número de assistências, maior número de passes de ruptura.

PUB

Foram trinta jogos como titular na presente época. Depois de Vítor Pereira e João Moutinho, depois de Paulo Fonseca e Lucho González, o belga teve com Luís Castro a ansiada continuidade. O que aconteceu? A meu ver pouco, mesmo tendo em conta o período conturbado.

Voltando ao início. O casamento pode prolongar-se no tempo e fazer sentido. Mas para mim, arriscando o palpite, será uma união serena, ligeiramente acima da média, sem episódios regulares de paixão.

Chega? Sinceramente, diria que não. Mas a diferença de opiniões é saudável. Sinta-se à vontade para discordar.
PS: Em Portugal desde 2011, Defour tem o grande mérito de se expressar na Língua de Camões. Aí, merece uma tremenda vénia. Nos dias que correm, não é coisa pouca.
Entre Linhas é um espaço de opinião com origem em declarações de treinadores, jogadores e restantes agentes desportivos. Autoria de Vítor Hugo Alvarenga, jornalista do Maisfutebol (valvarenga@mediacapital.pt)

PUB

VÍDEO MAIS VISTO

Veja Mais

Últimas Notícias

APP MAISFUTEBOL

O MAISFUTEBOL na palma da sua mão!

Não falhe um golo, uma transferência ou uma notícia com a nossa aplicação GRATUITA para smartphone!