Coentrão, Tiago e Moutinho, os melhores – e França espera-nos
PUB
Com a paragem da Liga os olhos dos adeptos estavam virados para a selecção. O público recebeu-a como é costume: em grande. Encheu o Estádio da Luz, marcou presença e não há estímulo melhor para quem está no relvado. Gostamos de futebol e da nossa selecção e isso é evidente.
Esta é a terceira vitória em outros tantos jogos de qualificação na era Fernando Santos e, independentemente da qualidade exibicional, o que conta são os pontos, tão importantes para marcarmos presença em França. Precisávamos de ganhar e foi isso que fizemos. Sem brilhantismo, mas conseguimos o objectivo principal.
Este jogo levantava algumas dúvidas. Desde logo, a ausência do seleccionador no banco. Como iria ser sem o líder nos momentos que antecedem a entrada em campo - e durante o próprio jogo?
É certo que o plano está definido mas o jogo, sabemos todos, tem muitas variáveis e quase sempre imponderáveis. Por muito confiança que exista na pessoa que o vai substituir, nunca é a mesma coisa. A forma como se observa, as palavras ditas, a forma e o conteúdo da mensagem acabam por ser diferentes. A ausência do responsável máximo nunca é boa.
PUB
Outras dúvidas prendiam-se com o onze a apresentar. Teríamos Coentrão no meio campo? Fernando Santos já tinha deixado no ar essa possibilidade. E Pepe, recuperaria? Teríamos um avançado centro ou mantinha-se a opção de jogar sem avançado fixo?
A decisão final, de Fernando Santos, manteve a aposta nos três jogadores da frente que têm jogado no seu consulado. Ronaldo, Nani e Danny estavam no onze e, mais uma vez, sem um avançado fixo. Mobilidade e dinâmica são as ideias do selecionador para aquela zona, desta vez com uma variante: Nani seria mais um médio, com preocupações de corredor e, do outro lado, registava-se a entrada de Coentrão para o meio campo, com a mesma função.
PUB
Pepe acabou por não recuperar e a dupla de centrais foi formada por Ricardo Carvalho e Bruno Alves. O entendimento foi bom, mas durou pouco tempo. A lesão do marcador do golo fez entrar José Fonte e o que se pode dizer é que nova dupla esteve concentrada e acertada durante o jogo. O golo marcado cedo pode ter condicionado o nosso comportamento e não sei até que ponto isso era estratégico: os sérvios tinham mais bola e o controlo aparente do jogo. Portugal defendia baixo e demonstrava pouco acerto na transição ofensiva.
Quando recuperávamos a bola, fosse por um passe errado ou pela pouca rapidez na transição, raramente saia certo esse momento. O que é certo, também, é que apesar de não termos apresentado um futebol de nível superior, não permitimos grandes situações de perigo e fomos eficazes quando foi necessário.
As bolas paradas voltaram a estar em destaque, na nossa baliza e na adversária. Fomos capazes de criar desequilíbrio na defesa sérvia. O trabalho de casa deu resultado: um canto curto, movimentação na área, um excelente cruzamento de Coentrão e a entrada no tempo certo de Ricardo Carvalho, serviram para baralhar a linha defensiva e o primeiro golo surgiu.
PUB
Falta-me falar no terceiro golo do jogo, que foi a melhor resposta ao empate da Sérvia. Foi simples mas teve tudo: recuperação de bola, passe, movimento, classe e eficácia. A forma como nesse lance estão seis jogadores portugueses no meio campo diz bem do querer e da vontade de mudar o que tinha acontecido dois minutos antes.
Esse posicionamento obrigou a um passe sérvio para o nosso meio campo, onde houve mérito para Bosingwa que recuperou e entregou. Moutinho dominou, ajeitou e passou para Ronaldo, seguindo o movimento na procura do espaço à sua frente. O capitão meteu o passe entre dois sérvios e Moutinho, na passada, olhou e, como referiu no final, percebeu rapidamente que «tinha de meter a bola no espaço entre os defesas e o guarda redes».
O cruzamento foi perfeito e o resto ficou a cargo de Fabio Coentrão. Acompanhou o que estava a acontecer no corredor contrário, arrancou e apareceu nas costas do seu adversário, a encostar para golo. O futebol é feito destes pormenores que se tornam grandes quando são executados e feitos com simplicidade. Foi o caso deste nosso golo.
PUB
Coentrão foi chamado ao meio campo e correspondeu. Apoiou Eliseu e os seus colegas de sector, assistiu e ainda marcou. Bom regresso.
Moutinho e Tiago formaram a dupla que tinha de aguentar o meio campo. Tiago foi mais posicional e com um raio de acção procurando o equilíbrio entre sectores, mantendo a consistência e a organização de que a equipa precisa. Moutinho foi mais dinâmico e com maior abrangência no campo, e acabou sendo preponderante numa das suas acções.
Por ultimo, sem o líder presente, Ilídio Vale foi o homem do leme e cumpriu. Foram três pontos e a liderança do grupo. França espera-nos.
PUB