Penafiel: uma escola de formação a ser grande entre as maiores
Vários talentos das camadas jovens e uma equipa repleta de portugueses
O Futebol Clube Penafiel merece um olhar atento numa altura em que se discute, com grande intensidade, a formação de jogadores em Portugal. Na última edição da Maisfutebol Total, apresentámos dados que colocam o clube duriense entre aqueles por onde passaram mais atletas que disputam a Liga.
Na estatística compilada por Nuno Madureira, o Penafiel surge como o fornecedor de sete atletas que estão no escalão principal, ao contrário do próprio clube. A equipa da colina da Arrifana joga na Liga de Honra.
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Vítor (Sporting), Nuno André Coelho (Sp. Braga), Bruno Amaro e Luís Dias (Arouca), Pedro Coronas (V. Setúbal), Rafa Sousa (Nacional) e Romeu Rocha (P. Ferreira) estiveram nas camadas jovens da formação duriense.
O clube vai aproveitando os talentos da sua escola e conta, nesta altura, com oito jogadores oriundos da formação. Para além disso, destaca-se por apresentar regularmente um onze exclusivamente português.
A política não afeta o rendimento desportivo: nas últimas três jornadas da Liga de Honra, o Penafiel venceu as equipas B de Sporting, FC Porto e Benfica, trepando para o segundo lugar na prova. Um orgulho para os adeptos que sonham com o regresso ao escalão principal.
Seja como for, o emblema duriense pode apoiar-se nos números para reclamar o estatuto de uma das boas escolas de formação do país. Algo que se enquadra no hino do clube: Penafiel a ser grande entre os maiores.
Penafiel da Arrifana, alegre e linda. Penafiel, brilhem sempre as tuas cores. Voltarás na vontade que não finda, Penafiel a seres grande entre os maiores.
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«Somos a prova de que é possível ter sucesso com portugueses»
Ferreira tem 33 anos e está no Penafiel desde 1990. Sim, leu bem. «Os que estão na Liga jogaram todos comigo», diz o médio defensivo, entre gargalhadas. Neste fim-de-semana, irá reencontrar um deles.
O Sporting de Vítor ruma à cidade duriense para a última jornada da fase de grupos da Taça da Liga. «Já combinámos trocar camisolas, mas não há apostas. É um grande amigo e merece ter sucesso. Foi pena ter chegado só agora a um grande mas tudo é uma questão de oportunidade», desabafa.
O experiente jogador aplaude a escola de formação penafidelense e não só. «O clube tem apostado na formação e consegue promover vários jogadores. É um orgulho para todos. Mas não é só isso. Temos apenas dois estrangeiros no plantel, temos um dos orçamentos mais baixos da Liga de Honra e somos a prova de que é possível ter sucesso com portugueses.»
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Na quarta-feira, o Penafiel visitou o Benfica B e garantiu um triunfo (0-2). Onze portugueses de início, outros dois a entrar em campo durante o encontro. David Mbala, jovem congolês que está no clube desde os 16 anos, foi a exceção à regra. O outro estrangeiro do plantel é Paulo Roberto, avançado brasileiro que chegou a Portugal em 2007.
«André Gomes pode ser um dos melhores médios do Mundo»
Durante a entrevista à Maisfutebol Total, Ferreira aceita falar sobre os talentos que despontam no Benfica, o último adversário. Porém, a conversa deriva para um elemento que visitou o Estádio 25 de Abril na primeira volta da Liga de Honra.
«Neste jogo gostei muito do Bernardo Silva e do capitão, o Ruben Pinto. Infelizmente, já sabemos que são jogadores que dificilmente terão hipóteses a curto prazo na equipa principal. Mas não me esqueço do jogo da primeira volta, em que o Benfica B apresentou-se com André Almeida e André Gomes», recorda.
André Gomes garantiu o empate na colina da Arrifana (1-1). «São dois jogadores fantásticos. O André Gomes, então...Sinceramente, não percebo porque é que não joga mais na equipa principal. Tem potencial para ser um dos melhores médios do mundo», considera.
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«Já tenho muitos anos de experiência e há tanto talento desaproveitado…o André Gomes no Benfica, o próprio Tozé no FC Porto. São jogadores de muita qualidade que só precisam de oportunidades. Mas os clubes não olham para aí nem para a II Divisão, agora Campeonato Nacional de Seniores, onde se perder muitos talentos. Preferem apostar lá fora e só pode ser por dinheiro, mesmo», conclui Ferreira.
«Se estabelecerem limites, os jogadores portugueses evoluem»
Para o experiente médio do Penafiel, a solução passa por uma intervenção das entidades que organizam as competições. «Deviam ser criadas regras para limitar o número de estrangeiros. Se vierem acrescentar qualidade, tudo bem, mas há muitos investimentos em jogadores desconhecidos, que não são melhores que os portugueses.»
«Se estabelecerem limites, os clubes passam a investir mais na formação e os jogadores portugueses evoluem, porque precisam de competir para crescer. Seria um efeito bola de neve», conclui.
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João Pedro junta-se à conversa com a Maisfutebol Total. O lateral esquerdo tem 33 anos e foi formado no FC Porto. Nunca representou a equipa principal dos dragões. Ao longo da carreira, passou por vários clubes, destacou-se no Estoril e no Gil Vicente até chegar ao Penafiel no início da presente temporada.
«Mesmo não sendo de Penafiel, conheço bem a cidade e o trabalho do clube. Já sabia que valorizavam muito os jovens e essa aposta é extremamente importante. Não tenho nada contra quem vem de fora, até porque já foi eu o estrangeiro (ndr. jogou no Chipre) e gostei de ser bem tratado, mas fico feliz por estar numa equipa que aposta em portugueses», salienta o defesa.
Seis jogos contra os grandes em menos de um mês
Encerrado o capítulo sobre a formação, abre-se espaço para a carreira do Penafiel na época 2013/14. A equipa de Miguel Leal chegou aos quartos-de-final da Taça de Portugal ao vencer o Marítimo nos Barreiros (2-3). Para além disso, disputa a fase de grupos da Taça da Liga e ocupa o segundo lugar na Liga de Honra.
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Nesta altura, a formação duriense joga com um calendário apertado: em menos de um mês, seis jogos contra os grandes, metade deles com as respetivas equipas B.
O ciclo iniciou-se com um triunfo em casa do Sporting B. Na Taça da Liga, após um empate a zero frente ao Marítimo, o Penafiel foi goleado na visita ao FC Porto (4-0). A vingança surgiu logo depois, frente à equipa B (1-0). Mais uma jornada e novo triunfo perante uma formação secundária, desta vez o Benfica B (0-2).
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Ferreira concorda. «É bom para nós. Na Taça da Liga temos poucas hipóteses e o grande objetivo era vencer as equipas B na Liga de Honra. Felizmente conseguimos. Por outro lado, também temos ambições na Taça de Portugal, vamos receber o Benfica e queremos seguir em frente.»
O Estádio 25 de Abril está preparado para receber Sporting e Benfica. «As pessoas daqui andam empolgadas. Mesmo no Dragão, tivemos mais de mil adeptos nas bancadas. Agora será uma festa e queremos dar uma boa resposta», avisa o médio.
Chegou ao Penafiel em 1990 e o percurso foi interrompido por três anos em outros clubes. Curiosamente, na altura em que o emblema duriense subiu ao escalão principal. «É verdade, estava na equipa que subiu mas saí para o FC Marco. Portanto, claro que o grande sonho seria estar com o Penafiel na Liga, na próxima época. Mas não adianta entrar em euforias, queríamos a manutenção e sabemos que esta prova é muito completa», remata Ferreira.
João Pedro já andou pelo escalão principal mas, aos 33 anos, não descarta a hipótese de um regresso. «Seria muito bom subir com o Penafiel e, enquanto me sentir bem, vou continuar a ajudar a equipa. Mas aconteça o que acontecer, nada apagará a época fantástica que a equipa está a fazer». Em bom português.
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