Perfil: Carlos Alberto, um caso perdido?
Teve várias oportunidades, mas nunca foi o que prometia ser
Há dez anos, quando chegou ao F.C. Porto, prometia ser dos mais valores do futebol brasileiro e internacional.
Com a camisola azul-e-branca, foi campeão europeu e mundial de clubes. José Mourinho sabia que o menino ainda tinha muito a evoluir, sobretudo no aspeto mental. Mas sabia também do seu talento extraordinário. E colocou-o de início na final da Liga dos Campeões de maio de 2004, frente ao Monaco. O F.C. Porto venceu por 3-0 e Carlos Alberto até marcou um golo.
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O brasileiro tinha 19 anos. E parecia ter tudo para vencer nos grandes palcos do futebol mundial.
As primeiras desilusões
Mas já na altura havia a dúvida se Carlos Alberto iria ser capaz de dar o salto decisivo para ser um grande craque.
Talento, de facto, não lhe faltava. Mas maturidade e estabilidade eram conceitos que ainda estavam longe da cabeça de Carlos Alberto.
Revelado no Madureira, Carlos Alberto Gomes de Jesus começou a sério para o futebol no Fluminense, em 2002. Rapidamente o seu talento o lançou para o grande futebol europeu. Rumou ao F.C. Porto, que acabava de vencer a Taça UEFA e prometia, com Mourinho, agarrar a Europa.
Os sucessos no F.C. Porto tiveram a marca de Mourinho e Carlos Alberto é um dos que podem agradecer ao «Special One».
Em 2005, já sem Mourinho no Dragão, Carlos Alberto regressava ao Brasil, para atuar no Corinthians. À terceira época no Timão, e com a fama de problemático a colar-lhe cada vez mais na pele, foi cedido ao Fluminense.
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Outro desperdício: Werder Bremen
Em 2007, nova oportunidade na Europa, novo começo no Werder Bremen. O futebol alemão não seria, à partida, o ideal para o seu futebol. E a verdade é que Carlos Alberto voltou a desaproveitar a segunda vida futebolística que lhe estavam a dar.
De novo o cenário de empréstimos: São Paulo e Botafogo (ambos em 2008) e Vasco da Gama (2009), para acabar por haver, em 2010, uma desvinculação definitiva do Werder Bremen.
Carlos Alberto passou a estar contratualmente ligado ao cruzmaltino, mas a má relação com o presidente Roberto Dinamite, fez com que fosse cedido, em 2011, ao Grêmio e depois ao Bahia (com passagem marcada por muitas lesões e nenhum golo).
O doping
Como se tantas confusões não bastassem na vida e no percurso futebolístico de Carlos Alberto, em março passado, em partida do Vasco com o Fluminense, para o estadual carioca, o jogador foi apanhado num controlo anti-doping, que indicou a presença das substâncias proibidas: hidroclorotiazida e carboxi-tamoxifeno. O jogador foi suspenso preventivamente por 30 dias, mas pós julgamento no Tribunal Desportivo do Rio de janeiro, acabou absolvido.
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Padrão de instabilidade
O padrão de instabilidade em Carlos Alberto é, por isso, muito fácil de detetar. E estará na base de mais revés na sua carreira: o contrato com o Vasco da Gama está prestes a terminar e o jogador, agora com 28 anos, não faz parte dos planos do novo técnico vascaíno, Dorival Júnior.
Nas últimas semanas, Carlos Alberto tentou pressionar o clube carioca, no sentido de saber se era possível a continuidade. A mudança técnica, de Autuori para Dorival, ter-lhe-á sido fatal.
Um desfecho de algum modo imprevisível, se nos lembrarmos que, em 2009, tinha sido Dorival a conceder o estatuto de capitão da equipa vascaína que subiu à Série A do Brasileirão.
Mas parece que a história de Carlos Alberto está mesmo
condenada a ser a de alguém que não aprende com os erros do passado.
Ou será que ainda podemos voltar a surpreender-nos com o seu futebol imprevisível?
CARLOS ALBERTO Gomes de Jesus
Data de nascimento: 11 de dezembro de 1984
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Naturalidade: Duque de Caxias, Rio de Janeiro
Posição: Médio-ofensivo/avançado
Percurso: Fluminense (2002, 2003, 2007), F.C. Porto (2003, 2005), Corinthians (2005, 2006), Werder Bremen (2007, 2008), São Paulo (2008), Botafogo (2008), Vasco da Gama (2009/2013, com empréstimos ao Grêmio, 2010, e Bahia, 2011)