PLAY: «deixa-me triste ver o Postiga a ser tão mau»
Uma canção escrita a azul e branco e com Villas-Boas agachado
PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.
SOUNDCHECK:
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«HEROES IN WHITE AND BLUE» - Andrew Magee e Ollie Smyth. Só eu sei o quanto me custou escolher este título. Sim, serei o último dos moicanos na defesa de Hélder Postiga; serei o derradeiro estandarte no apoio a este incompreendido.
Porquê o título, então?
Bem, por duas razões. Primeiro, para chamar a atenção do caro leitor. Se chegou até aqui é porque funcionou. Segundo, para encaminhar o mesmo leitor para uma música que anda a fazer furor em Inglaterra.
Dois adeptos do Tottenham escreveram a letra e nela recordam dezenas de jogadores e treinadores dos Spurs. Postiga, um incompreendido lá está, não fica bem no retrato. «Mas estristece-me que o Postiga fosse tão mau», será a tradução mais rigorosa para a cantoria.
O ponta-de-lança não é o único português ilustrado. Pedro Mendes, o homem que «chutou do meio campo», e o « deep spot de André Villas-Boas» não podiam faltar nesta homenagem aos heróis de azul e branco.
Para quando uma versão para os clubes portugueses?
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SLOW MOTION:
«LA LEYENDA DEL TRINCHE CARLOVICH» - Canal . Não gostava de treinar, detestava o sacríficio, recusava qualquer tique de ambição, hostilizava as palavras de motivação. Trinche Carlovich só queria jogar à bola descansado, fosse nas calles de Rosário ou num relvado contra a seleção da Argentina.
Certa vez, conta este excelente documentário, destroçou a alvi-celeste num amigável. O Mundial-74 estava a chegar e Carlovich, naturalmente, não estava convocado. Ao intervalo, a representação de Rosário ganhava 3-0, Fillol, Kempes e Yazalde (esse mesmo) estavam escandalizados com o futebol artístico de Carlovich.
O que se decidiu? Bem, para não danificar irreversivelmente os níveis de motivação dos seus jogadores, o selecionador exigiu que Trinche Carlovich fosse para o duche ao intervalo. Acabou 3-1.
Entre a relidade e a lenda, o mito e o facto, o talento de Carlovich é colocado a um nível alienígena. Maradona, de resto, faz questão de deixar bem claro que o melhor jogador da história da província de Santa Fé é «um tal de Carlovich».
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Leo Messi tinha cinco anos quando D10S proferiu a sentença.
PS: «MODERN VAMPIRES OF THE CITY» - Vampire Weekend. Escondam os pescoços, eles andam aí. A entourage de Ezra Koenig afasta-se do rock tropicaliente e entrega-se, em definitivo (?), a um som mais negro e contemplativo. Unbelievers é mais uma grande música para a discografia destes rapazes de Nova Iorque.
VIRAR A PÁGINA:
«O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO» - Mário Filho O pai da crónica desportiva desapareceu em 1966. A sua obra, eterna, contempla este livro editado em 1947. Foi recuperado por uma editora brasileira e é um extraordinário documento histórico sobre a ditadura racial no Brasil. Sabe qual foi o primeiro clube a aceitar um atleta negro? O Bangu.
«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.
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